O último boletim epidemiológico apresentado no mês de setembro mostra que Mato Grosso do Sul contabilizou 20.769 casos novos somente nesses 30 dias, com mais 441 mortes.
O período foi de crescimento de 42,4% de episódios em relação ao registrado em agosto, mas já mostra que houve uma estabilização na aceleração da pandemia no Estado.
Para o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, esse platô, que é considerado alto, pode permanecer por mais dois meses.
Agosto foi, até agora, o mês mais perigoso da pandemia em Mato Grosso do Sul.
O crescimento entre ele e julho foi de 96,2% em relação aos casos (passou de 24.937 para 48.937) e de 129,2% sobre as mortes (de 376 aumentou para 862).
Entre agosto e setembro houve queda nessa aceleração, porém, nada que ainda possa ser comemorado.
Os casos cresceram 42,4% e as mortes 51%. Segundo o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o patamar ainda é muito alto.
“Ainda temos muitas internações hospitalares, que variam em torno de 550, com média móvel de mortes que está em 14 por dia. Isso é um desastre para a gente, mas a população tem achado normal", disse o secretário.
"Nenhuma das regras do enfrentamento da doença está sendo cumprida; tem gente que até hoje não usa máscara”, acrescentou Resende.
Para o secretário, se a população do Estado continuar com esta postura, essa margem de mais de 10 mortes diárias e média móvel que varia de 600 a 800 casos por dia também deve continuar.
“Pode se prolongar por mais um a dois meses nesse patamar. Já fizemos o que foi possível e impossível, mas a desobediência é que mantém esses números”, disse.
FLEXIBILIZAÇÕES
A avaliação do secretário é a mesma do médico infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Na avaliação do especialista, as flexibilizações farão com que esse patamar se sustente por mais algum tempo.
“Quanto mais flexibilizações, maior a tendência de ficar no platô por mais tempo. Abriu escola, show, boates, etc.”, afirmou o infectologista, referindo-se a decreto municipal de Campo Grande que reabriu algumas atividades e eventos, como cinemas, casas de shows e permitiu festas em bufês.
Nesta semana, a prefeitura também reabriu áreas comuns dos condomínios e permitiu festas particulares com até 30 pessoas, sem a necessidade de se comprometer com um termo de responsabilidade.
“Parece que só vai reduzir com a chegada das vacinas; se continuar assim, vamos perder muito mais vidas”, lamenta o secretário.
VACINAS
Em Mato Grosso do Sul há a possibilidade de que, pelo menos, duas vacinas sejam testadas na população.
O imunizante da chinesa CoronaVac, do laboratório Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina Ad26.COV2.S, do laboratório belga Janssen-Cilag – unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.
A expectativa é de que esses contratos sejam assinados nos próximos dias. Os testes seriam feitos apenas em funcionários da saúde do Estado.
Além dos imunizantes que estão na fase 3 de testagem, Mato Grosso do Sul também será polo da pesquisa que testa a eficiência da vacina para tuberculose, a BCG, para proteger contra o novo coronavírus.
Os testes, que fazem parte de uma pesquisa da Universidade de Melbourne, na Austrália, serão comandados na Capital por Croda.
Os imunizantes devem começar a ser aplicados neste mês.
BOLETIM
Nas últimas 24 horas Mato Grosso do Sul teve um acréscimo de 743 novos casos, com 258 deles em Campo Grande, 98 em Paranaíba, 84 em Dourados, 35 em Corumbá e 31 em Nova Alvorada do Sul.
Com a atualização desta quarta-feira (30), o Estado chega a 69.706 contaminados.
A maioria deles, 63.288 está recuperada; 4.641 estão em isolamento domiciliar e 474 internados, sendo dois de outros estados.
Em relação aos óbitos, ontem foram contabilizadas mais 11 mortes no Estado, totalizando 1.303 vítimas. Dos novos óbitos, 5 são de Campo Grande, com idades entre 30 e 81 anos.
“O que mostra que nenhuma faixa etária está imune da doença”, declarou a secretária-adjunta da SES, Christine Maymone.
Dourados, Terenos, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Porã e Anastácio tiveram uma morte cada, de pessoas entre 51 e 87 anos. (Colaborou Glaucea Vaccari)