Nem a maior feira de oportunidades do Estado, realizada nesta sexta-feira (4) em Campo Grande, conseguirá acabar com o número de desempregados em Mato Grosso do Sul. O evento estava programado para iniciar às 9 horas, mas os interessados iniciaram as filas, que literalmente ''abraçaram'' a Praça Ary Coelho, às 5h30min da manhã.
São 1,2 mil oportunidades de emprego para o Estado e 800 para a Capital. Há vagas de trabalho para diversas áreas de nível fundamental, médio, técnico e superior de escolaridade. A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), que é organizadora do evento estima que o número de interessados chegue aos 3 mil, a Polícia Militar aponta 2,5 mil.
Para quem passa pelo centro de Campo Grande hoje, o número de pessoas em busca de uma oportunidade chama a atenção. A aposentada Laura da Silva, 74 anos, passava em frente a Praça Ary Coelho e, ao saber que se tratava de um feirão de empregos, ficou surpresa. "É, a crise realmente está violenta, atingiu todo mundo", disse.
Muitos jovens procuram a primeira oportunidade no mercado de trabalho. Keurillyn Jarcem, 19 anos, é uma delas. A jovem está em busca da primeira oportunidade e foi uma das primeiras a chegar. "Eu já havia ficado sabendo das vagas antes da feira, então cheguei bem cedo e deixei meu currículo em todos os stands. Mas na verdade quero uma oportunidade na Pax", disse.
Daniela de Oliveira Cardoso, 18 anos, que foi até a praça acompanhada da mãe, está a procura de uma vaga para recepcionista. Com curso de informática, ela acredita que terá facilidade na área.
CRISE
Entre os candidatos que já possuem experiência, a maior reclamação é o corte de gastos dentro das empresas. Um jovem, de 24 anos, que preferiu não se identificar, relata que tem experiência na área de faturamento de notas e depois de seis anos em uma empresa, foi mandado embora.
"Desde quando fui mirim, trabalho com faturamento e nunca parei. Só na última empresa permaneci 6 anos, experiência eu tenho, o problema é a crise, que além de mim, fez a empresa dispensar muitos outros empregados", disse.
DESPREPARO
Em uma volta rápida pela Praça, a equipe de reportagem flagrou pessoas de várias idades e até candidatos despreparados. Quem vai a uma entrevista de emprego de short? Outro problema é a falta de comprometimento.
Raíssa Ferreira, executiva comercial da PAX Real do Brasil, disse ao Portal Correio do Estado, que depois da triagem, os interessados passam por uma entrevista ainda na feira. Segundo ela, existe o problema de rotatividade na empresa, já que muitas pessoas, só querem sair da área do desemprego, e logo pedem para sair.
"Na hora na entrevista os candidatos aceitam tudo. Mas na verdade há um grande problema nisso. Depois de alguns meses, pedem para sair, dizem que não era aquilo que queriam. Então antes de encaminharmos os interessados até a empresa, já estamos adiantando um processo aqui na feira. Ainda não dá para saber quem ocupará a vaga", diz Raíssa.
INTERESSADOS
Segundo Moacir Pereira Júnior, da ACICG, a pretensão é realizar o Feirão uma vez por ano, mas com a alta procura, provavelmente acontecerá mensalmente.
Os interessados em se tornarem colaboradores passam por uma triagem e em seguida são encaminhados às vagas oferecidas, no stand escolhido entrega o currículo ou agenda uma entrevista na empresa. Além das vagas, será realizada uma palestra de capacitação profissional. A ação se estende até às 17h.
Participam da ação, a Fundação Social do Trabalho (Funsat), Tendência, Keeper Recursos Humanos, Grupo Pereira com vagas para Comper Supermercados, Forte Atacadista e Atacado Bate Forte, Laboratório Renato Arruda/Grupo Sabin, Real H, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vitória Humana Recrutamento, Unimed e Pax Real.