A prefeitura da Capital recorreu ontem ao Ministério Público, que acionou a Policia Civil, para impedir o que julgou ser a demolição de um prédio na Avenida Afonso Pena, onde durante muitos anos funcionou um supermercado, uma churrascaria e, mais recentemente, a sede de uma igreja evangélica. Foram presos dois ped rei ros e um mestre de obra que estavam trabalhando, por desobediência à ordem de embargo determinada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur). Na realidade, o prédio está sendo reformado para abrigar uma loja. O prédio, um galpão de 1.200 metros quadrados, que não tem característica arquitetônica mais específica, é um dos 100 imóveis localizados na área central definida pelo Plano Diretor como Zona de Interesse Cultural. Assim como outros prédios antigos, só pode ser reformado ou demolido depois que o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Planurb) liberar um laudo indicando se tem ou não valor histórico. Se tiver, os proprietários ficarão impedidos de fazer qualquer mudança nas suas características arquitetônicas originais. Podem vender ou alugar. Segundo o proprietário do imóvel, Joel Dibo, o prédio foi alugado a um grupo de empresários e está sendo reformado para instalação de uma loja de utilidades domésticas. Ele garante que desconhecia a existência de alguma restrição nem tinha consciência do seu alegado valor cultural. Dibo lamenta o transtorno causado aos inquilinos. “Eu não sabia que havia este impedimento. Fico constrangido de trazer essa dor de cabeça aos inquilinos que assumiram o compromisso de recuperar o prédio, hoje numa situação precária com parte elétrica, hidráulica, forro, tudo está danificado”, admite. Desodiência De acordo com o delegado da Delegacia de Especializada de Crimes Ambientais e Proteção ao Turista (Decat), Fernando Villa de Paula, a ordem de embargo foi dada pela prefeitura na última terça-feira. Os fiscais da Semadur estiveram no local e constataram que os serviços continuaram. A secretaria denunciou ao Ministério Público, que requisitou a presença da polícia. O delegado prendeu os pedreiros Marcelo de Lima Silvestre, de 24 anos, e Ari Nunes Rocha, de 52 anos. Como eles relataram que a ordem de serviço foi dada pelo mestre de obras Neri Crukoski, de 49 anos, este também foi preso. Segundo o delegado, esta foi a primeira vez, nos quatro anos em que esteve à frente da delegacia, que a Depat atendeu a este tipo de ocorrência. “Sabemos que são trabalhadores, e só foram presos pela infração ambiental”, enfatiza. Depois de ouvidos, eles só vão ser colocados em liberdade por decisão judicial, com pagamento de fiança. Procurado pela reportagem para explicar o pedido de prisão dos trabalhadores, o secretário de Meio Ambiente, José Cristaldo, informou, através da secretária, que não poderia atender à reportagem porque estava em reunião, e até o fechamento desta edição não respondeu às ligações.