Doada ainda na maternidade, Flaviana Miranda da Silva de Sá, 36 anos, decidiu reencontrar sua mãe biológica depois de ela mesmo se tornar mãe. Apesar da infância cheia de amor vivida ao lado da mãe de coração, um vazio surgiu e o desejo de conhecer as origens "falou mais alto". Com a ajuda da Polícia Civil, a localização da mãe biológica foi recorde, durou apenas 15 minutos.
A procura começou em 2014, quando Flaviana e o marido decidiram buscar a ajuda da investigadora Maria Campos, da 5º Delegacia de Polícia da Capital. À princípio, procuraram por Elisabeth, quando na verdade, o nome correto era Isabel Melgarejo dos Santos.
"Quando me tornei mãe, o desejo de conhecer minha mãe biológica surgiu. Como minha mãe é idosa, primeiro falei com a Sônia e depois com a Vera e elas me apoiaram. O interesse se fortaleceu mesmo quando meu filho de 7 anos me questionou o que era filho adotivo, eu expliquei para ele e, inclusive, disse que eu era filha adotiva", disse.
Sem desistir da busca, na manhã de ontem (2), às 9 horas, Flaviana levou até a Polícia Civil uma carteira de trabalho com a identificação correta e a mãe biológica foi localizada em 15 minutos. A história você confere abaixo.
SEPARAÇÃO
Era o ano de 1979, quando Isabel Melgarejo dos Santos, 53 anos, na época com 16 anos, pedia para que Ana Lúcia da Silva, 85 anos, na época com 49, cuidasse de sua filha que estava para nascer.
Isabel trabalhava como empregada doméstica em uma casa localizada em frente, a de Ana Lúcia, e perderia o emprego caso continuasse com a criança no local. Sem mãe e sem lugar para morar, a saída foi doar a filha já que não tinha condições para prover o sustento.
"Ela me procurou e me perguntou se eu não conhecia ninguém que poderia ficar com a filha dela. Ela repetiu três vezes que não tinha condições de ficar com o bebê. Eu costurava, viajava muito, ma não pensei duas vezes e fiquei com a Flaviana. Foi a melhor coisa que aconteceu, é uma filha exemplar, nunca me deu trabalho. Ela é um presente mandado por Deus", disse Ana.
Assim que reencontrou a filha, Isabel abraçou, beijou e pediu perdão. Em meio às lagrimas, Flaviana perdoou a mãe. O misto de emoção e saudade foi grande e Isabel precisou ser acalmada.
"Vi que a Ana tinha o coração bom e acredito que fiz uma boa escolha. Sofri muito, minha vida não foi nada fácil, mas só de ver ela (Flaviana) assim, vejo que foi bem criada e educada. Eu fiz o melhor", diz Isabel.
QUATROS MÃES/SOGRAS
Além de Ana Lúcia, Flaviana também considera como mães as irmãs Vera Miranda da Silva e Sônia Raimunda de Lima, que ajudaram na sua criação. Vera é filha de sangue de Ana Lúcia e Sônia também foi adotada. Hoje com o reencontro da mãe biológica, Flaviana soma quatro mães, já seu marido ganhou quatro sogras. "Meu sentimento é de alegria, Ana é minha mãe, mas eu precisava conhecer a Isabel. Eu ganhei quatro mães e meu esposo quatro sogras", brincou Flaviana.