Foi se o tempo em que uma desclassificação da seleção brasileira era considerada desastre nacional. Não temos mais esse sentimento. Somos campeões cinco vezes, o maior número de títulos de Copa do Mundo, e derrota faz parte do jogo.
Apontar culpados sempre que o Brasil perde é o prato predileto de meia dúzia de cronistas esportivos mais preocupados em dar vazão ao ponto de vista pessoal do que propriamente levar até milhares de apaixonados por futebol, análise equilibrada e realista da participação do Brasil na Copa da África.
Em 2006, foram os jogadores “baladeiros”, “gordos” e “sem compromisso” com a seleção. Desta vez, sobrou para o treinador Dunga, no atacado, e o jogador Felipe Melo, no varejo. Os dois foram crucificados pela eliminação. É claro que o capitão de 1994 não é um técnico perfeito. Todos sabiam, porém que este detalhe sempre foi sobreposto pelo espírito de luta de um guerreiro que conquistou o respeito dos torcedores brasileiros.
Para muitos ele escolheu mal os jogadores. E nisso inclui-se Felipe Melo, que de fato prejudicou o time ao ser expulso. Mas errar é humano e esta máxima vale para todos, indistintamente. Basta lembrar que, no mesmo dia em que a seleção foi despachada pela Holanda, o técnico Dunga gozava de quase 70% de aprovação popular, conforme dados do Instituto de Pesquisa DataFolha. Porcentual que surpreendeu e mostrou confiança da torcida no gaúcho de forte personalidade.
Até porque no último jogo, o técnico já tinha feito alterações, improvisos e foi principal protagonista em briga contra tentativa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de oferecer exclusividade à Globo em entrevistas e coberturas de treino. Talvez pela sua firmeza, é que o povo brasileiro percebeu que tinha muito mais do que um técnico à frente de sua seleção. Dunga chegou e conseguiu virar o próprio jogo ao restaurar a ordem na seleção e recuperar o amor pela camisa brasileira. Isso ele conseguiu. Se a seleção continuasse atuando como no primeiro tempo, quando Felipe Melo jogou muito bem, teria vencido. E todos estariam felizes. Mas o ótimo goleiro Júlio César falhou. A equipe ficou nervosa, perdeu o rumo e deixou a competição.
Resta agora planejar novo time para para 2014. Neste ano, o País do futebol terá com certeza duas copas para disputar. A primeira, mais difícil, será o campeonato da organização. Temos que mostrar ao mundo capacidade de organização. Todos estarão de olho no País, que terá de melhorar aeroportos, transporte e estádios. Aí é esperar e torcer para que a nova geração conquiste o almejado hexa no Maracanã ou qualquer outro estádio brasileiro. Mas que seja campeão. Afinal, futebol é um jogo complicado, cheio de surpresas e armadilhas. E tem 11 jogadores do outro lado.