Que o ensino bra-sileiro está muito aquém do nível apresentado nos países de primeiro mundo e bem atrás de outras nações latino-americanas, isso todos já sabem. O Ideb, recentemente divulgado pelo Ministério da Educação, é prova inconteste disso, tanto que as autoridades brasileiras fixaram como meta o ano de 2022 para que o País alcance o índice de nações desenvolvidas. Nesta semana, foram divulgados os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que também são desanimadores. A escola primeira colocada em todo o País conseguiu 749,7 pontos. A mais bem colocada em Mato Grosso do Sul, que ficou em honroso quinto lugar no Brasil, alcançou 737,4 pontos. Ou seja, as campeãs estão longe da nota máxima.
O mais preocupante, porém, é a classificação das escolas públicas, principalmente daquelas que não são federais. Da rede estadual de MS, por exemplo, a melhor ranqueada está em 30º lugar, atrás de 28 privadas e de uma federal, o Colégio Militar. É necessário ressaltar que no caso da escola militar existe todo um sistema de seleção para escolher somente aqueles adolescentes com boa formação básica e com elevado potencial, o que naturalmente faz com que seja diferenciado com relação às demais públicas. Nas escolas privadas, em sua maioria, os secundaristas também tiveram ensino fundamental melhor e são provenientes de famílias que dão mais importância à educação e cujos pais têm nível de formação mais elevado, o que faz grande diferença no desempenho de qualquer estudante.
Que o ensino privado é de melhor qualidade que o público (excluindo as instituições federais) isso não chega a ser novidade. Porém, não faz tanto tempo assim que escolas estaduais de Campo Grande, por exemplo, eram as mais disputadas e de onde saíam os primeiros colocados dos vestibulares mais disputados não só daqui, mas de estados vizinhos. Hoje, com as notas obtidas no Enem, aos egressos das escolas públicas estaduais só restam as vagas daqueles cursos de pouca concorrência, os de "segunda linha".
As explicações para o fraco desempenho são inúmeras. Mas uma delas, dada pela direção da antepenúltima colocada no Estado, de Inocência, certamente resume aquilo que acontece em outras tantas e que talvez seja uma das mais adequadas. "Temos dificuldade com a rotatividade dos professores convocados, que acabam não dando continuidade aos trabalhos". Ou seja, simplesmente faltam profissionais nas salas de aula, um problema que está cada vez pior e que somente será resolvido a partir do momento em que os governantes perceberem que a educação é investimento, quando educadores realmente forem bem remunerados e tiverem condições mínimas de trabalho. Hoje, a maioria dos políticos computa tudo como sendo gasto, indicando a visão que tem sobre educação. E, o atual Governo estadual, responsável pelo ensino médio, tem sido pródigo em desprestigiar o setor. Está aí mais uma prova dessa política que só sabe dar importância àquilo que rende contratos milionários.