O mau cheiro, as moscas, o calor e a falta de estrutura básica, insuportável para muitos, não foram empecilho para um grupo de amigos fazer boa ação em comemoração ao Dia das Crianças na esquecida "Cidade de Deus", em Campo Grande.
A comunidade, que fica próxima ao lixão da Capital, tem uma ordem de reintegração de posse que não foi cumprida pela prefeitura desde o ano passado. Por isso, barracos com famílias com um variado número de integrantes perdura. A quantidade de crianças parece ser até incontável, de diferentes idades, e a alegria delas em receber um palhaço, uma cama elástica e ter a distribuição de cachorros quentes com refrigerantes faz parte de uma realidade que não é rotina.
Ricardo Maciel, de 32 anos, e outros 9 amigos se juntaram para fazer essa ação solidária, que aconteceu na tarde desta quinta-feira (8). A ação, em comemoração ao Dia das Crianças, rendeu sorrisos e alegria que estavam estampados nos rostos das pessoas que, se pode dizer, corajosamente moram ali.
Alegando não terem para onde ir e não terem condições de arcar com um aluguel, famílias construíram precariamente barracos de madeira e lona na Cidade de Deus. A rotina de quem mora ali é viver em meio ao cheiro de lixo e disputar espaço com moscas. Já o ato dos amigos que visitaram a favela nesta quinta (8) mostrou que com pouco é possível contentar aquelas famílias.
Segundo Ricardo, essa é a segunda vez que o grupo levou brinquedo e lanche para as crianças da comunidade. A ideia surgiu depois que Ricardo teve uma promoção no emprego e, em troca, resolveu ajudar pessoas carentes.
Ele contou a ideia para alguns amigos, que também decidiram colaborar. Juntos, eles alugaram a cama elástica, contrataram o palhaço e cuidaram do lanche, que foi feito com a doação de pães e salsichas.
Nessa tarde, cerca de 50 pessoas que moram na esquecida Cidade de Deus receberam com alegria o grupo liderado por Ricardo. Questionados pela reportagem, quem estava aproveitando as brincadeiras do palhaço ou o balanço da cama elástica disse que não tinha ideia de como tudo aquilo aconteceu. O mais importante era que alguém tinha lembrado deles e isso os deixavam muito felizes.
O ato funcionou meio que como uma esperança de que coisas melhores podem acontecer no futuro daquelas crianças que estavam brincando.