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Dourados tem a metade das internações por Covid-19

Infecções por coronavírus dispararam nos municípios da região desde a semana passada; Ministério Público cobra fim das aglomerações

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O município de Dourados e região correspondia até o final da tarde desta terça-feira (26) a quase metade das internações causadas pelo novo coronavírus em Mato Grosso do Sul. Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), dos 45 internados no Estado, 22 são de cidades daquela região. Outros cinco sul-mato-grossense estão internados em outros estados.

Dados de ontem davam conta que a região já tinha 318 casos confirmados, o que equivale a 28,3% de todos os casos registrados no Estado (1.100 até a terça-feira).

A maior parte está na própria Dourados, são 21 internados, sendo 18 em leitos clínicos e três em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os que estão com a forma mais branda da doença estão ocupando leitos do Hospital Evangélico (quatro), Cassems (um) e Hospital Santa Rita (13).

Já os três moradores da cidade que precisam de atendimento especializado em UTI estão: dois no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU/UFGD) e no Hospital Evangélico. Ainda há um internado de Amambai, que também está na UTI do HU de Dourados.

Entre os outros 23 internados pela doença, 10 ocupam um leito de UTI no Hospital Regional Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, sendo três de Campo Grande, três de Jardim, dois de Guia Lopes da Laguna, um de Chapadão do Sul e outro de Paraíso das Águas.

A grande quantidade de casos internados na região é reflexo do aumento rápido de casos tanto em Dourados com nas outras cidades que tem o município como referência.

Segundo divisão feita pelo Governo do Estado, a cidade deve atender pacientes de outras 16 cidades ao seu entorno, sendo com leitos de UTI, como tanto com leitos clínicos. Isso porque a estrutura de saúde dessas outras cidades é muito inferior a de Dourados.

Amambai, Caarapó, Deodápolis, Douradina, Eldorado, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Itaquiraí, Japorã, Juti, Laguna Carapã, Mundo Novo, Naviraí, Rio Brilhante e Vicentina tem seus pacientes encaminhados para Dourados, principalmente nos casos mais graves da doença, já que nenhuma dessas localizadas tem leitos de UTI em funcionamento. Dourados também não tem uma grande estrutura, são apenas 48 leitos de UTI reservados a pacientes da Covid-19 que devem ser destinados a uma população de 544.991 (contabilizando as cidades do entorno).

Em relação aos leitos clínicos, apenas duas cidades dessa região não tem, pelo menos, um leito destinado ao tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Nos outros 14 municípios são 141 vagas, sendo: 29 em Amambai;

seis em Caarapó; seis em Deodápolis; quatro em Eldorado; 26 em Fátima do Sul; um em Iguatemi; oito em Itaporã; quatro em Itaquiraí; seis em Juti; dois em Laguna Carapã; dois em Mundo Novo; 25 em Naviraí; 20 em Rio Brilhante; e dois em Vicentina. Outros cinco leitos de UTI estão em processo de instalação em Naviraí.

Douradina e Japorã não tem nem mesmo um leito clínico para o tratamento da doença. A primeira cidade apresentou, no boletim divulgado na terça-feira, 23 casos conformados da doença, porém, com a segunda maior incidência por 100 mil habitantes do Estado, com 388,3. O município tem ainda 13 casos suspeitos da Covid-19. Já a segunda ainda não tem casos confirmados ou mesmo suspeitos.

Entre as 10 cidades com as maiores incidências do Estado, cinco estão na região atendida por Dourados. Além de Douradina em segundo, há também Vicentina em terceiro com índice de 229,4 por 100 mil habitantes, Fátima do Sul na sequência, com 218,9, Itaporã ocupa a sexta posição, com incidência de 128,8 e em 10º aparece Dourados, com 80,7.

Apesar de o crescimento rápido e do número de internações, a cidade ainda não fala em uma quarentena, ou lockdown. Para o assessor especial da prefeitura de Dourados, o advogado Alexandre Mantovani, ainda “não há que se falar em lockdown”.

“Nos atrevemos a dizer que o pioneirismo de Dourados, as medidas de contenção que já completaram 60 dias, pioneira no Estado no enfrentamento do novo coronavírus, é muito crível de que essas medidas que foram tomadas com lastro técnico, científico, não foram medidas aleatórias, tenham trazido o cenário que nós temos em Dourados. Nós temos um número de leitos ainda satisfatório, mas por outro lado não podemos nos dar ao luxo de acabar com algumas medidas de contenção que já existem”, declarou Mantovani durante apresentação dos dados da doença pelo Comitê de Combate ao Coronavírus da cidade.

Para o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, é preocupante esse número de internações vindas de apenas um município. “Nos preocupa que esse crescimento possa ocasionar a falta de leitos se não fizer a contenção necessária”.

Ministério Público

Por conta desse aumento, tanto no número de casos da cidade, que está ontem eram de 186, como das internações, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio da 10ª Promotoria de Justiça, deu prazo de 48 horas para que a Prefeitura responda sobre procedimento e multa contra aglomeração.

O promotor de Justiça Eteocles Brito Mendonça Dias Junior também pediu para que o Comitê de Combate ao Coronavírus de Dourados explique se vê necessidade de medidas alternativas diante do crescimento dos casos em Dourados.

“A preocupação agora é não haver desespero, agir com racionalidade e bom-senso e buscamos junto aos especialistas as alternativas técnicas que nós temos em mãos para tentar conter o avanço da pandemia, sem que isso implique em restrição a qualquer atividade, seja ela industrial, seja ela comercial, seja de qualquer interesse. Não é de nosso interesse qualquer restrição aos diretos fundamentais, creio que não chegaremos nesse ponto, mas por um lado precisamos saber quais as alternativas mais cuidadosos”, declarou o promotor ao Correio do Estado

Saúde

Anvisa tem maioria para manter proibição de cigarros eletrônicos

Medida está em vigor desde 2009

19/04/2024 20h00

Sarahjohnson/ Pixabay

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A maioria dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou nesta sexta-feira (19) por manter a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. Com esse placar, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento, bem como de publicidade ou divulgação desses produtos por qualquer meio, em vigor desde 2009. 

Dos cinco diretores, três votaram a favor da proibição. Faltam os votos de dois diretores.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos, são chamados de vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido). Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que 4 milhões de pessoas já usaram cigarro eletrônico no Brasil, apesar de a venda não ser autorizada.

O diretor-presidente da Anvisa e relator da matéria, Antonio Barra Torres, votou favorável à manutenção da proibição desses dispositivos.

“O que estamos tratando, tanto é do impacto à saúde como sempre fazemos, e em relação às questões de produção, de comercialização, armazenamento, transporte, referem-se, então, à questão da produção de um produto que, por enquanto, pela votação, que vamos registrando aqui vai mantendo a proibição”.

Antonio Barra Torres leu por cerca de duas horas pareceres de 32 associações científicas brasileiras, os posicionamentos dos Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Fazenda e saudou a participação popular na consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, mesmo que os argumentos apresentados não tenham alterado as evidências já ratificadas pelos diretoras em 2022.
Em seu relatório, Barra Torres se baseou em documentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da União Europeia, em decisões do governo da Bélgica de proibir a comercialização de todos os produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e sabor do produto. Ele citou que, nesta semana, o Reino Unido aprovou um projeto de lei que veda aos nascidos após 1º de janeiro de 2009, portanto, menores de 15 anos de idade, comprarem cigarros.

Ele mencionou ainda que a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (U.S Food and Drug Administration) aponta que, mesmo com a fiscalização, há comércio ilícito desses produtos.

O diretor ainda apresentou proposições de ações para fortalecimento do combate ao uso e circulação dos dispositivos eletrônicos de fumo no Brasil. 
 

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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