Conforme última Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, demonstrando que os gastos das famílias brasileiras com educação não ultrapassam 3% dos orçamentos familiares nos centros urbanos, e 1,3% nas zonas rurais, constata-se o imenso vazio que as políticas públicas de todos os governos, na área educacional, carrearam ao longo das últimas quatro décadas de nossa história.
Em relação à Inclusão Escolar, a Educação Brasileira ainda não viu priorizada, na mesma proporção, a tônica da qualidade do ensino e as competências de aplicação das metodologias político-pedagógicas. Ficamos à margem de muitos países que sempre entenderam o processo educacional como fonte prioritária de desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
Uma breve análise dos dados contidos na pesquisa realizada pelas consultorias: Economist Intelligence Unit, de Londres/Inglaterra, e Heidrick & Struggles, de Chicago/Estados Unidos da América, encomendada pela Unesco e divulgada pela BBC Brasil, revela que o País tem uma relação deficitária de professores para alunos no ensino secundário, que é de 1 para 22, contra 1 para 10 da Itália e 1 para 14 dos Estados Unidos e do Canadá.
Em relação à capacidade do País de formar ou atrair profissionais qualificados, da 23ª posição em 2007, o País deve cair para 25ª em 2012, em um ranking de 30 países escolhidos pelas duas consultorias.
Na América Latina, a Argentina e o México também foram escolhidos e ambos tiveram desempenho melhor que o brasileiro: a Argentina ficou na 17ª posição, enquanto o México, na 21ª. Em 2012, África do Sul e Egito, que hoje estão atrás do Brasil no ranking, devem ultrapassar o País.
Os países foram medidos nos critérios: qualidade da educação obrigatória; das universidades de negócios; incentivos para jovens talentosos; mobilidade e abertura do mercado de trabalho; crescimento demográfico; propensão a atrair investimentos externos e a atrair novos talentos.
A Educação no Brasil já atingiu o status de ponto de estrangulamento nas mesmas proporções que a inflação inviabilizava nossa economia. Os esforços para isso tornaram-se visíveis, com as deliberações da Conferência Nacional de Educação - Conae, na qual a União Geral dos Trabalhadores (UGT) esteve presente onde se pensou e se propuseram encaminhamentos como política prioritária de Estado, e não de governo, a ser aplicada nos próximos 10 anos.
As ações na Educação devem ser coordenadas entre Estado, Sociedade Civil e todos os atores envolvidos, incluindo-se a iniciativa privada, partidos políticos, centrais sindicais, sindicatos e associações de pais e mestres.
Dentre todos os fatores importantes para se atingir o nível ideal de qualidade na Educação está a necessidade de atualização do corpo docente brasileiro, principalmente nas séries iniciais e ensino médio, juntamente com a valorização desses profissionais tanto no que se refere à remuneração quanto a melhores condições de trabalho.
O tempo para se apontar culpados pelas decisões equivocadas e omissas já passou, temos que unir esforços conjuntos para a tomada de decisões urgentes, sérias e factíveis. De um lado, o Estado, de outro, a família brasileira e, por fim, as instituições de defesa dos interesses sociais, como o Ministério Público, ONGs e centrais sindicais.
Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT)