Sem visto, dinheiro, malas e muito menos sem saber falar português, 14 haitianos foram flagrados em Miranda, distante 194 quilômetros de Campo Grande, em menos de 24 horas. O primeiro grupo, com oito integrantes, acabou preso em hotel da cidade, na manhã de quarta-feira (17). Os demais, quando chegavam ao município ontem de madrugada. Os dois homens, três mulheres e uma criança flagrados ontem foram abordados, às 3h30min, no momento em que os carros passavam pelo posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no quilômetro 600 da rodovia BR-262. O grupo estava dividido em dois táxis, ambos com placas de Corumbá. Um dos haitianos, que fala espanhol, disse aos policiais rodoviários que cada taxista cobrou deles 200 dólares (R$ 350,00) para fazer a viagem de Corumbá a Miranda. Ele não soube explicar aos policiais onde conseguiram dinheiro para pagar o transporte e também não deu detalhes de como atravessaram a fronteira nem por que estariam vindo ao Brasil. De acordo com a PRF, eles pretendiam vir para Campo Grande e depois seguir para Goiânia (GO). O grupo foi encaminhado à Polícia Federal (PF), na Capital. O procedimento vale para todos os estrangeiros em situação irregular no País. Eles foram levados para o Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante (Cetremi). Segundo a Polícia Federal, os taxistas flagrados com haitianos foram multados em R$ 827,50 por estrangeiro transportado no veículo. Eles podem recorrer da multa em até cinco dias. Conforme a PF, o responsável pelo transporte é obrigado a pedir documentos para estrangeiros. Hotel O primeiro grupo preso não deu detalhes à polícia sobre o que faria no Brasil. O único documento deles é o passaporte, que tem apenas o carimbo alfandegário do Panamá. A criança, de seis anos, nem o passaporte tem. Eles foram flagrados em operação realizada pela PRF em parceria com a Polícia Civil em Miranda. O grupo também foi para o Cetremi. Rota Para entrar no Brasil, os dois grupos fizeram a mesma rota: de Puerto Suárez, na Bolívia, os haitianos atravessaram a fronteira com Corumbá e, então, em táxis, foram para Miranda. Não há detalhes sobre o destino deles nem se chegaram ao País através de “coiotes”. Segundo a PF, inicialmentte, não foi detectado agenciamento dos grupos. A hipótese será investigada nos dois casos.