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Confinamento na pandemia faz crescer casos de miopia em crianças

As crianças de 6 anos foram as mais afetadas

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As crianças, especialmente aquelas com idades entre 6 e 8 anos, estão ficando mais míopes na pandemia. Segundo oftalmologistas, os períodos mais longos dentro de casa, longe da luz natural e encarando telas pequenas sem descanso, são os principais responsáveis pelo aumento de casos do distúrbio nessa faixa etária.

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Em um artigo publicado em janeiro deste ano na revista científica Jama Ophthalmology, pesquisadores da China relatam que, em 2020, o número de casos de miopia nas crianças entre 6 e 8 anos cresceu até três vezes em comparação com os cinco anos anteriores.

Os resultados vêm de um estudo que contou com a participação de mais de 120 mil crianças. Elas foram examinadas com a técnica do photoscreening, um tipo de exame que usa uma câmera para analisar os olhos sem dilatação.

As crianças de 6 anos foram as mais afetadas. A prevalência da miopia em 2020 nesse grupo foi de 21,5%, enquanto no período de 2015 a 2019 a prevalência mais alta registrada havia sido de 5,7%. 

No artigo, os pesquisadores afirmam que para crianças de idades entre 9 e 13 anos não houve mudanças significativas.

No Brasil, a situação é semelhante. Com as aulas regulares interrompidas há mais de um ano e as medidas restritivas para diminuir a circulação de pessoas e evitar a transmissão da Covid-19, os mais jovens passaram muito mais tempo dentro de casa no ano de 2020. As consequências já são percebidas nos consultórios médicos.

"Temos observado um aumento significativo de miopia nas crianças no último ano. Elas se queixam mais da dificuldade para ver coisas que estão longe", afirma Christiane Rolim-de-Moura, oftalmologista no Sabará Hospital Infantil.

Segundo o oftalmologista Emerson Castro, do Hospital Sírio-Libanês, o esperado era que os atendimentos diminuíssem durante a pandemia, mas isso não aconteceu: "Estou atendendo mais pacientes agora. 

O olho é a nossa comunicação com o mundo e todos o estão usando ainda mais neste período, crianças e adultos", diz.

A miopia é a dificuldade para enxergar coisas que estão mais longe. O distúrbio visual surge quando o olho cresce mais do que deveria, e isso dificulta ver com clareza coisas mais distantes. 

Existe um fator genético para o surgimento da miopia -filhos de pais míopes têm mais chances de ficarem míopes-, mas há fatores ambientais que podem causar o distúrbio.

No caso dos mais jovens, os médicos apontam alguns motivos para o aumento da miopia. O primeiro seria o uso de telas, principal distração durante o confinamento.

Moura explica que quando precisamos enxergar algo muito próximo (a menos de 33 centímetros), ativamos uma musculatura que, se não recebe descanso, causa o crescimento do olho, o que pode levar à miopia.

A falta de atividades ao ar livre e a ausência da luz natural também estão associadas ao surgimento do distúrbio, completa Castro. O sono irregular é outro fator que interfere na qualidade da visão, acrescenta o médico.

Mas por que os mais jovens são os mais afetados? Segundo Moura, o olho das crianças é mais elástico e, portanto, mais suscetível ao crescimento do globo ocular.

De acordo com Castro, são necessárias políticas públicas para lidar com a pandemia de miopia que segue o coronavírus. "Não é só colocar o óculos que resolve, há outros problemas associados, como a maior chance de aparecer outras doenças, como o descolamento da retina ou o glaucoma", diz.

"Em países mais pobres, onde é mais difícil corrigir o problema da miopia, há dificuldades no desenvolvimento escolar dessas crianças", afirma Castro.

Para evitar que o problema apareça, os especialistas sugerem descansos periódicos a cada 30 minutos ou 1 hora de uso contínuo de tela. Essas pausas devem durar alguns segundos ou minutos com os olhos observando objetos mais distantes para relaxar a musculatura. Olhar pela janela, lavar a louça, cozinhar e varrer o chão são algumas das atividades que podem aliviar os olhos.

Os médicos alertam ainda que telas muito pequenas, como as de telefones e tablets, são as mais prejudiciais. Computadores e televisões geralmente ficam mais distantes dos olhos e fazem menos mal.

Atividades ao ar livre, quando forem seguras, são recomendadas. O papel dos adultos é fundamental para a saúde dos olhos dos mais novos. Quando a criança se aproxima muito de algo para enxergar, é sinal de que está na hora de visitar o oftalmologista, afirmam os médicos.

Mas é importante não esperar até que o problema se agrave. "A sugestão é que a criança passe por exames no primeiro ano de vida e, novamente, por volta dos 5 anos para que seja feita a detecção precoce", diz Moura.

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Saúde

Anvisa tem maioria para manter proibição de cigarros eletrônicos

Medida está em vigor desde 2009

19/04/2024 20h00

Sarahjohnson/ Pixabay

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A maioria dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou nesta sexta-feira (19) por manter a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. Com esse placar, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento, bem como de publicidade ou divulgação desses produtos por qualquer meio, em vigor desde 2009. 

Dos cinco diretores, três votaram a favor da proibição. Faltam os votos de dois diretores.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos, são chamados de vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido). Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que 4 milhões de pessoas já usaram cigarro eletrônico no Brasil, apesar de a venda não ser autorizada.

O diretor-presidente da Anvisa e relator da matéria, Antonio Barra Torres, votou favorável à manutenção da proibição desses dispositivos.

“O que estamos tratando, tanto é do impacto à saúde como sempre fazemos, e em relação às questões de produção, de comercialização, armazenamento, transporte, referem-se, então, à questão da produção de um produto que, por enquanto, pela votação, que vamos registrando aqui vai mantendo a proibição”.

Antonio Barra Torres leu por cerca de duas horas pareceres de 32 associações científicas brasileiras, os posicionamentos dos Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Fazenda e saudou a participação popular na consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, mesmo que os argumentos apresentados não tenham alterado as evidências já ratificadas pelos diretoras em 2022.
Em seu relatório, Barra Torres se baseou em documentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da União Europeia, em decisões do governo da Bélgica de proibir a comercialização de todos os produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e sabor do produto. Ele citou que, nesta semana, o Reino Unido aprovou um projeto de lei que veda aos nascidos após 1º de janeiro de 2009, portanto, menores de 15 anos de idade, comprarem cigarros.

Ele mencionou ainda que a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (U.S Food and Drug Administration) aponta que, mesmo com a fiscalização, há comércio ilícito desses produtos.

O diretor ainda apresentou proposições de ações para fortalecimento do combate ao uso e circulação dos dispositivos eletrônicos de fumo no Brasil. 
 

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Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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