Cidades

PATRIMÔNIO

Em ruínas, prédio histórico está abandonado pela Santa Casa

Colégio Oswaldo Cruz, que agora está destruído, abrigou escola municipal até 2015

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O prédio do Colégio Oswaldo Cruz, no Centro de Campo Grande, completa quatro anos de abandono. O local está desocupado e sem uso desde junho de 2015, quando a Associação Beneficente (ABCG), que administra a Santa Casa, retomou a posse. A construção, que abrigou uma escola municipal por quase cinco anos, é tombada como Patrimônio Histórico e Cultural do município desde outubro de 1997.

O imóvel, localizado na Avenida Fábio Zahran em frete ao Mercadão Municipal, está deteriorado. A reportagem não foi autorizada a entrar na área, mas da última vez que esteve lá e obteve aval para ver o lado de dentro do prédio – em fevereiro de 2017 – apenas duas salas eram usadas como depósito de materiais da Santa Casa; as demais estavam completamente descaracterizadas, sem forro e com risco de desabamento do telhado.

A ABCG afirma ter feito a recuperação do telhado, por conta do risco estrutural, e ainda disse que aguarda o resultado de uma ação em trâmite para reforma geral restaurativa do espaço. O abandono do prédio é investigado pela 34ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, do Ministério Público do Estado (MPMS), desde fevereiro deste ano.

Para embasar a investigação, o MPMS recorreu ao relatório do estado de conservação dos bens tombados pelo município, feito em 2017, mas apresentado em janeiro de 2018 como parte do Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O mesmo levantamento é utilizado como base para investigar outros bens tombados, como a Igreja São Benedito que fica na Comunidade Tia Eva – e corre risco de desabamento – e duas lojas maçônicas (na Avenida Calógeras e na Rua José Antônio).

O Correio do Estado teve acesso à investigação do MPMS, na qual a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) apresenta documentos que comprovam a obrigatoriedade da ABCG em manter o bem conservado. Além disso, a entidade apresentou um projeto de restauração do local em novembro de 2017 que até agora não foi executado. Na época, a arquiteta de restaurações Perla Larsen apresentou requerimento em nome da associação pedindo urgência na aprovação do projeto de reparos da cobertura, a qual a entidade afirma ter realizado. “A cobertura do prédio possui diversas telhas quebradas e faltantes”, disse Perla no requerimento, quando também informou que faria apenas reparos de substituição parcial das telhas e madeiramento.

Em ofício do dia 28 de maio, a titular da Sectur, Melissa Tamaciro, questionou o presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, sobre os danos ao prédio e sobre a execução da obra. Em visita ao local, não é possível confirmar a obra no telhado, porém as demais intervenções necessárias claramente não foram feitas. Desde o dia 19 de junho não há juntada de documentos na investigação e não houve apresentação de resposta dada pela ABCG para a secretaria.

ENTENDA

Em duas ocasiões anteriores quando a reportagem esteve no colégio, havia um guarda no local. Porém, na visita realizada na terça-feira (25), a equipe não encontrou ninguém vigiando a área. A placa informativa da obra de restauração do telhado, com prazo de conclusão do serviço em 150 dias – mas sem revelar quando teve início – está instalada na fachada principal. O arquiteto apontado como responsável técnico, José Marcos da Fonseca – ex-secretário municipal de Meio Ambiente (Semadur) – morreu no dia 2 de junho. Na área externa do prédio, foi possível ver apenas que há uma caçamba com entulho e um monte de madeira ao lado.

A ABCG diz que o local passou a ser usado pelo município durante o período de intervenção do hospital – que ocorreu entre janeiro de 2005 e maio de 2013 –, porém, sem autorização da entidade. A ABCG alega também que o município deixou de pagar os R$ 15 mil referentes à locação do prédio e, por isso, ingressou com ação judicial para cobrar total de R$ 3 milhões – R$ 1,348 milhão do aluguel em atraso e outros R$ 1,7 milhão para a reforma. O andamento do processo não foi informado pela Santa Casa e nem pela prefeitura. A associação planeja, desde 2016, colocar em funcionamento no prédio uma “Escola de Saúde” com cursos na área disponibilizados para a população, mas nada saiu do papel.

Meio Ambiente

Pantanal: ONG diz que denúncia de grilagem é calúnia e "perseguição invejosa"

Autores da denúncia contra a Ecotrópica tem ligações com outra ONG; que teve menos êxito no mercado de carbono

21/01/2025 17h41

Ecotrópica vende títulos de preservação na região da Serra do Amolar

Ecotrópica vende títulos de preservação na região da Serra do Amolar

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A organização não governamental Ecotrópica, alvo de denúncia protocolada pelo pecuarista Bruno Teixeira Canabrava e pelo advogado Nelson Araújo Filho, afirma serem caluniosas as acusações de suposta grilagem de aproximadamente 5 mil hectares da União.

A Ecotrópica também afirmou, em nota enviada após a publicação de reportagem pelo Correio do Estado com o teor da denúncia feita por Bruno e Nelson, que as acusações “partem de pessoas sem qualquer credibilidade perante os pantaneiros”.

“Os denunciantes, que respondem ou já responderam por processos judiciais, nunca construíram ou ajudaram na preservação do Pantanal, mas acreditam que podem parecer defensores da moral e da lei, mesmo desprovidos de qualquer moral ou autoridade, em clara e absoluta perseguição invejosa e desprovida de qualquer razoabilidade”, afirma a dura nota da Ecotrópica.

A Ecotrópica, cujo nome é abreviatura de Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos, é uma fundação privada, dona de aproximadamente 70 mil hectares no Pantanal, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ex-INSS

Recentemente, foi acusada pelo pecuarista, que é vizinho da Ecotrópica na Serra do Amolar, e também por Nelson, ex-advogado do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), demitido do órgão federal depois de ter sido condenado por improbidade administrativa.

Conforme a denúncia, a Ecotrópica estaria usando os documentos que possui para obter faturamentos milionários com a venda de Títulos de Cota de Reserva Ambiental. Estes títulos nada mais são do que créditos de carbono, negociados no mercado voluntário e também no mercado público.

A Ecotrópica explica que todos os títulos que ela negocia têm lastro.

“Todas as nossas áreas são absolutamente documentadas, registradas, sendo, em sua grande maioria, áreas consideradas e reconhecidas como Áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, com aval e reconhecimento pelos órgãos federais (Instituto Chico Mendes, IBAMA e INCRA) e estaduais (IMASUL, no Mato Grosso do Sul), sendo de nossa propriedade há mais de três décadas”, informa.

Uma fonte consultada pelo Correio do Estado explica que o georreferenciamento das áreas onde reside a acusação da suposta grilagem poderá ser um “tiro no pé”, porque o mercado de carbono já deve ter exigido toda a documentação para pagar pelos títulos, inclusive os arquivos georreferenciados das áreas.

Além do mais, o advogado Nelson Araújo Filho, um dos autores da denúncia, teria ligação com outra ONG, supostamente concorrente, mas bem menos exitosa em ações de preservação, arrecadação de fundos e comercialização de créditos de carbono, chamada Instituto Agwa.

Ataques

A denúncia de Bruno e Nelson também ajusta sua mira contra o Instituto Homem Pantaneiro, cujo diretor e presidente, coronel Ângelo Rabelo, atua em parceria com a Ecotrópica.

Curiosamente, Rabelo tem sido protagonista de ações de preservação do Pantanal nesta década, tendo ganho prêmios nacionais e internacionais.

No primeiro semestre de 2024, Rabelo foi para Nova Iorque (EUA) para o evento anual do The Explorers Club, que reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global para transformar positivamente o mundo. Ele foi indicado como uma das 50 pessoas no mundo a atuar para transformações positivas, no The Explorers 50.

Em 15 de dezembro, Ângelo Rabelo, que é o principal alvo das denúncias, recebeu homenagem no programa Melhores do Ano de 2024, exibido pela TV Globo, durante o programa Domingão do Huck.

Ao Correio do Estado, Rabelo reiterou confiar na lisura da Ecotrópica e afirmou que, em Mato Grosso do Sul, atua como gestor das áreas da ONG, que tem sede no Estado de Mato Grosso.

Nelson, na denúncia, afirmou que a Ecotrópica negociou cada título de crédito de carbono a R$ 2 mil, e chega a alegar que eles valeriam pelo menos R$ 4 mil. Ao apontar o suposto uso de terras devolutas da União, insinua um faturamento irregular de ao menos R$ 10 milhões com a operação.

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Direito

Justiça reverte decisão que impediu mulher de assumir concurso como cotista

Candidata reconhecida como negra por órgão oficial teve a entrada pelo regime de cotas negada em concurso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

21/01/2025 17h30

Foto: Divulgação

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Após ser aprovada no 10º Concurso Público do Quadro de Pessoal do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul (TJMS), uma mulher de Campo Grande, que se inscreveu como cotista negra, precisou procurar a Justiça para ter sua condição aceita.

A campo-grandense ingressou com uma ação pela Defensoria Pública em relação ao concurso, cujo resultado ainda não foi homologado. A inscrição pelo regime de cotas foi feita no 1º trimestre de 2024, mas só obteve parecer favorável após intervenção judicial.

Foi impetrado um mandado de segurança que resultou em uma decisão judicial favorável à candidata, cujo nome não foi divulgado. Ela relatou que, mesmo com leis que garantem o direito às cotas, enfrentou a negativa.

“São anos estudando para conquistar uma vaga! E mesmo tendo uma lei que garanta a cota, a banca negá-la é uma injustiça. A análise da banca foi desrespeitosa, em tom de deboche”, disse a candidata.

Segundo informações da Defensoria Pública, o nome da candidata, como aprovada pelo regime de cotas, ainda não consta como sub judice na página do concurso.

Entenda

Durante o procedimento de heteroidentificação, isto é, a confirmação de que a pessoa se autodeclara negra, realizado pela banca avaliadora do concurso, a candidata recebeu uma negativa.

Dessa forma, ela não pôde disputar as vagas asseguradas por lei aos candidatos negros. A mulher havia se inscrito como parda e, ao ser reprovada nesse procedimento, buscou a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

De acordo com o defensor público do Núcleo da Fazenda Pública, Moradia e Direitos Sociais (Nufamd), Alceu Conterato Junior, o TJMS considera que, em casos onde a pessoa já foi reconhecida como afrodescendente por órgãos oficiais, seu ingresso não pode ser negado em concursos.

“Para situações idênticas, o TJMS tem se pronunciado reiteradamente no sentido de que, se o candidato tiver sido reconhecido por órgão oficial como afrodescendente, sua exclusão de certames seguintes, nessa mesma condição, constitui-se em abuso de poder e absoluta ilegalidade”, explicou o defensor.

Cabe ressaltar que, no caso da candidata, muito antes de prestar o concurso para o TJMS, ela já havia sido reconhecida como negra pelo Exame Nacional da Magistratura (Enam).

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