Cidades

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Empresa faz 'afronta à cultura e fé' e corta decorações de São João de Corumbá antecipadamente

Homem usou estilete e cortou as cordas que amarravam as bandeirinhas ao longo da rua onde é realizado o tradicional Banho de São João

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O Banho de São João de Corumbá tem uma tradição no sincretismo religioso ao ter os andores de religiões do catolicismo, candomblé e umbanda descendo juntos na Ladeira Cunha e Cruz para até o rio Paraguai. Em geral, boa parte dos católicos que fazem o banho praticam essa descida no dia 24, que é a data oficial para São João. Já a grande maioria desses andores descem entre a noite do dia 23 para 24.

Por conta dessa diferença de data, toda a decoração da festividade só é retirada no dia 25 de junho. Porém, a empresa contratada para fazer o sistema de som da festa cortou quase 90% das decorações na manhã deste dia 24, gerando muita polêmica.

A retirada das bandeirolas ocorreu a partir da metade da Ladeira Cunha e Cruz e também se estendeu por toda a rua Manoel Cavassa, que fica às margens do rio Paraguai. A medida tomada não foi previamente determinada pela Prefeitura de Corumbá, que promove a organização da festa.

Em cima de um caminhão baú, um funcionário, usando estilete, cortou ao meio as cordas que amarravam as bandeiras e deixou o material ao longo da rua.

Por conta da situação, que durante a manhã deste dia 24 chegou a ser tratada em bastidores como uma “sabotagem”, gerou uma comunicação oficial da Prefeitura de Corumbá para questionar as medidas e informar que a Procuradoria Jurídica do governo municipal vai averiguar questões de quebra contratual e outras irregularidades para possivelmente multar a empresa.

“A Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Fundação da Cultura de Corumbá, vem a público manifestar veemente repúdio à atitude da empresa de sonorização que, sem qualquer autorização prévia, cortou as bandeirolas instaladas na ladeira, em pleno período de celebração do São João – uma das festas mais tradicionais e aguardadas por nossa população. O ato foi isolado, desrespeitoso e completamente incompatível com a organização e o espírito do evento, que tem sido um verdadeiro sucesso de público, valorizando a cultura e a economia local, além de promover o sentimento de pertencimento à nossa cidade”, divulgou a administração, que teve a nota de repúdio assinada pela diretora-presidente da Fundação de Cultural, Wanessa Rodrigues.

Neste ano, a decoração do Banho de São João acabou sendo realizada integralmente em Corumbá, sem a contratação de empresas terceirizadas e que geralmente vinham de outras localidades. Por meio de fomento à cultura, a contratação envolveu pessoas que trabalham em eventos da cidade, principalmente o Carnaval.

Foram investidos cerca de R$ 190 mil, que foram pagos a produtores culturais por meio de um termo de cooperação feito com a Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá (Liesco).

Por conta desse critério de engajamento popular com a festa, o corte antecipado das bandeirolas gerou uma repercussão ainda maior.

“A LIESCO assumiu um grande desafio! De forma pioneira, a Prefeitura de Corumbá, através da Fundação da Cultura de Corumbá, celebrou Termo de Colaboração com a instituição, colocando os artistas do Carnaval para realizar a decoração oficial do Arraial do Banho de São João. Nossos trabalhadores arregaçaram as mangas e fizeram o seu melhor para entregar um espaço que vai permitir que corumbaense e turistas possam ter a experiência da nossa festança, que é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil”, pontuou a liga, por nota.

“Infelizmente, a ação impensada da empresa comprometeu parte da decoração e feriu o esforço coletivo de servidores, parceiros e moradores que contribuíram para tornar o São João de Corumbá um marco ainda mais especial em 2025. Informamos que todas as medidas administrativas e legais cabíveis serão adotadas para responsabilizar os envolvidos e evitar que episódios como este voltem a ocorrer”, pontuou a Prefeitura de Corumbá.

A empresa de sonorização atual foi contratada em licitação que foi feita em 2023, pela administração municipal anterior, e teve contrato renovado até 9 de fevereiro de 2026. O valor da contratação é de R$ 2.024.381,75 e houve aditamento no valor de R$ 4.048.763,50. A contratante tem endereço no Jardim Joquei Club, em Campo Grande.

Tradição reconhecida nacionalmente

O Arraial do Banho de São João 2025 é considerado a principal festa popular de Corumbá e tem o reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A festa na cidade dura quatro dias, e neste ano começou no dia 20 de junho com o tríduo na Capela de São João Batista e apresentações de quadrilhas, concursos de andores, além de shows regionais e a apresentação de Michel Teló, que aconteceu na madrugada do dia 24, bem como de Loubet e a dupla Bruninho e Davi.

O concurso de andores bateu recorde de inscrições: 32 andores nas categorias Tradicional e Pluralidade. A Prefeitura de Corumbá ainda entregou títulos de Agente Municipal de Cultura, honraria que reconheceu o papel central dos festeiros na condução das tradições.

Somente em andores, há mais de 100 festeiros certificados que fazem a descida na Ladeira Cunha e Cruz até o rio Paraguai, que na tradição acaba se tornando o rio Jordão na noite do dia 23/6, o mesmo rio onde São João batizou Jesus Cristo.

“Os cortejos das famílias de festeiros até o rio são acompanhados por cânticos em louvor a São João. O ritmo é marcado por instrumentos como violões, sanfonas e bumbos. A passagem dos andores domina a cena. Conta a tradição que, após passar embaixo de sete andores, na ida e na volta, os fiéis garantem a proximidade do casamento”, detalha a Fundação de Cultura de Corumbá sobre a tradição da festa.

Íntegra da nota da Prefeitura de Corumbá

“NOTA DE REPÚDIO

A Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Fundação da Cultura de Corumbá, vem a público manifestar veemente repúdio à atitude da empresa de sonorização que, sem qualquer autorização prévia, cortou as bandeirolas instaladas na ladeira, em pleno período de celebração do São João – uma das festas mais tradicionais e aguardadas por nossa população.

O ato foi isolado, desrespeitoso e completamente incompatível com a organização e o espírito do evento, que tem sido um verdadeiro sucesso de público, valorizando a cultura e a economia local, além de promover o sentimento de pertencimento à nossa cidade.

Ressaltamos que, neste ano, as bandeirolas foram cuidadosamente instaladas a uma altura de cinco metros, justamente para não prejudicar o tráfego de veículos, incluindo caminhões. A Administração Pública já havia se programado para realizar a retirada das bandeirolas de forma segura e organizada, a fim de preservá-las para uso futuro, zelando pelo patrimônio público.

É importante destacar que, mesmo após as festividades principais, os festeiros tradicionalmente continuariam descendo hoje pela ladeira, mantendo viva a tradição e o espírito de celebração popular. Por isso, lamentamos ainda mais o ocorrido, que interrompeu uma manifestação espontânea de alegria e identidade cultural corumbaense.

Infelizmente, a ação impensada da empresa comprometeu parte da decoração e feriu o esforço coletivo de servidores, parceiros e moradores que contribuíram para tornar o São João de Corumbá um marco ainda mais especial em 2025.

Informamos que todas as medidas administrativas e legais cabíveis serão adotadas para responsabilizar os envolvidos e evitar que episódios como este voltem a ocorrer.

A Prefeitura reafirma seu compromisso com a ordem, com o respeito aos bens públicos e com a valorização de nossas tradições culturais.

Corumbá-MS, 24 de junho de 2025.
Prefeitura Municipal de Corumbá
Fundação da Cultura de Corumbá
Diretora-Presidente: Wanessa Rodrigues”

Polícia

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado desde os anos 80 morre em confronto com Derf

Ele já havia sido preso várias vezes por crimes de roubo, porte de arma e latrocínio

15/07/2025 17h45

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado dos anos 80 morre em confronto com DERF

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado dos anos 80 morre em confronto com DERF Divulgação/PCMS

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Um homem de 65 anos, identificado como Luis Cesar Santos, morreu na manhã de hoje (15) após entrar em confronto com a Polícia Civil de Campo Grande.

O suspeito era investigado por crimes decorrentes de 19 ações penais que, juntas, somavam mais de 120 anos de prisão a serem cumpridos. 

De acordo com a Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF), a maioria dos crimes cometidos por Luis eram de roubo e porte ilegal de arma de fogo, mas ele também havia sido responsável por um latrocínio, isto é, roubo seguido de morte, na década de 80 em Campo Grande, época marcada por uma onda de assaltos na cidade. 

Na época, ele foi preso pelo crime. Mais tarde, foi o responsável por uma fuga da prisão onde teria rendido os agentes penitenciários e o atual juiz corregedor, utilizando uma arma de fogo, mas foi capturado logo em seguida. 

A DERF afirma que o homem foi preso diversas vezes, inclusive em outros estados do país, onde conseguiu escapar na maioria das vezes, além de ter se envolvido em outros confrontos policiais e reagido às prisões. 

Segundo a Polícia, o homem já era procurado por causa do seu “currículo criminal”. Os policiais teriam identificado nesta terça-feira um imóvel suspeito no bairro Sayonara, em Campo Grande, onde ele poderia estar escondido. 

Ele foi abordado à distância pela polícia, como uma forma de minimizar possíveis riscos visto o histórico violento do sujeito.

Porém, ao ser abordado, ele reagiu com um revólver, sendo atingido logo depois. Ele chegou a ser encaminhado para a Santa Casa municipal, mas foi a óbito. 

Uma outra equipe policial se dirigiu até a residência do suspeito onde encontraram sua parceira, de 61 anos, que também possuía mandado de prisão em aberto pelo estado de Rondônia por tráfico de drogas.

A mulher foi presa e conduzida até a sede da DERF, onde aguarda transferência para outra unidade prisional. 
 

MENOS ARMAS

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS

Os números apresentados representam uma queda de 87% nos registros dos CACs em um período de dois anos

15/07/2025 17h30

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A Polícia Federal divulgou nesta terça-feira (15), dados estatísticos relacionados a colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs), que mostrou que, de 2022 para 2025, o número de novos registros de CACs despencou drasticamente em Mato Grosso do Sul. Conforme o levantamento, em 2022, foram 8.866 registros, e dois anos depois, em 2024, o número caiu para 1.153. Até agora, em 2025, foram apenas 568.

Os números apresentados representam uma queda de 87% nos registros dos CACs em um período de dois anos. Os dados têm origem na base de dados fornecida pelo Exército Brasileiro, que era responsável pelos registros até o dia 30 de junho de 2025.

A partir de 1° de julho, após decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio  do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a fiscalização passou para a Polícia Federal (PF), que passará a atualizar os dados com base nas informações registradas em seus próprios sistemas.

O levantamento divulgado levou em consideração os registros de armas para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores desde 2001, e mostrou que, desde então, 2022 foi o ano com mais registros de CACs até agora. 

Cabe ressaltar que, 2022 foi o último ano em que Jair Bolsonaro esteve a frente da presidência da república. O ex-presidente era conhecido desde que assumiu o poder por facilitar o acesso da população civil às armas. Em 2018, ano em Bolsonaro foi eleito, havia apenas 164 armas registradas em nome dos CACs em Mato Grosso do Sul, número que, de acordo com os dados da PF só aumentou com o passar dos anos. Veja:

  • 2019: 940 registros
  • 2020: 1999 registros
  • 2021: 4600

Levando em consideração os dados ano a ano, de 2019 para 2022, o aumento no número de registros variou entre 112% a 130%. Já nos primeros 6 meses de 2025, foram 568 registros, um aumento de 180 se comparado ao mesmo período do ano anterior.

QUEDA

A queda drástica no cadastro de novas armas de fogo por civis ocorreu após o atual governo federal ter adotado medidas para tentar desarmar a população e diminuir a violência no país. Isso porque, em julho de 2023, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que reduz o número de armas e munições em posse de civis.

Também foi editado um decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre armas de fogo, munições e aparelhos semelhantes.

Em 2024, O Ministro da Justiça e Segurança Pública da época, Flávio Dino, se manifestou sobre essa queda nos registros de armas de fogo por civis, e relacionou com a diminuição de 6% no número de assassinatos divulgada naquele ano.

“Isso prova cientificamente que não é a proliferação irresponsável de armas que enfrenta a criminalidade, e sim polícias equipadas, preparadas tecnicamente, com planejamento adequado. Sem esquecer, claro, o principal para novas e sustentáveis conquistas: políticas de justiça social, a exemplo de escolas de tempo integral”, escreveu.

ARMAS

Os dados divulgados pela Polícia Federal, trouxeram ainda estatísticas sobre armas registradas por colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, com filtros por unidade da federação, categoria, tipo de certificado, calibre e tipo da arma.

Em Mato Grosso do Sul, atualmente são 22.846 caçadores, 16.181 atiradores desportivos e 632 colecionadores, somando um total de 39.659 registros. Além disso, os armamentos mais comuns são pistolas, com13.229 registros, carabinas, com 13.123 registros, revólvers, com 7.683 registros e espingarda, com 5.583 registros.

FISCALIZAÇÃO

A decisão de mudar o comando da fiscalização aconteceu após uma reunião de oficiais do Exército Brasileiro com delegados da Polícia Federal, que aconteceu em maio. A medida estava em tramitação desde 2023 e é considerada peça-chave para frear a disseminação desenfreada do armamento na mão de civis, que foi alvo de críticas do Partido dos Trabalhadores (PT) durante todo o governo Bolsonaro.

Depois do encontro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), informou que foram destinados R$ 20 milhões para a PF assumir a responsabilidade. "Vamos criar Delegacias de Controle de Armas nas capitais de todos os estados e no Distrito Federal e 96 Núcleos de Controle de Armas em delegacias federais no interior do país, totalizando 123 estruturas”, disse o secretário-executivo do ministério, Manoel Carlos de Almeida Neto.

A substituição do Exército já havia sido determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em decreto assinado em julho de 2023, que proibiu ainda a venda de três tipos de armas de fogo para cidadãos comuns e agora ficam restritas apenas para as forças de segurança.

O documento previa que a nova responsabilidade da PF, de emissão do registro e a fiscalização das licenças dos CACS, começaria em 1º de janeiro de 2025, No entanto, a corporação pediu a prorrogação do prazo por seis meses, por causa da falta de recursos e para poder terminar a capacitação dos agentes.

Com o termo aditivo ao acordo, assinado pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e José Múcio Monteiro (Defesa), o prazo final para a conclusão do processo foi fixado em 1º de julho de 2025.

A transferência das responsabilidades para a Polícia Federal está baseada no Decreto nº 11.615, de julho de 2023, que determina que a entidade passe a cuidar da autorização, controle e fiscalização de armas, munições e acessórios usados para caça excepcional, tiro esportivo e colecionamento de armas.

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