Transporte público da Capital está operando com capacidade máxima reduzida neste período de pandemia. Para ser controlado o fluxo de pessoas dentro dos ônibus, os passageiros precisam esperar em filas nos terminais para entrar nos veículos. O problema é que essas filas causam aglomerações, principalmente no momento em que as pessoas se deslocam para entrar nos automóveis quando eles chegam.
Segundo um fiscal da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) presente no Terminal Morenão, o fluxo de passageiros diminuiu em 70% desde o início das medidas de isolamento social adotadas pela Prefeitura de Campo Grande, em consequência o número de ônibus circulando também diminuiu. Esse fator contribuiu com o aumento no tempo de espera nos terminais. “A prefeitura colocou as linhas que vão para o centro juntas, todo mundo esperava na mesma fila e quando chegavam o veículo, entravam na linha que queria. Mas o problema disso é que forma aglomeração”.
A catadora Rosa Ipealez, de 35 anos, contou que a demora na chegada das linhas acontecem todos os dias, e por causa disso as pessoas ficam muito tempo juntas esperando. “Sempre tem aglomerações, principalmente de manhã pelas 6 horas. Muitas vezes os ônibus atrasam e junta muita gente. É ruim também porque aí a gente se atrasa para o trabalho”.
Ela usa o transporte público todos os dias, a empresa para qual ela trabalha chegou suspender os serviços por um tempo no início da quarentena, mas recentemente ela teve que voltar. “Todo mundo está falando que esse vírus está matando gente, e está matando mesmo né. Eu tenho família em casa, crianças. Não estamos saindo para outros lugares, só para ir trabalhar, mas como nos ônibus nós ficamos muito juntos, dá medo. Mas não tem outro jeito”, lamentou Rosa.
O fiscal da Agetran explicou que a partir de hoje (12) a fila que as pessoas tinham que esperar pelas linhas 061 (Terminal Moreninhas/Shopping), 085 (Terminal Júlio de Castilho/Morenão) e 087 (Terminal Guaicurus/General Osório) foram desmembradas na tentativa de diminuir a aglomeração de pessoas. “Estamos em fase de teste, vamos ver nos próximos dias como vai ser. Eu acredito que mudar o local onde os ônibus param poderia melhorar, aí as linhas que vão para o centro, as que causam mais filas, ficariam separadas e diminuiria aglomerações”.
A empregada doméstica Maria Beatriz Arebalo, 54 anos, pega essas linhas todos os dias para ir trabalhar, e relatou que tanto na ida, quanto na volta, os ônibus sempre estão lotados. “Todo dia quando venho, tem fila. Já cheguei a não conseguir pegar o ônibus porque estava muito grande, aí tem que esperar o próximo, não tem jeito”.
Contudo, o fiscal lembra que precisa da contribuição dos passageiros para que as medidas de biossegurança sejam seguidas. “Hoje em um dia de chuva, ninguém estava abrindo a janela, quando está chovendo beleza, mas depois que parou as janelas continuaram fechadas. Eu comecei a pedir para que eles abrissem, bati na janela, entrei nos ônibus. Parece que a população não entende que têm que ter atitudes de acordo com o que estamos vivendo”.
Por causa das frequentes aglomerações, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) ingressou com ação civil pública contra o município de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus para as recomendações de biossegurança sejam cumpridas e fiscalizadas. A ação pede que a prefeitura da Capital e o concessionário do transporte sejam multados em R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento das ações preventivas já estabelecidas durante a pandemia.
Além disso, os promotores de Justiça pedem para que, em um prazo de dez dias, município e empresa elaborem um plano de biossegurança para o transporte coletivo e o divulguem amplamente na imprensa e nos pontos de embarque.
Terminais de ônibus
Desde o início da pandemia os terminais estão funcionando como um grande ponto de ônibus. Os passageiros precisam entrar pela porta da frente dos ônibus e passar pela catraca. Quem pega mais de uma linha pode fazer integração, as medidas foram tomadas para que a quantidade de gente dentro dos veículos fossem controladas. As linhas dos ônibus também foram diminuídas, “a situação pegou todo mundo de surpresa então ainda está um pouco bagunçada as linhas, muitas pararam de circular, e as pessoas às vezes têm que andar bastante nos bairros até chegarem em um ponto de ônibus que está funcionando”, explicou o fiscal da Agetran.
O uso de máscaras nos transportes públicos de Campo Grande passou a ser obrigatório desde o início do mês.