A névoa seca que paira sobre Campo Grande não deve ir embora tão cedo. Há 30 dias, não cai uma gota de chuva sequer e a estimativa é de que a nebulosidade só volte a encobrir os céus no dia 26 de agosto – aniversário da Capital. A estiagem aliada à baixa umidade relativa do ar tem aumentado o número de incêndios. Nos 13 primeiros dias de agosto, o Corpo de Bombeiros já atendeu o dobro de ocorrências na comparação com o mesmo período do ano passado, situação que preocupa e exige cuidados.
Conforme o meteorologista Natálio Abrão, a última chuva significativa em Campo Grande ocorreu no dia 16 de julho, quando choveu 10,2 milímetros. Apesar da secura a partir da segunda quinzena do mês, julho teve chuvas acima da média, com volume acumulado de 46,4 milímetros, quando a média histórica é de 35,7 milímetros.
Para o mês de agosto, são esperados 25 milímetros. “Julho e agosto são os meses com os índices mais baixos do ano e já havia um prognóstico de pouca chuva. A possibilidade é de ocorrer chuva do dia 26 para 27, mas se chover é uma gota para cada um de nós. Por enquanto, o que temos confirmado é essa névoa seca, solo seco, vegetação entrando em dormência sem água, o que colabora com os incêndios”, explicou o meteorologista.
As condições favoráveis refletem-se em números e prejuízo. De 1º de janeiro a 13 de agosto, o Corpo de Bombeiros da Capital registrou 353 ocorrências de fogo em vegetação e edificações, 27 por dia. No mesmo período do ano passado, foram 147 incêndios, uma média de 11 por dia.
Na terça-feira (13), um incêndio destruiu 150 hectares da Fazenda Malibu, que fica na BR-163, a 20 quilômetros da Capital. As chamas levantaram uma nuvem cinzenta que podia ser vista a quilômetros de distância. No fim da tarde, ventos levaram parte da fumaça para a rodovia, sendo necessário trabalho da concessionária CCR MSVia para evitar transtornos no tráfego ou acidentes.
O Corpo de Bombeiros foi ao local e, em razão da dificuldade em controlar o fogo, reforços foram solicitados durante a noite, pois as chamas estavam se alastrando às margens da rodovia, oferecendo riscos.
Na propriedade, o fogo consumiu 5 mil postes de cercas, 220 baias para confinamento de gado, além de 200 porteiras. O prejuízo calculado foi de R$ 1 milhão.
ESTADO
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estiagem em Mato Grosso do Sul já dura uma semana. A última chuva foi registrada no dia 7 de agosto, na região nordeste, com um volume de 30 milímetros.
PREVISÃO
Até o fim de semana, as temperaturas estarão em progressiva elevação e há predomínio das condições de tempo com pouca nebulosidade. A qualidade do ar também se deteriora ao longo da semana, com umidade relativa mínima ficando em torno de 20% à tarde. Os ventos moderados com eventuais rajadas, associados à baixa umidade e ao período de estiagem, também favorecem a elevação dos riscos de inflamabilidade e de propagação de incêndios.