O ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos foi ouvido, ontem pela manhã, pelo corregedor do Ministério Público Estadual (MPE), A n ísio Bispo dos Santos, no processo administrativo que apura a atuação do procurador de Justiça Marcos Antônio Martins Sottoriva e cinco promotores (Clóvis Amauri Smaniotto, Gilberto Robalinho da Silva, Jiskia Sandri Trentin, Marcos Fernandes Sisti e Silvio Amaral Nogueira de Lima) durante as investigações do caso que ficou conhecido como “farra da publicidade”. A acusação feita pela Promotoria de Justiça é de que, durante o segundo mandato do ex-governador José Orcírio, tenha sido desviado cerca de R$ 30 milhões por meio de contratos com agências de publicidade. José Orcírio foi o primeiro ouvido desde que o Conselho Nacional do Ministério Público determinou, em dezembro do ano passado, que o processo fosse instaurado. Recurso Na primeira tentativa de questionar o trabalho da promotoria, a Corregedoria do MPE considerou o pedido improcedente e arquivou-o. Os advogados do ex-governador recorreram ao conselho e obtiveram vitória. Participaram da audiência os procuradores de Justiça Silvio Cezar Maluf e Wilson Fortes, que fazem parte da comissão constituída para conduzir o processo administrativo, e o promotor de Justiça e ouvidor do Ministério Público, Celso Botelho. Irresponsabilidade Após a audiência, José Orcírio voltou a afirmar que se sentiu “agredido” pelas acusações de peculato e falsificação de documentos, e foi “condenado sumariamente”, sem ter sido ouvido. Ele pede indenização ao Estado no valor de R$ 500 mil pelas ofensas que considera ter recebido. “Foi bom para esclarecer sobre a acusação feita pelos promotores. Me senti agredido e fui condenado pela imprensa nacional sem ter sido ouvido. Vim tranquilo, sem a proteção de um mandato. Quero que o pessoal (promotores) seja punido pela irresponsabilidade das acusações e por me condenar sumariamente”, declarou o ex-governador ao deixar a sede do MPE. Na Justiça estadual, são nove ações criminais e doze cíveis envolvendo a suposta participação do ex-governador. Todas elas estão trancadas graças a habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça. Os promotores ingressaram com recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que ainda não foi julgado. Porto Murtinho Após deixar a sede do Ministério Público Estadual, o ex-governador foi para o município de Porto Murtinho, visitar a mãe, dona Assunção, de 97 anos que, segundo ele, está com dengue. “Ela pediu para chamar todos os filhos”, comunicou a assessoria de José Orcírio ao justificar a sua viagem.