Thais Libni
20/01/2021 16:30
Um publicação realizada no último dia 14 janeiro no Tweeter afirmava que a CoronaVac imunizante desenvolvido pela Farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan seria apenas 0,38% superior ao placebo.
No entanto a afirmação é falsa, a eficácia da vacina é de 50,38% superior ao placebo, dado divulgado pelo Butanta no dia 12 deste mês.
A eficácia da vacina é calculada levando em conta o quanto de efeito ela provoca a mais do que o placebo, que tem eficácia zero na proteção contra o vírus.
Ou seja: se a eficácia geral da CoronaVac foi de 50,38%, significa que ela teve 50,38% mais efeito do que o placebo administrado nos participantes dos testes da fase 3.
Os teste para a eficacia da CoronaVac, foram realizados em 9.242 participantes, todos profissionais de saúde que trabalham na linha de frente do combate à covid-19.
Destes, 4.653 receberam a vacina e outros 4.599 receberam o placebo. No primeiro grupo, o dos vacinados, 85 pessoas adoeceram, enquanto no segundo, que receberam placebo, 167 contraíram a doença.
Os testes com a CoronaVac alcançaram outros percentuais secundários de eficácia: 78% para casos leves, em que a pessoa precisa de assistência médica, e nenhum dos que receberam as doses da vacina nos testes da fase 3 apresentou casos moderados a graves em que o paciente precisa de hospitalização e, em alguns casos, de internação em leito de UTI. Isso geraria um índice de 100% de eficácia contra casos graves.
Para que a eficácia da CoronaVac fosse apenas 0,38% superior à do placebo, seria necessário partir do pressuposto de que cada um dos grupos tem uma eficácia de 50% – e que a vacina teria, após os testes, conseguido ‘avançar’ apenas 0,38% em relação ao placebo, alcançando uma eficácia de 50,38%.
Seria como dizer que a proteção seria como um jogo de cara ou coroa.
Entramos em contato com o Instituto Butantan, para que explicasse como a eficácia da vacina é calculada em relação ao placebo.
Em seguida, foram ouvidos Luiz Gustavo Almeida, doutor em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP e diretor do Instituto Questão de Ciência (IQC), Rafael Dhalia, doutor em biologia molecular e especialista em desenvolvimento de vacinas de DNA pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o biomédico e mestre em microbiologia Mateus Falco, integrante da Rede Análise Covid-19.
Por fim, foi questionado reportagens que explicam a eficácia de uma vacina e como ele se aplica à Coronavac.
Também procuramos a autora do tuíte, identificada na rede social como Paula Marisa, mas não obtivemos resposta até a publicação desta checagem.
O jornal Correio do Estado juntamente com outros veículos de comunicação fazem parte do Comprova, um jornalismo colaborativo contra a desinformação.
A verificação é baseada em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 20 de janeiro de 2021.