A falta de informação continua sendo o principal obstáculo para haver mais doações em Mato Grosso do Sul. Mesmo quando a pessoa tem a vontade de ser doador, são os familiares que precisam dar a autorização. E nem sempre há essa conversa entre familiares para que no momento mais difícil a autorização seja dada.
"Quando a pessoa morre, quem autoriza são os familiares até 2º grau. Então, muitas vezes, a gente chega para falar com essa família e eles não sabem o desejo de quem morreu", revela a coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para o Transplante (CIHDOTT) da Santa Casa, Ana Paula Silva das Neves.
Ela reconhece que mesmo com as diversas campanhas, ainda há muitos impeditivos para disseminar a ideia de doação. No domingo (27) será comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e haverá diferentes ações para sensibilizar a população.
Segundo Ana Paula, o desconhecimento não está relacionado apenas ao desejo do falecido, mas aos próprios procedimentos cirúrgicos e constatação do óbito. "O critério de comprovação de morte cerebral é muito rígido no Brasil. São três médicos que não conversam entre si. Então não existe esse risco de atestarem a morte, mesmo a pessoa estando viva".
A coordenadora explica que depois da autorização, a família precisa esperar ao menos um dia até a liberação do corpo. Isso porque é preciso realizar exames de compatibilidade e localizar o paciente que vai receber o órgão. Quando não se trata de transplante de rim, o único procedimento do tipo realizado pela Santa Casa, ainda é necessário que uma equipe de outro estado venha a Campo Grande realizar a cirurgiã.
"Para a família é um processo longo, mas explico que esse paciente hoje não tem mais chance. O outro, que vai receber, vai ganhar na Mega-Sena", declara Ana Paula.