Familiares de Adélio Bispo de Oliveira, de 41 anos, que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro durante sua campanha na eleição passada, em 2018, temem pela segurança de Adélio ao sair do presídio federal de Campo Grande, onde está detido atualmente. A preocupação se deve ao fato que o juiz federal Dalton Igor Conrado, da 5ª Vara Federal da Capital, autorizou a transferência do acusado para uma unidade prisional adequada para o seu tratamento ainda sem local definido.
Apesar de dizerem que querem a transferência do agressor para perto dos parentes - que moram em Montes Claros (MG) - também temem pela segurança dele ao sair do presídio federal.
“A gente quer que ele venha para perto da família. Mas, se for para outro lugar, preferimos que ele permaneça lá [Campo Grande] onde ele está. Lá, ele está em um presídio federal, que é mais seguro”, afirmou o irmão de Adélio, Aldeir Ramos de Oliveira, de 52, ao portal Estado de Minas.
DIFICULDADES
Aldeir comentou que a família nunca visitou o seu irmão na Campo Grande devido à falta de condições financeiras. Ele afirmou também que mesmo se Adélio for transferido para alguma outra cidade de Minas Gerais, distante de Montes Claros - como uma prisão de Juiz de Fora ou o manicômio Judiciário Jorge Vaz, em Barbacena -, seus parentes também não teriam como visitá-lo, por causa dos custos.
“As nossas dificuldades são muitas. Não temos recursos para nada”, declarou Aldeir, que sofre de problema de saúde e vive da “ajuda dos outros”. Ele reclama que nos últimos meses a situação da família piorou mais ainda e que tenta conseguir recursos para o pagamento de uma dívida de R$ 1,5 mil, referente aos custos do funeral de sua mulher, Maria Inês Dias Fernandes, que morreu aos 49 anos no dia 16 de outubro passado, após sofrer um infarto. As despesas do enterro foram pagas com o dinheiro emprestado por uma conhecida da família, que agora cobra o pagamento.
“Se ele [Adélio] vier para outra cidade de Minas que não seja Montes Claros, vai continuar longe da família do mesmo jeito. Não vai adiantar quase nada a transferência”, afirmou o irmão, que disse que tomou conhecimento da autorização da transferência do irmão pela televisão.
TRANSFERÊNCIA
Em maio do ano passado, Adélio foi declarado pela Justiça como incapaz de responder pelos atos que praticou. Por isso, ele não foi condenado pelo crime e sua prisão preventiva foi convertida em internação psiquiátrica por tempo indeterminado.
Em sua decisão, tomada no início desta semana, o juiz Dalton Igor Conrado, afirmou que Adélio deve permanecer em “espaço destinado ao tratamento adequado à patologia reconhecida em sentença”, com estrutura, equipe médica e medicamentos necessários ao seu tratamento. Ele acatou alegação do Ministério Público Federal (MPF) de que o presídio federal em Campo Grande não possui “aptidão para execução de medida de segurança imposta pela Justiça”. A medida também atende a pedido da Defensoria Pública da União (DPU).
Ainda em seu despacho, o magistrado determina que a decisão sobre o destino do autor confesso do atentado contra Bolsonaro caberá ao juiz da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, Bruno Savino, do foro de origem do caso. A transferência deverá ser efetivada dentro de 30 dias.