A família de Rogério de Mendonça Pedra, morto a tiro em meio a uma briga de trânsito, em novembro do ano passado, em Campo Grande, ficou ontem, pela primeira vez, frente a frente com o autor confesso do crime, o dono de jornal Agnaldo Ferreira. Eles se encontraram no saguão da 1ª Vara do Tribunal do Júri, onde diversas testemunhas de acusação foram ouvidas. O réu não participou da audiência.
"Não deu ódio. Só dor", disse Ariana Mendonça Pedra da Silva, mãe do menino que morreu com apenas 2 anos. Ela chorou após Agnaldo sair do local. "Não tem explicação. É uma sensação ruim", declarou Aldemir Pedra Neto, tio de Rogerinho e envolvido na briga que resultou na morte, após ficar frente a frente com o acusado.
Os irmãos foram duas das várias testemunhas ouvidas ontem. Assim como outros familiares da vítima, estavam vestidos com camiseta estampada com a foto da criança. A de Ariana era diferenciada: a estampa era uma foto do filho e da filha, Ana Maria, que foi ferida por estilhaços de vidros quebrados com os tiros disparados por Agnaldo. "Mandei fazer hoje, para ele (Agnaldo) ver a vida de quem ele tirou e da irmã que ele quase tirou", diz.
Além de familiares, foram testemunhas de acusação pessoas que presenciaram a briga e os tiros e até quem já havia tido contato com o dono de jornal uma semana antes. Apesar de ter ido ao saguão onde todos esperavam para entrar na sala de audiências, Agnaldo não participou.
Segundo Ariana, o depoimento dela emocionou quem assistiu. "O promotor chorou. Nosso advogado chorou. O juiz se emocionou", declarou ela, que contou como foram os momentos que antecederam a morte do filho, em 18 de novembro, e porque ele estava com o avô, João Afonso Pedra e com o tio. Do lado de fora do Fórum, havia faixas com dizeres que pediam prisão para Agnaldo.
O advogado da família, que atua como assistente de acusação, Ricardo Trad, disse que pediu a prisão preventiva de Agnaldo porque, segundo ele, o acusado teria se separado da esposa judicialmente, quando ainda estava preso, mas eles ainda convivem como marido e mulher. De acordo com ele, isso teria acontecido porque a família da vítima pediu o bloqueio dos bens de Agnaldo até o trânsito em julgado da ação penal. O bloqueio foi requisitado devido ao pedido de indenização no valor de R$ 1, 250 milhões. A audiência para depoimento das testemunhas de defesa está marcada para o dia 31 de maio. (NC)