Thiago Andrade
Uma das principais manifestações culturais dos índios do Estado, o artesanato também tornou-se um importante elemento econômico para diversas aldeias. Entretanto, como lembra Adierson Venâncio Mota, índio terena responsável pela organização da 2º Feira Cultural Indígena, que acontece na Capital hoje e amanhã, a exploração dessa arte acabou esgotando seu valor cultural para muitas etnias. “O principal objetivo da feira é colocar a população em contato com o trabalho desenvolvido nas aldeias, mas também fazer com que os indígenas vendam, eles mesmos, os trabalhos que produzem. É uma forma de resgatar o valor cultural do artesanato”, pontua.
A feira acontece hoje na Praça Ary Coelho, das 8h às 17h, e amanhã, das 8h às 15h. É promovida pela Fundação Municipal de Cultura (Fundac), aberta ao público e tem entrada gratuita. Adierson explica que, além do artesanato, serão comercializadas no local comidas típicas como bolo de mandioca, pamonha, paçoca, entre outros, e haverá apresentações musicais com as bandas Estilo Terena e Nação Nativa, que exploram as sonoridades peculiares das etnias de Mato Grosso do Sul.
Segundo ele, o espaço também receberá grupos de dança e quem tem interesse por ervas medicinais, poderá encontrá-las na praça. “Muita gente que vive em Campo Grande não tem contato com os indígenas por inúmeras questões, que vão da falta de interesse ao completo desconhecimento de nossas atividades. A feira é um ótimo espaço para a aproximação das culturas”, acredita Adierson.
Oito artesãos irão expor e vender obras que fazem uso de diversos materiais, como cerâmica, palha e sementes. Quatro etnias serão representadas, sendo elas kadiwéu, kinikinau, terena e guarani kaiuá. “Cada uma delas tem peculiaridades e, mesmo quem não quer comprar nada, deve ir para conhecer o universo cultural de cada uma delas”, explica.
Indígenas de Miranda foram convidados especialmente para vir à Capital. “Os artesãos acabam tendo pouco contato com indígenas de outras regiões do Estado. Como a ideia é promover a integração, nada mais justo que trazer gente de todas as regiões para participar”, detalha. De acordo com o presidente da Fundac, Roberto Figueiredo, o trabalho feito pelos indígenas é de alta qualidade e esta oportunidade é única para o fortalecimento cultural da cidade e dos índios que aqui residem.