O Festival de Inverno de Bonito (FIB) começa nesta semana com a promessa de fazer Mato Grosso do Sul celebrar as próprias raízes, o regionalismo e a pluralidade da cultura. Às vespéras do aniversário de 40 anos de criação do Estado, o evento aproveita também para homenagear três mulheres que representam valiosas contribuições e pioneirismo nas artes aqui – a professora Maria da Glória Sá Rosa (in memoriam) e Josabeth e Eleonor, da dupla Beth e Betinha.
O palco que será montado na principal praça do município receberá este ano duas atrações bastante esperadas: o conterrâneo Ney Matogrosso e a curitibana Karol Conka. Os artistas nacionais, não por acaso, fecham com a questão da identidade evocada pelo festival. Os shows deles estão entre as 177 atrações do evento, anunciadas no final do mês passado.
A programação vai de quinta-feira a domingo próximos e é toda gratuita. Locais variados de Bonito serão ocupados por ela, como a Praça da Liberdade, o Espaço Cultural do Centro de Múltiplo Uso (CMU), ruas de alguns bairros, pátios de escolas, e assentamentos no distrito bonitense Águas de Miranda.
O evento é realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul e pela Prefeitura de Bonito. Ele contou com investimento financeiro de mais de R$ 2 milhões, segundo declarou o secretário de Cultura e Cidadania Athayde Nery durante seu lançamento, no mês passado.
DIVERSIDADE
A maioridade veio, e o FIB chega à 18ª edição com programação que é uma das que mais contempla a diversidade cultural. Sertanejo, música clássica, rap, cultura indígena, dança contemporânea, tenda de saberes indígenas, teatro, poesia, viola pantaneira, confecção de escultura, mostra de cinema infantil, debates e oficinas que estimulam a economia colaborativa, por exemplo, se espalham pelo município.
Pelos cálculos da coordenação do evento, serão 17 horas diárias de imersão nas atrações culturais. Bonitenses e turistas terão muito o que fazer nas manhãs, tardes e noites desses quatro dias.
Dentro dessa variedade, detalhe inédito é a inclusão do sertanejo universitário na programação. A presença da dupla Jads e Jadson, que encerra a noite de shows na quinta-feira, recebeu críticas negativas nas redes sociais. A iniciativa também recebeu apoio, que se somou à justificativa do secretário de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, de que ela responde à diversidade proposta pelo festival e atende a pedido da população. “O FIB tem música contemporânea, regional, cidadania, arte-educação e fala sobre a população LGBT, negro, índio e do que é ser de Mato Grosso do Sul. Tem atividade para todos os gostos. Quem não gostar de Jads e Jadson pode ver a Karol ou Ney, ou Dino Rocha”, disse. Além disso, ele lembrou que a dupla se liga às homenageadas Beth e Betinha, também do gênero sertanejo, e se identifica como sul-mato-grossense por ter vivido no município de Ponta Porã.
Em pesquisa realizada entre bonitenses, a população pediu que o sertanejo estivesse na programação este ano, afirmou o secretário. A volta da integração das escolas com o festival teria sido outro pedido atendido.
Representantes da música de Mato Grosso do Sul em outros ritmos também se destacam na programação.
A dupla homenageada, os instrumentistas Marcelo Loreiro, o maestro Eduardo Martinelli, o sanfoneiro Dino Rocha, a regueira Marina Peralta, o dj Renato Tulux, as irmãs Tetê e Alzira Espíndola, e o cantor Gabriel Sater estarão lá.
MEIO AMBIENTE
Bonito é reconhecido como um dos melhores destinos de ecoturismo do mundo, e por isso a 18ª edição do festival não se limitou às atrações no campo das artes. O meio ambiente é outro foco, dentro do tema central “Diversidade Natural e Cultural”. Ele será contemplado em opções como o debate sobre paisagem natural e patrimônio cultural, coordenada pela geógrafa Icléia Albuquerque de Vargas e pela arquiteta Cláudia La Picirelli; pela oficina de observação de pássaros e pelos passeios de bicicleta em pontos turísticos do município.