O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso criticou as discussões pré-eleitorais que comparam a sua gestão (1995-2002) ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Em artigo publicado na edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo, FHC diz que Lula “passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades”. O ex-presidente antecipa que o PT deve ter como alvo nas discussões eleitorais as críticas ao governo “neoliberal” do PSDB, lembrando a privatização das estatais e a suposta inação na área social. FHC, no entanto, afirma que os dados dizem outra coisa. “Há três semanas, Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do présal”, diz FHC no texto. A crítica do tucano é por uma suposta “autoglorificação” de Lula, que pratica uma espécie de terrorismo eleitoral. “Houve quem dissesse ‘o Estado sou eu‘. Lula dirá o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita”, escreve. Na última sexta-feira, em evento em São Paulo, o governador José Serra (PSDB), précandidato tucano à Presidência, já havia feito a ligação de Lula com atitudes autoritárias. Na ocasião, Serra criticou ponto do Plano Nacional de Direitos Humanos. A ntecipando o embate PSDB-PT que acontecerá durante a campanha eleitoral, FHC diz “não temer o passado” e que a briga eleitoral deverá ser boa. “Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.”