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ENTREVISTA

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"O futuro passa pela necessidade de que cada nascente seja protegida"

Diretor de uma das principais ONGs no Pantanal ressalta que ainda não houve a recuperação total do bioma

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Diretor-presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Angelo Pacelli Cipriano Rabelo é hoje um dos principais nomes em se tratando de ações de preservação e inovação no ambiente pantaneiro. 

A organização sem fins lucrativos que ele conduz conseguiu implantar, neste período pós-incêndios de 2020, um dos sistemas mais modernos de monitoramento contra incêndios em área remota do bioma; também desenvolve sete diferentes programas no Pantanal, voltados para a fauna, a flora, a cultura pantaneira e o turismo.  

O militar da Reserva da Polícia Militar Ambiental também atuou diretamente para conseguir implantar em Corumbá uma sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável por cuidar do Parque Nacional do Pantanal.  

Apesar de a unidade de conservação estar praticamente toda em Mato Grosso, após articulação, o escritório técnico e administrativo da autarquia voltado para o parque acabou saindo do estado vizinho para se fixar em Mato Grosso do Sul.

Outras articulações para construção de parcerias com empresas como a General Motors (GM) e outras do setor privado no sentido de preservação do Pantanal também foram conduzidas por Coronel Rabelo, como é mais conhecido. Esse trabalho, que vem sendo conduzido desde 2002, torna ele um dos nomes de referência para se falar sobre o Pantanal.

Nesta entrevista, ele ressalta o que o bioma ainda carrega a tragédia de 2020, analisa as mudanças de legislação em Mato Grosso, que ampliam o uso econômico do bioma, e pontua que a produção de natureza é um dos recursos mais valiosos que quem ocupa o Pantanal tem. 

Porém, ainda é preciso desenvolver essa área para ajudar a capitalizar o trabalho de proteção e garantir retorno financeiro à iniciativa privada de forma sustentável.

Perfil - Angelo Pacelli Cipriano Rabelo  

Angelo Rabelo é militar da Reserva da Polícia Militar Ambiental, corporação que ele ajudou a implantar em Mato Grosso do Sul. Atuou no combate ao tráfico de couro de jacaré no Pantanal e na década de 1980 foi baleado em confronto. 

Tem mestrado em Gestão em Segurança Pública e foi chefe de gabinete no Senado. Como presidente do IHP, é gestor da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, que cuida de 77.696 hectares no bioma.

Dois anos depois de graves incêndios no Pantanal, quais reflexos do desastre ambiental ainda são notados no bioma? O que já se recuperou neste mesmo tempo?

Sem dúvida, ainda é possível visualizar inúmeras sequelas do desastre de 2020, lugares principalmente onde o fogo atravessou com mais intensidade, no horário mais perverso, ainda a vegetação tem dificuldade de recuperar, e tenho certeza também de que parte da fauna em algumas regiões ainda segue afugentada.  

Com relação à seca, nós temos um histórico de ciclos de grandes secas, de grandes cheias, e o indicativo é de que depois de 30 anos, desde 2019, nós temos começado a enfrentar um ciclo de seca, mas que o bioma tem uma capacidade adaptativa importante, ao mesmo tempo, isso não pode ser tratado de forma alguma como um processo natural.  

Diferentemente de outros momentos, a seca deste ano está associada diretamente à falta de chuvas, e também ao comprometimento de muitas nascentes que drenam do planalto para a planície, então existe um conjunto de fatores que acaba afetando a condição natural e a capacidade de equilíbrio do bioma.

 

Diferentemente de outros biomas, o Pantanal tem poder de recuperação maior. Como é explicada essa particularidade da região?

É inimaginável você pensar em qualquer processo de recuperação, depois de um fogo tão intenso, durante quase 6 meses, que não leve menos de 10 anos.  

Eu não gosto muito da ideia de resiliência, até porque ela sempre gera um conforto excessivo, a despeito da resistência do Pantanal, principalmente pelo fator água, que acaba permitindo que as plantas, principalmente, se recuperem, que o ambiente se recupere, as marcas, as cicatrizes do fogo ainda são muito visíveis, e, sem dúvida, talvez o Pantanal tenha uma capacidade de recuperação maior, mas algumas perdas são únicas e são para sempre, e nós não podemos perder nunca a noção de que desastres como o que aconteceu certamente significam desaparecimento de espécies, modificações das condições naturais de qualquer ecossistema.

 

A região enfrenta, desde 2019, uma grande seca. O que pode ser feito para tentar minimizar esse desequilíbrio e até onde se estende às consequências da falta de chuvas?

Nós temos trabalhado fortemente com um processo de diálogo permanente na proteção das nascentes. Eu não tenho dúvidas de que precisamos cada vez do engajamento de cada vez mais pessoas pensando na proteção.  

O futuro do Pantanal passa, obrigatoriamente, pela necessidade de olharmos todos os rios que drenam para a planície, para que cada nascente seja protegida por meio de mecanismos, estímulos e, ao mesmo tempo, a ocupação do bioma, para que o restabelecimento da economia seja sempre pautado pelos critérios que marcaram a história do homem pantaneiro há cerca de 300 anos, sem fazer grandes modificações e estabelecendo o equilíbrio entre a economia e o meio ambiente.

 

O turismo pode ser um aliado da preservação do Pantanal? Como isso deve acontecer para que o impacto no bioma seja positivo?

Não tenho dúvidas de que o turismo de baixo impacto, de poucas pessoas, turismo qualificado, é importante para o bioma, principalmente para que ele seja mais conhecido e, ao mesmo tempo, se torne uma fonte de renda para as comunidades ribeirinhas, empresários e para as pessoas que investirem.  

É um destino turístico que certamente possui paisagens, vida selvagem, ambientes naturais em equilíbrio que contribuem para a sua condição de consolidação como destino único no País, principalmente pela facilidade de avistamento de fauna.

Após os incêndios, o senhor avalia que instituições particulares passaram a notar e investir mais em ações de proteção no bioma?

O fogo trouxe para todos nós uma grande lição, especialmente também para as próprias fazendas que se organizaram, a mobilização do terceiro setor, a criação das brigadas voluntárias, com fazendeiros, sindicatos, e também a melhor estruturação do próprio Corpo de Bombeiros, Prevfogo, Ibama, ICMBio, todo esse processo, com certeza, também trouxe uma participação da sociedade e algumas empresas que se manifestaram com o sentido de apoiar a iniciativa, os esforços, de investir em recursos, equipamentos, para que de fato a gente consiga proteger o bioma.

 

Falta no Pantanal mais áreas de reserva para garantir proteção ao bioma?

Diferentemente dos outros biomas do Brasil, eu acredito que o Pantanal hoje tem uma condição de equilíbrio em que as poucas reservas, nós estamos falando de menos de 5%, somadas às grandes áreas de fazendas, conseguem assegurar de fato a proteção do bioma.  

O pensamento de criarmos mais áreas significa, no mínimo, que estamos seguros de que teremos condições financeiras e orçamentos para que elas de fato sejam protegidas, o que me parece que no Pantanal isso não é necessário.  

Primeiro, porque reconhecemos que existem dificuldades orçamentárias para você assegurar recursos humanos e infraestrutura. 

E, segundo, a cultura de manejo no Pantanal e as próprias condições naturais, que impedem grandes expansões, nos sinalizam aí que o bioma que sofreu menos de 15% de modificação pode ter uma condição de equilíbrio sem a necessidade de pensarmos na criação de mais áreas protegidas.

 

Houve aprovação na Assembleia de Mato Grosso de projeto de lei que altera e abranda restrições econômicas no Alto Pantanal. Como o senhor vê essas flexibilizações para a pecuária e empreendimentos?

Nós temos que estar atentos a essas modificações legais, a exemplo dessa legislação de Mato Grosso. 

Já há, inclusive, o esforço de algumas Ongs, a exemplo da SOS Pantanal, sensibilizando o governador e políticos para que efetivamente essas modificações legais não tragam consequências ao Pantanal.  

A história do Pantanal é marcada sempre por problemas que vêm de fora para dentro, então, o fato de não termos até hoje uma legislação específica para o bioma cria uma fragilidade especialmente por ter alguns temas tratados de maneira fragmentada entre os dois estados que envolvem o bioma, e que certamente teríamos aí um cenário muito mais positivo para o futuro se houvesse uma harmonia entre as duas assembleias e os dois governadores.

 

O Pantanal é um dos biomas mais preservados do País. O senhor acha que ele ainda pode ser a principal região no Brasil para produção de natureza e medidas de sequestro de carbono?

Sobre a condição de preservação do Pantanal, ela, com certeza, deve merecer todas as alternativas, principalmente esses mercados futuros. Há possibilidade e oportunidade de que o pantaneiro seja, de fato, beneficiado com recursos para que ele continue protegendo esse bioma, não só mercado de carbono, existem inúmeras alternativas que podem assegurar a atividade tradicional da pecuária extensiva, que tem alto custo pela falta de infraestrutura.  

Uma região até hoje sem estrada, sem telefonia, sem energia elétrica, essas limitações representam e impactam o custo de produção significativamente. Então, é fundamental que a gente possa ter mecanismos para compensar esse esforço, principalmente assegurando que continue sendo um bioma bem preservado.

 

O senhor acredita que ainda falta divulgação sobre o que é o Pantanal de forma mundial para colocar a região no radar de ações de preservação?

A divulgação do Pantanal sempre aconteceu em situações e em escalas diferentes, e talvez a gente de fato precise cada vez mais de divulgação, não só que mostre o desastre como foi o ano de 2020, em que o Pantanal passou a ser projetado pelo mundo inteiro, mas agora nós temos a novela ‘Pantanal’.  

Isso projeta o Pantanal e nos assegura, primeiro, o reconhecimento desse grande ativo que o País tem, e ao mesmo tempo cria oportunidade para que possamos, juntos, ter parceria estratégica, continuarmos investindo em pesquisa científica, no pensamento do desenvolvimento de tecnologias que possam nos assegurar um melhor futuro.

 

Como o senhor analisa a presença do chamado homem pantaneiro para preservar o bioma?

Eu sou uma testemunha da importância desse homem pantaneiro. Estou aqui desde os anos 80. Sempre presenciei e aprendi a entender a relação desse homem com o bioma e que nunca foi pautado pelo enfrentamento, pelo desafio de superar as suas limitações, mas, sim, de um equilíbrio, então a mudança de cultura significa, antes de mais nada, um risco para o bioma. 

Não tenho dúvidas de que a região precisa estar desenvolvida, mas ao mesmo tempo deve haver uma atenção especial para essa cultura que sempre foi diferenciada.

Segurança

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Federal detecta tentativa de invasão do ambiente de rede

18/04/2024 20h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (18), em Brasília, que está temporariamente indisponível o serviço de agendamento de emissão de passaportes pela internet. A decisão foi tomada após a instituição detectar, no início desta semana, tentativa de invasão ao ambiente de rede da PF.

O serviço de agendamento será retomado após a verificação de integridade dos sistemas, porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. A nota da PF diz que o governo trabalha para restabelecer o serviço online.

Para os atendimentos marcados previamente em uma unidade emissora do documento de viagem, a instituição garante que serão realizados normalmente na data e horário marcados, quando o solicitante deverá apresentar a documentação original necessária e o atendente público fará a conferência das informações cadastradas, além de coletar dados biométricos (impressões digitais e fotografia facial).

A Polícia Federal recomenda aos cidadãos que não tiverem viagem ao exterior programada para os próximos 30 dias que aguardem a normalização do serviço.

Os brasileiros que irão para o exterior nos próximos dias e, comprovadamente, necessitarem da emissão de passaporte comum podem enviar a documentação que prove a urgência para o e-mail da unidade da Polícia Federal mais próxima. Os contatos das superintendências estaduais da PF e das delegacias onde são emitidos passaportes estão disponíveis no link.

Agendamento regular
Habitualmente, quando o serviço virtual de agendamento para emissão de passaportes está operando, o cidadão interessado preenche o formulário eletrônico na internet, escolhe uma das datas e horários disponíveis e, por fim, marca o posto de atendimento da PF onde deseja ser atendido.

O cidadão não deve ir diretamente a uma delegacia da Polícia Federal sem fazer o agendamento prévio para passar pelos procedimentos de emissão do documento.

A entrega do passaporte ocorrerá na mesma unidade apontada no primeiro agendamento online do serviço e não poderá ser modificada.

Após o atendimento presencial, a retirada do documento poderá ser feita entre seis e dez dias úteis até 90 dias corridos. Depois desse prazo máximo, o documento será cancelado, com total prejuízo da taxa paga.

O custo comum para emissão de um passaporte é R$ 257,25. Se houver urgência, serão somados R$ 77,17, como taxa adicional de emergência, gerada durante o atendimento. Total: R$ 334,42

Contudo, se a remissão for de um passaporte ainda válido que tenha sido extraviado ou perdido, o valor cobrado na taxa comum dobra: R$ 514,50 ao todo para desembolso.

Briga interna

PCC vive maior racha em 20 anos, e Marcola tem poder testado pela 1ª vez

Advogado de rivais de líder da facção confirma desavença, mas nega surgimento de um novo grupo criminoso

18/04/2024 19h00

Marcelo Victor/ Correio do Estado

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A rebelião de três supostos integrantes do alto comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o chefe máximo do grupo marca uma das mais maiores crises vividas pela facção nos últimos 20 anos e testa pela primeira vez o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Integrantes de órgãos de inteligência do governo paulista, delegados das polícias Civil e Federal e advogados ouvidos pela reportagem confirmaram a existência do racha entre membros da chamada "Sintonia Final" e apontam para mudanças que já começaram a ser percebidas em alguns pontos da capital.

As primeiras informações sobre o racha no PCC surgiram em fevereiro, quando os serviços de inteligência interceptaram uma mensagem atribuída a membros da ala mais radical da facção. Nela, Camacho estava sendo excluído do PCC e tinha a sua morte decretada por supostamente ter delatado colegas.

Marcola sempre negou ser chefe ou integrante do PCC, mas os investigadores afirmam o contrário. Procurada, a defesa de Marcola não quis comentar o assunto.

Na liderança dos rebelados está Roberto Soriano, o Tiriça, apontado pela polícia como um dos mais temidos integrantes da cúpula do PCC, seguido por Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, todos presos no sistema federal.
Dias depois, porém, um novo "salve", em resposta à primeira mensagem, foi interceptado pelos órgãos de inteligência. Nele, a cúpula do PCC trazia à tona a rebelião do trio, classificada como calúnia e traição, e dizia que a atitude havia custado a expulsão dos rebelados, além da decretação da morte de todos.

O motivo da discórdia teria sido uma conversa entre Marcola e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, quando o primeiro passava por atendimento de médico, em julho de 2022. O preso teria dito que Soriano seria um psicopata e insinuado que agia contra agentes.

A conversa foi usada pelo Ministério Público contra Soriano, que acabou condenado a 31 anos pela morte de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), em 2017. Irritado com a situação, o preso condenado teria convencido os colegas de que Camacho cometera um erro imperdoável.

Na resposta interceptada, os criminosos afirmam que analisaram o teor da conversa e "fica claro que não existe nenhuma delação por parte do irmão [Marcola] e sim um papo reto de criminoso com a polícia".

"A Promotoria pegou esse áudio e criou um cenário falando o que bem entendia. Todos sabemos que promotores vão sempre criar um cenário favorável a eles", diz trecho da mensagem que informa que a gravação estava disponível a todos que quisessem acessá-la para tirar as próprias conclusões.

A rapidez da resposta gerou dúvidas nos órgãos de inteligência. Pensou-se, em um primeiro momento, tratar-se de um trabalho de contrainformação de membros PCC, com o intuito de tirar a atenção de um suposto plano de resgate em curso. A dúvida foi descartada com o decorrer dos dias.

Os serviços de inteligência apontam que apenas a segunda mensagem foi compartilhada pelos chamados "sintonias de rua", o que indica que os criminosos tomaram o lado de Marcola na guerra. Entre eles estariam as lideranças das principais favelas, como Paraisópolis e Heliópolis, redutos da facção.

Um sinal disso foi o fato de que pontos de venda de drogas que pertenciam ao grupo rebelado que foram tomadas e repassadas para criminosos ligados ao chefe do PCC. Em uma dessas biqueiras, na região do Sacomã, zona sul da capital, vizinhos das biqueiras afirmam que todos os gerentes ligados a Tiriça foram trocados.
Até mesmo um time de futebol ligado a esse criminoso teria sido desativado por conta do decreto.

No sistema prisional paulista, conforme funcionários ouvidos, até agora não houve nenhuma grande alteração. Os presos estariam em "compasso de espera", aguardando os desdobramentos fora do presídio.

Delegados da PF ouvidos pela Folha afirmam que Marcola, de fato, ainda possui um grande prestígio entre a massa carcerária e possui fortes aliados. Avaliam, porém, que essa guerra interna possa enfraquecer consideravelmente a liderança do criminoso, no poder há cerca de 20 anos.

Procurado pela reportagem, o advogado Rogério Santos, defensor de Roberto Soriano e Abel Pacheco de Andrade, confirmou a existência do racha. Ele afirma, entretanto, desconhecer os motivos que levaram ao rompimento e quem tomou tal decisão.
"Ele [Abel] apenas disse o seguinte: o Marcola foi afastado do PCC. Isso ele me disse, mas não me disse que tinha sido decretado, até porque eu sou advogado, eu não estou ali pra levar e trazer recado de preso", afirmou.

Ainda conforme Santos, embora tenha havido de fato um racha, os clientes negam peremptoriamente qualquer iniciativa ou conversa para criação de nova facção, o PCP (Primeiro Comando Puro), muito menos de eventual ligação desta com o CV (Comando Vermelho), inimigo do PCC.

O advogado afirma que tal notícia, sustentada até por promotores de Justiça, tem como o objetivo fomentar ainda mais a desavença entre os chefes da facção, o que pode colocar em risco até mesmo a vida dos familiares dos envolvidos.

Integrantes de órgão de inteligência ouvidos pela reportagem também descartam a possibilidade de união de membros do PCC e do CV, porque nenhum dos lados aceitaria eventuais traidores. Essas pessoas acreditam que são informações plantadas para tornar o racha do PCC em uma guerra sangrenta, o que ainda não começou.

A última grande disputa sangrenta entre chefes do Primeiro Comando ocorreu no final de 2002 quando Marcola entrou em rota de colisão com César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o Geleião, os dois principais chefes até então. Os colegas ficaram do lado de Camacho na briga interna: Cesinha, Geleião e as mulheres de ambos foram sentenciados à morte pela facção e por anos o PCC tentou matá-los.

Cesinha foi assassinado, e Geleião morreu de Covid.

Na ocasião, a advogada Ana Maria Olivatto, 45, ex-mulher de Camacho, foi assassinada a tiros em Guarulhos. A principal suspeita de mando do crime era Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, mulher de Cesinha.

Segundo a polícia, foi esse episódio que colocou Marcola no topo de organização e que mudou os rumos da facção criminosa. O grupo colocou o caráter assistencial que tinha em segundo plano para se tornar uma espécie empresa voltada ao tráfico internacional de drogas. Caso Camacho seja destituído do comando, apontam os policiais, o PCC tende a mudar de perfil e se tornar um grupo muito mais violento.
 

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