Karine Cortez
Mato Grosso do Sul tem 40 mil pessoas com glaucoma, mas 50% não sabem que estão com a doença porque ela é assintomática e, na maioria das vezes, só é percebida por pessoas que já perderam mais de 80% da visão. A informação é do oftalmologista e coordenador do Omnia Congresso Médico-Científico Internacional, que acontece no Hospital São Julião, Marcos Piccnin. Segundo ele, o glaucoma pode levar à cegueira total e sem possibilidade de reversão. Marcos aponta o descuido com os olhos como maior responsável pelo alto índice da doença.
O especialista explicou que a Organização Mundial da Saúde estima que 2% da população em geral tenha glaucoma. Como Mato Grosso do Sul têm cerca de 2 milhões de habitantes pelo menos 40 mil estão, segundo ele, acometidos pela doença. “As pessoas não têm costume de ir ao oftalmologista. O especialista só é procurado quando a doença já está em estágio avançado e aí podemos fazer muito pouco. O estrago que já foi feito não tem reversão, apenas passamos a controlar o avanço da doença. O agravante é que trata-se de uma doença que se desenvolve silenciosamente”, explicou Marcos. O glaucoma é provocado pelo aumento de pressão intraocular, por isso é importante ir ao oftalmologista e verificar a pressão.
O oftalmologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Carlos Akira Omi, participou do congresso e disse que em todo o mundo o glaucoma é a primeira causa de cegueira e, segundo ele, pacientes acima de 30 anos de idade, com histórico familiar e de raça negra tem mais pré-disposição para densenvolver a doença. O Omnia Congresso Médico-Científico Internacional terá encerramento amanhã.
Tratamento
O tratamento para glaucoma pode ser cirúrgico ou clínico por meio da utilização de colírios que controlam a pressão intraocular. Segundo os especialistas, na maioria das vezes a doença afeta os dois olhos, sendo que a perda da visão sempre é maior em um deles. “A cegueira é bilateral, mas sempre tem um dos olhos que será mais afetado que outro”, disse Marcos.
A médica especialista em glaucoma Ana Claudia Alves Pereira faz muitas cirurgias em pacientes que desenvolveram a doença, mas diz que o tratamento clínico é sempre o mais indicado e a cirurgia só acontece quando os colírios não surtem efeito no controle da pressão do olho. “A cirurgia antiglaucomatosa tem que ser feita por especialistas em glaucoma porque é complexa e requer cuidados no pré-operatório e no pós-operatório para que o resultado seja satisfatório”, salientou.
A especialista disse que muitos pacientes não querem se submeter à cirurgia porque acreditam que o procedimento levará à cegueira. “Isso não acontece. É uma falsa crença”, afirmou.