O governo de Mato Grosso do Sul decretou hoje, através de publicação em Diário Oficial do Estado, situação de emergência na região pantaneira de Corumbá. A intenção é ajudar os produtores que buscam respaldo para recuperar prejuízos com as cheias. O decreto tem entrada imediata em vigor e valerá por noventa dias.
A informação animou pecuaristas corumbaenses, que já estão sentindo os impactos das inundações, e temem catástrofe ainda maior nos próximos meses, com a descida das águas do Rio Paraguai.
Depois de publicar o decreto, o governo vai montar um processo tecnicamente embasado, contando com laudo elaborado pela Embrapa, e enviar ao Ministério da Integração Nacional com pedido de reconhecimento. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Ociel Ortiz Elias, explica que o decreto de emergência aponta o impacto atual já verificado do desastre, objetivando mostrar a existência de danos a humanos e econômicos, para solicitar que a situação seja homologada pelo Ministério.
O documento aponta que as intensas chuvas – com registro superior a 450mm – fez aumentar as águas dos rios Paraguai, Miranda, Aquidauana, Taquari, Abobral e Nabileque, provocando o transbordamento, e afetando moradores e a pecuária pantaneira corumbaense. Em conseqüência, diminuíram as áreas de pastagem, causando mortes e perdas de peso do rebanho bovino, obrigando inclusive a retirada dos animais sobreviventes para áreas não alagadas. A situação ainda foi agravada pela inundação de campos, baías, e marginais dos rios.
O presidente do Sindicato Rural de Corumbá avalia que um dos primeiros benefícios diretos da decretação de situação de emergência pelo governo do Estado é a possibilidade de suspensão temporária de dívidas. “Durante o decreto de emergência, a dívida fica congelada, isso já nos ajuda muito”, afirma. Conforme Kassar, os produtores estão sob impacto de uma mudança brusca nas condições naturais e já temem o que vem pela frente: até a primeira quinzena de janeiro, muitos faziam poços para captar água; a partir de então começou a chuvarada; e daqui a três meses chega o inverno. “A gente teme pelo animal debilitado, emagrecido pela estiagem até o início do ano, agora passando por essa chuva intensa, e depois enfrentando um inverno”, explica o pecuarista.
Além dos danos comprovados de imediato, as perdas vão se estender, porque o ciclo da pecuária é longo, de cerca de quatro anos, lembra o ruralista. “As matrizes, nós não temos como comprar fora. Até a novilha estar nas condições certas, poder se enxertar, leva tempo”
Raphael Kassar pretende buscar, com apoio do governador André Puccinelli, a disponibilização de uma linha de crédito do Banco do Brasil para financiar e dar condições para que pecuaristas do Planalto adquiram animais da planície pantaneira. Ele também vai solicitar ao governo do Estado a prorrogação da entrega da DAP (Declaração Anual do Produtor), que deveria ocorrer no fim deste mês. A intenção é obter mais prazo para a entrega, em função de as condições de perda comprometerem os dados reais de produção.