Pessoas – entre elas muitos idosos – doentes e com dores estão precisando ter muita paciência para serem atendidas nos postos de saúde de Campo Grande. A situação da saúde pública que já não é muito boa está pior ainda com a greve dos médicos, que começou às 19h deste sábado (15). Apenas 30% do efetivo atende.
A reportagem do Portal Correio do Estado percorreu algumas unidades na manhã deste domingo (16) e constatou situações desesperadoras como a da dona Josefa Maria da Conceição, de 69 anos, que estava chorando de dor, enquanto aguardava ser atendida. Ela foi uma das primeiras a chegar hoje na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Universitário. “Não sei quem tem que culpar, se os médicos ou governantes. Entra e sai prefeito e a coisa só piora”, lamentou, completando que “a pobreza está morrendo na fila”. Ela sentia fortes dores nas costas e aguardou por 2h até ser atendida, mas o tempo poderia ser menor, pois dos quatro médicos que estavam na escala, apenas um atendia.
Um enfermeiro de outra unidade de saúde, que preferiu anonimato, revelou que os médicos da escala estão nas unidades, mas ficam se revezando no atendimento. Com isso, pacientes que precisam de atendimento, ficam esperando na fila.
“Não estou gostando, por conta dessa demora para atender. Tem gente passando mal. Tanta gente ganha pouco e sobrevive, por que eles não podem aceitar proposta da prefeitura?”, argumentou Ercilia dos Santos Pereira, de 62 anos, que acordou passando mal e estava há cerca de duas horas aguardando atendimento na UPA do Universitário.
No posto do Bairro Tiradentes, também foi informado que havia apenas um médico para atender. “Mas ele foi para a urgência e emergência”, acrescentou Vitor Lemes de Araujo, de 59 anos, que estava com a garganta inflamada. Ele disse que em janeiro foi ao mesmo posto procurar atendimento e “daquela vez foi rápido”.
No Bairro Coronel Antonino, a demora além do normal também prejudicou Claudete Borges, de 42 anos, que tem tendinite nos dois ombros e no punho. “O governo está pisando na bola com as pessoas, tem que melhorar a vida dos médicos para eles atenderam melhor a população que está com dor”, pontuou.
PARALISAÇÃO
A decisão da greve foi mantida, depois de reunião do Sindicato dos Médicos (Sinmed-MS), às 11h deste sábado.
“A categoria entende como fundamental um posicionamento sobre o reajuste anual, pois até o momento não há previsão para que isso aconteça”, explica o presidente do Sinmed-MS, Valdir Shigueiro Siroma
Para tentar impedir a paralisação, a prefeitura chegou a publicar no fim da tarde de sexta-feira (14), edição extra no Diário Oficial liberando os plantões aos médicos da rede pública, inclusive a participação no projeto 3º Turno nas unidades onde não há profissional médico fixo.O escalonamento dos salários dos servidores do município no mês de julho foi um dos fatores que contribuiu para retomada da greve. Isso porque os médicos já haviam paralisado os serviços no mês de maio, reivindicando pagamento de adicionais e gratificações e melhores condições de trabalho.