Ainda sem novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o Hospital da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) agora tem de lidar com surto de Covid-19 entre os funcionários.
REPORTAGEM:
Segundo informações apuradas pelo Correio do Estado, 200 servidores foram afastados por suspeita da doença. Desses, pelo menos 60 testaram positivo para a doença.
A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da instituição para confirmar e saber quais providências serão adotadas, já que perante órgãos de controle, como o Ministério Público Federal, a direção alegava que faltava mão de obra para ativar novas unidades de tratamento aos pacientes graves com novo coronavírus.
LEITOS:
Com a rede particular que atende pelo Sistema Único de Saúde (Hospital da Vida e Santa Rita), o HU é um dos polos de atendimento para a doença pandêmica.
Ocorre que não há espaço para acomodar todos aqueles que testem positivo e tenham o quadro clínico considerado crítico.
O Governo do Estado, conforme noticiou o Correio do Estado, chegou a encaminhar ofício pedindo de volta dez leitos de UTI inativos para instalá-los em Campo Grande. Porém, desistiu da demanda até vistoria feita pela empresa fabricante dos materiais.
Desse montante, cinco unidades já foram habilitadas pelo Ministério da Saúde e o dinheiro já caiu na conta do HU, mas a direção culpa a falta de profissionais para colocá-los em operação.7
MÉDICOS E PACIENTES
Pelas normas vigentes, cada médico intensivista pode cuidar de até dez leitos ao mesmo tempo em cada plantão. Ele acompanha uma equipe com enfermeiro, fisioterapeuta, técnicos de enfermagem.
Os pacientes graves precisam de assistência 24 horas por dia, então os profissionais se revezam em plantões.
MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL:
Em reunião com o Ministério Público Federal, conforme noticiou com exclusividade o Correio do Estado, a direção sugeriu colocar médicos de outras especialidades para cobrir buracos na equipe.
Ficou combinado que eles receberiam treinamento de 15 dias para entenderem minimamente como funciona uma UTI antes de serem colocados na escala, mas não foi isso que aconteceu.
Cirurgiões oncológicos, hematologistas, cardiologistas, endocrinologistas e vários outros foram convocados sem preparo e muitos se recusaram com medo de prejudicar os internados, já que o trabalho na UTI exige conhecimentos muito específicos.
O Hospital, por sua vez, informou à Procuradoria da República que os funcionários estavam se recusando a ir para a linha de frente da Covid (sem contar que não havia fornecido o treinamento).
Em resposta, o órgão pediu nome, CPF e matrícula de quem contribuísse para que o hospital não atendesse à recomendação de ativar os leitos quanto antes.
O HOSPITAL:
Não há informações sobre o desfecho dessa história. O HU não se pronunciou na época, mas agora, o problema é que vários daqueles que estavam na ativa, pelas informações apuradas pela reportagem, tiveram que se resguardar até a recuperação.
NÚMEROS:
Dourados registrou, até este domingo, 3.727 casos confirmados da Covid-19, segundo informações disponibilizadas no boletim epidemiológico da SES.
A macrorregião da qual o município faz parte tem 111 leitos de UTI disponíveis e a ocupação global é de 56% apenas com Covid-19.