Olga Bueno da Silva, de 99 anos, segunda pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 em Campo Grande, quer ser exemplo para indígenas que têm medo da vacinação. A vacinação do grupo prioritário de pessoas com 80 anos ou mais começou ontem e estava disponível em diversas unidades de saúde da Capital.
Olga é da aldeia indígena Buriti, em Sidrolândia, mas mora em Campo Grande há alguns anos e quis tomar vacina para ser exemplo para outros indígenas que se negam a receber o imunizante em razão de informações falsas.
Alexandre Silva de Carvalho, neto de Olga, explica que o ato será de grande importância, não só para os indígenas, como também para outras pessoas que estão na dúvida em receber a vacina.
“É muito importante para que outras pessoas que estão na faixa de idade dela e na dúvida possam ver que isso é fato, que essa vacina é para curar e imunizar de verdade, é um grande avanço na ciência. Porque muitos estão na dúvida: há muitas mentiras hoje em dia, falando que se tomar a vacina vira crocodilo ou algo desse tipo, mas ela se prontificou a vir, ela mesma quis ser imunizada, ser um exemplo”, detalha Carvalho.
Maria Lemes, filha de Olga, explica que a família não mora mais na aldeia, no entanto, antes da pandemia faziam visitas sempre que podiam.
“O pessoal da aldeia não quer tomar, e ficamos muito preocupados com isso. Minha mãe quer ser um exemplo para eles, porque a gente mora aqui [em Campo Grande], mas ainda tem contato com eles e estamos mandando fotos dela, temos parente lá. Acredito que vai ajudar e ser muito importante”.
Lemes relata que a imunização é um alívio, em razão da dificuldade em cuidar da mãe durante o ano.
“É um privilégio, agradeço a Deus e à ciência, porque a gente vai ter um pouco mais de tranquilidade, pois estamos com muita dificuldade de estar com ela. Foi muito complicado esse ano passado, sem liberdade e sempre com medo. Ela estava querendo tomar, no começo ela ficou com um pouco com medo, mas depois abriu a mente e decidiu vir”.
Amelia Martins, de 100 anos, foi a primeira a chegar na Clínica da Família do Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande, para receber a vacina contra a Covid-19. Filho de Amelia, Gregorio dos Santos, de 74 anos, explica que a mãe tem Alzheimer e descobriu que seria vacinada quando chegou na Clínica da Família e ficou ansiosa para receber o imunizante.
“Quando a gente saiu, falamos que ela ia passear e só explicamos quando chegamos aqui que ela ia tomar a vacina da Covid-19. É um alívio, porque eu me preocupei bastante com ela e agora fico um pouco mais tranquilo”.