Cidades

CONFLITO POR TERRA

Índios levam caixão ao Planalto e ao STF em protesto contra assassinato em MS

Os índios reivindicam a posse da terra indígena Nhanderu Marangatu, em Antonio João (MS)

FOLHAPRESS

01/09/2015 - 19h05
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Um grupo de índios guaranis levou um caixão para a frente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira (2) em protesto pelo assassinato do guarani-kaiowá Simão Vilhalva, 24, no último sábado (30) em uma fazenda no município de Antônio João (MS), na fronteira com o Paraguai.

O crime ocorreu quando um grupo de fazendeiros da região decidiu retomar à força e por conta própria uma das propriedades ocupadas pelos índios desde agosto. Vilhalva recebeu pelo menos um tiro na cabeça. De acordo com os líderes guaranis, outros dez índios, incluindo crianças, ficaram feridos durante a ação dos fazendeiros -a Polícia Federal investiga a autoria dos crimes.

A invasão foi precedida de reuniões e pedido de mobilização entre os fazendeiros, como uma convocação em redes sociais dizendo que "o sul do MS vai tremer", segundo documento entregue pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

No mesmo dia em que foi desencadeada a ação dos fazendeiros, segundo o Cimi, ocorreu uma reunião de fazendeiros em Antonio João com a participação dos deputados federais Luiz Mandetta (DEM-MS) e Tereza Cristina (PSB-MS) e do senador Waldemir Moka (PMDB-MS), apoiadores dos fazendeiros. O Cimi diz que o deputado Mandetta seguiu o comboio de camionetes dos fazendeiros até a fazenda Barra, onde houve o ataque aos indígenas.

Os índios reivindicam pelo menos desde 1998 a posse da terra indígena Nhanderu Marangatu, que incide sobre fazendas.

Em março de 2005, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de homologação da terra indígena, com base em trabalho de identificação da Funai (Fundação Nacional do Índio) e do Ministério da Justiça.

Porém, os fazendeiros recorreram ao STF para sustar os efeitos do decreto. Em julho de 2005, o então ministro e presidente do STF Nelson Jobim determinou a suspensão do decreto, situação que persiste há mais de dez anos, sem que o STF realize o julgamento do processo.

Em agosto de 2012, o advogado-geral da União, Luís Adams, a secretária-geral de Contencioso Grace Maria Fernandes Mendonça, e a advogada da União Raquel Barbosa de Albuquerque enviaram ofício ao atual relator do mandado de segurança no STF, Gilmar Mendes, para solicitar "prioridade na inclusão para julgamento" no Supremo, "dada a relevância da matéria e a necessidade de pacificação dos conflitos sociais no local, que tem sido palco de violência de grande repercussão no Estado". O mandado não havia sido julgado até a tarde desta terça-feira (2).

Após a decisão liminar do STF, em 2005, os índios foram deslocados para uma área provisória a fim de aguardar o julgamento final do STF. Em agosto, dez anos depois, sem a decisão judicial, eles decidiram invadir as propriedades.

Em frente ao STF, Anastácio Peralta, um dos principais líderes guaranis no Estado, disse que no Mato Grosso do Sul "está o maior faroeste, o país perdeu a soberania. Quem manda lá é pistoleiro e fazendeiro". "Um boi vale mais que uma criança. Eles matam nós como animais", disse Peralta.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), disse que nos últimos meses fez "inúmeras advertências" ao STF, ao Planalto e a diversos órgãos do Executivo federal, como o Ministério da Justiça, sobre o agravamento da crise fundiária na região de Antônio João. Segundo ele, era "uma crônica de morte anunciada" e há "conivência das autoridades que assistem a tudo isso sem agir com a determinação necessária para que a violência cesse".

Pimenta disse que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul decidiu nesta semana criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que "na verdade tem como foco os defensores dos indígenas no Estado".

"A informação que temos é que eles pretendem fazer um trabalho de investigação sobre lideranças indígenas, funcionários da Funai, Cimi e CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], a partir de uma visão absurda, reacionária, de que perseguindo as lideranças indígenas ou da sociedade eles podem desestimular a luta dos indígenas pela demarcação. O que é uma loucura completa", disse o parlamentar.

OUTRO LADO

Fontes do Ministério da Justiça informaram que o ministro Cardozo deverá ir ao Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (3) para tratar do assunto. O ministério chegou a programar uma entrevista coletiva nesta segunda (1°), mas o evento foi cancelado. O ministério não havia se manifestado até o fim da tarde desta terça.

Procurada às 15h10, a assessoria de imprensa do STF também não havia se manifestado até o fim da tarde. Procurados pela reportagem, os deputados Mandetta e Tereza Cristina e o senador Moka não foram localizados para falar sobre a reunião em Antonio João.

No processo que levou à suspensão do decreto presidencial, os fazendeiros afirmaram que o presidente da República não tem legitimidade, e sim o Congresso Nacional, para demarcar e homologar área indígena localizada no limite do território nacional. Afirmaram ainda que estavam na região "há mais de 140 anos", muito antes das primeiras invasões dos indígenas, nos anos 90.

Boletim

Criança de 8 anos morre de dengue em Mato Grosso do Sul

Menina não tinha comorbidades; No ano, Estado tem 11 vítimas da doença, sendo seis mulheres e cinco homens

19/05/2025 17h15

Dengue já matou 11 pessoas neste ano em MS

Dengue já matou 11 pessoas neste ano em MS Foto: Reprodução

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Uma criança de 8 anos morreu vítima de dengue em Mato Grosso do Sul. A morte da menina foi confirmada em boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (19) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Conforme os dados divulgados, a menina residia em Naviraí e não apresentava comorbidades. Ela começou a apresentar sintomas em 29 de abril e morreu no dia 4 de maio, mas a confirmação de que a causa foi dengue foi na última quinta-feira (15).

Com esta morte, Mato Grosso do Sul chega a 11 óbitos confirmados em decorrência da doença neste ano, além de outros nove que estão em investigação.

As mortes ocorreram nos municípios de Inocência, Três Lagoas, Nova Andradina, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã, Coxim, Iguatemi, Paranhos, Itaquiraí e Naviraí.

Entre as vítimas, quatro delas possuíam algum tipo de comorbidade. Além da criança de 8 anos, todas as demais vítimas tinham idade acima de 65 anos.

Com relação aos casos, foram notificados 11.602 prováveis, sendo 4.517 casos confirmados.

Ainda conforme o boletim epidemiológico, dos 79 municípios do Estado, 53 estão em alta incidência de dengue. É considerada alta incidência quando o município registra acima de 300 casos por 100 mil habitantes.

Outras 19 cidades estão com média incidência e 7 têm baixa incidência, incluindo Campo Grande, que registrou 202 casos confirmados no ano.

Não há casos notificados em Jaraguari, Rochedo, Corguinho, Bandeirantes e Sete Quedas.

Em todo o ano passado, foram confirmados 16.229 casos de dengue no Estado, com 32 mortes.

Vacina

Ainda conforme o boletim, 167.101 doses do imunizante contra a dengue já foram aplicadas na população alvo.

Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 241.030 doses do vacina.

A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

Quem está fora da faixa etária classificada como prioritária pode procurar a vacina na rede particular.

A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como Zika, Chikungunya e febre amarela.

O esquema completo da vacina é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar a dose.

Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.

DIREITOS HUMANOS

Governo do Estado lança licitação para seleção de projetos sociais

Serão contemplados projetos nas áreas da Criança e Adolescente, Direitos Humanos e Assistência Social

19/05/2025 17h00

Governo de Mato Grosso do Sul lança edital de R$ 15 milhões para projetos sociais

Governo de Mato Grosso do Sul lança edital de R$ 15 milhões para projetos sociais FOTO: Alvaro Rezende

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Nesta segunda-feira (19), o Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), publicou um edital que vau investir R$ 15 milhões em propostas de Organizações da Sociedade Civil - (OSCs).

De acordo com o documento, serão contemplados projetos em três áreas principais, sendo elas: Criança e Adolescente (R$ 6 milhões), Direitos Humanos (R$ 4,35 milhões) e Assistência Social (R$ 4,65 milhões). Os recursos são provenientes do orçamento estadual e do Feinad (Fundo Estadual para a Infância e Adolescência).

O objetivo do Executivo Estadual é financiar iniciativas que promovam a melhoria da qualidade de vida de populações em situação de vulnerabilidade, incluindo vítimas de violência, pessoas em situação de rua, indígenas, LGBTQIA+, idosos e dependentes químicos. Entre os eixos prioritários estão enfrentamento à violência infantil, inclusão digital, combate ao trabalho infantil e qualificação profissional para jovens.

COMO PARTICIPAR?

As inscrições começam no próximo dia 28 de maio, e as OSCs interessadas devem apresentar propostas alinhadas aos eixos do edital e comprovar experiência na área. Cada organização pode inscrever até um projeto por campo temático, com valores variando entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, dependendo da modalidade.

A seleção será feita por uma comissão estadual, que avaliará critérios como adequação ao objetivo público, viabilidade financeira e capacidade técnica.

Confira o cronograma:

Governo de Mato Grosso do Sul lança edital de R$ 15 milhões para projetos sociais

Para participar, as entidades precisam estar regularizadas, com CNPJ ativo e inscrição nos conselhos municipais correspondentes (como o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente).

O envio das propostas deve ser feito via Sedex ou protocolado presencialmente na Sead, em Campo Grande. Projetos com falhas documentais terão prazo de dois dias úteis para correção após notificação.

O processo seguirá as regras da Lei Federal nº 13.019/2014, que regulamenta parcerias entre o poder público e OSCs. O edital destaca ainda que eventuais irregularidades podem levar à desclassificação ou rescisão do contrato, com devolução de recursos.

Dúvidas podem ser encaminhadas para o e-mail [email protected].  O edital completo e anexos estão disponíveis no site da Sead (https://www.sead.ms.gov.br/edital-de-chamamento-publico-osc/).

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