No dia 17 de fevereiro o Ministério das Cidades lançou campanha pedindo a preservação de obras públicas entregues à população, o custo desta propaganda aos cofres da União chegou nesta feita à casa de R$ 1,7 milhão. Todavia, campanhas publicitárias com igual objetivo têm-se tornado recorrente em diversos estados e municípios da Federação, conquanto a informação imediata que percebemos quando deparamos com estas notícias é que há uma sincronia entre as esferas do poder público voltada a uma mesma preocupação: “atos de vandalismo têm se tornado frequentes e ocorrem cotidianamente, seja nas metrópoles ou ainda nos mais longínquos rincões deste nosso país!”. Esta sã preocupação do poder público revela uma face obscura do comportamento humano nas sociedades, vez que a depredação dos equipamentos colocados à disposição do público gera incomensuráveis desperdícios econômicos, com ofensa à ordem social e ao meio ambiente urbano. Os motivos dessas ações deliberadas no sentido de danificar aquilo que a todos pertencem, permeiam desde a injustificada revolta, seja ela de caráter político, econômico, psicológico ou social, ou ainda para o mero deleite de alguns que encontram prazer em depredar equipamentos e prédios, dentre outros bens de uso coletivo, seja ele público ou particular. À guisa disto não se pode querer indicar que tais comportamentos sejam específicos desta ou daquela classe social, pois pelo que temos visto atitudes danosas como estas podem ser praticadas por qualquer um, indistintamente, basta que o cidadão não tenha o mínimo senso de coletividade e de respeito à vida, porque quem age desta maneira, age diretamente contra todos, incluindo a si próprio. Todavia, no estágio atual de desenvolvimento da humanidade, tão recrudescida pelo individualismo tacanho, não se pode esperar um mínimo ético de todos, é preciso que tenhamos ações públicas que deem conta de não só informar, mas como também efetivamente coibir atitudes transgressivas que visem prejudicar a melhor convivência neste meio ambiente que convencionamos chamar de cidade, de outro modo, continuaremos sempre a apontar a culpa das mazelas sociais neste ou naquele setor, sem refletir que também a outros gargalos que nos impedem de um dia realizarmos uma sociedade mais equilibrada. Neste mesmo sentido, não podemos nos equivocar, pois é preciso perceber que as consequências do vandalismo não se limitam ao mero prejuízo econômico, há de se notar que estas ações atuam contrariamente ao instinto gregário que habita em cada um de nós, e que a depredação deliberada das instalações e equipamentos deixa transparecer uma não aceitação ao interesse comum, e, cujo mesmo se vê rechaçado pelas vilezas do comportamento hostil dos depredadores, que agem de maneira sub-reptícia, esgueirando-se entre as sombras da escuridão e os olhos daqueles que fingem não perceber que atos como estes nada mais são do que o prenúncio de uma iminente e banalizada marginalização. Bem, dito isso, o que nos resta é sacudirmos de vez o pó que encobre a noção do que é ser social, é preciso redescobrir em nosso íntimo o instinto coletivo e cujo espírito nos faz solidários, recíprocos e afeiçoáveis aos demais, pois é este sentimento que se destaca e que impõe a afirmação humana através dos tempos, justapondo-se a outros atavismos, estes últimos, de caráter nocivo, violento e transgressivo, amplamente incompatíveis com a coexistência humana na Terra.