Cidades

FRONTEIRA

Investigação demorada e morte de indígenas faz MPF acompanhar conflito por terras em Amambai

Dois indígenas foram assassinatos meses após conflitos por terra em Amambai; embate já tinha deixado um morto

Continue lendo...

O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para acompanhar o conflito por terras entre indígenas e fazendeiros no município de Amambai, na região de fronteira entre Brasil e Paraguai.

De acordo com a publicação no Diário Oficial do órgão ministerial desta segunda-feira (21) , além de acompanhar as investigações acerca do impasse entre os povos originários, que buscam reaver o território de Guapoy, e os fazendeiros que possuem propriedades rurais no território, o MPF ainda quer acompanhar o andamento das investigações dos assassinatos dos indígenas Guarani Kaiowá Marcio Rosa Moreira e Vitorino Sanches.

Ambos assassinatos aconteceram em Amambai meses depois do conflito entre os indígenas e o Batalhão de Choque da Polícia Militar na fazenda Borda da Mata, quando ao menos sete indígenas ficaram feridos e Vitor Fernandes, de 42 anos, foi morto.

Para intervir na apuração do impasse, o MPF levou em consideração que as consequências policiais e as investigações já estão tramitando na Polícia Federal de Ponta Porã, mas ainda não juntou elementos suficientes desde maio, quando aconteceu o conflito.

Além disso, a PF de Ponta Porã também está apurando o assassinato de Vitor e também as agressões contra outros por parte do Batalhão de Choque da PM. No entanto, o MPF quer saber se é preciso realizar novas diligências para apurar as medidas que precisam ser tomadas na ação.

Por fim, o órgão ministerial também pede que a Polícia Civil de Amambai também forneça, dentro de 20 dias, as informações apuradas até o momento sobre o assassinato de Marcio Rosa Moreira e Vitorino Sanches.

Assim, o MPF irá acompanhar a investigação sobre o conflito por terras que aconteceu em maio em Amambai e tomar as medidas administrativas e cíveis que forem necessárias. 

RETOMADA DE GUAPOY

O conflito entre indígenas e o Batalhão de Choque da PM, que aconteceu em junho deste ano, em Amambai, ficou conhecido como Retomada de Guapoy, uma vez que os Guaranis Kaiowás da região pedem o reconhecimento da área como território indigena homônimo.

De acordo com o apurado, o dono da Fazenda Borda da Mata, que fica no território reivindicado, acionou a Polícia Militar para “conter a invasão indígena”, mesmo sem haver decisão judicial para tanto.

O conflito se arrastou por dias, acabando com o cárcere de três indígenas, que posteriormente conseguiram o relaxamento da prisão, e pelo sete feridos e um morto. 

MORTES DE INDÍGENAS

Um após a tentativa de retomada, em julho, a Polícia Civil de Amambai registrou a morte do indígena Márcio Rosa Moreira, de 40 anos. O corpo foi encontrado em uma construção com um ferimento feito por disparo de arma de fogo.

De acordo com o depoimento de testemunhas à época dos fatos, estava de moto acompanhado de outra pessoa e, quando chegaram a determinado local, se encontraram com outras duas pessoas.

Logo após uma conversa, as testemunhas disseram que ouviram disparos e, em seguida, viram a vítima correndo em direção à uma casa em construção, local em que o corpo foi encontrado.

No início da investigação, foi apontado que o suposto autor do crime seria um presidiário que cumpria pena em regime semiaberto. O celular da vítima e do suspeito foram periciados.

Já em setembro, a polícia registrou a morte do líder Guarani Kaiowá Vitorino Sanches, de 60 anos. A vítima foi morta com cinco tiros à queima roupa nas costas, enquanto dirigia seu carro.

Os principais suspeitos de cometerem o crime foram duas pessoas acusadas de armar uma emboscada para o indígena.

Antes de sua morte, Vitorino já havia sofrido outro atentado. Em 1º de agosto,seu carro foi alvejado por mais de 10 tiros. Ele foi baleado no braço e na perna, e liberado após ser atendido no Hospital Regional de Amambai.

Cidades

Governo do Estado fechará acordo com o Paraguai em projeto de gás natural

Informação foi confirmada pelo secretário Jaime Verruck durante Seminário Internacional da Rota Bioceânica

18/02/2025 18h16

Foto: Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Continue Lendo...

Governo do Estado e autoridades paraguaias assinam nesta quarta-feira (19) um acordo para desenvolver um projeto de estudo que viabilize um acordo de gás natural entre os dois países. A informação foi confirmada pelo titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, durante a abertura do Seminário Internacional da Rota Bioceânica, que teve início nesta terça-feira (18), em Campo Grande.

O mote do acordo entre os dois países é fazer com que o gás  advindo da Argentina chegue até o Brasil via Rota Bioceânica, e seja conectado com o gasoduto Brasil-Bolívia, o que geraria uma nova oferta de gás em Mato Grosso do Sul por meio do lado paraguaio da Rota.

"Amanhã (19) nós vamos assinar um acordo para estudos, autoridades de Mato Grosso do Sul, o ministro das Minas e Energia, e o governo do Paraguai para desenvolver estudos que deem possibilidade de desenvolver o gasoduto ao longo da rota, de Salta, saindo da Argentina, até o gasoduto (da rota bioceânica) não necessariamente Campo Grande", disse Verruck.

O secretário disse que o tópico é sensível também aos líderes municipais, visto que 24 municípios sul-mato-grossenses serão afetados pela Rota Bioceânica, que deve estar pronta ao fim de 2026. "Eu acho que a pauta dos prefeitos é uma pauta relevante. São eles (prefeitos), que vão fazer a gestão dos impactos da rota ali nos seus municípios. São 24 prefeitos que estão aqui, afetados diretamente pela Rota (Bioceânica).", finalizou.

De acordo Verruck, a ampliação da oferta do combustível é essencial para o funcionamento da indústria em Três Lagoas.


Lançamento de aplicativo 

Durante o evento, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), anunciou o lançamento de um aplicativo para  divulgar as potencialidades econômicas e turísticas das cidades que compõem a Rota Bioceânica. A ferramenta, que está em fase de aperfeiçoamento, visa  democratizar o acesso a informações sobre infraestrutura, rede hoteleira, gastronomia e setores estratégicos das localidades envolvidas na rota. Apesar do anúncio, não há um prazo definitivo para o início do funcionamento.

Cabe destacar que os municípios interessados em integrar suas informações à plataforma devem buscar auxílio junto a equipe técnica da prefeitura de Campo Grande, responsável pela inclusão dos dados.
"Hoje estamos lançando aqui o aplicativo da Rota Bioceânica, ferramenta que permitirá aos visitantes e investidores explorarem os negócios e o turismo das cidades envolvidas, acessando informações sobre a rede hoteleira, gastronômica e pontos estratégicos, como sedes de governos e prefeituras", falou a prefeita.

A plataforma foi desenvolvida pela secretaria de desenvolvimento de Campo Grande e funcionará de maneira similar ao aplicativo Waze, com dados sobre industrialização, PIB, agronegócio, e demais informações das cidades participantes

"Muitas vezes, ao buscar informações no celular, não encontramos todos os detalhes necessários. Pretendemos suprir essa lacuna e fomentar a rede gastronômica, incluindo restaurantes capacitados para atender turistas em espanhol e inglês, facilitando a vida de quem visita nossa cidade", finalizou Adriane. 

O evento

Iniciado nesta terça-feira, o Seminário Internacional da Rota Bioceânica acontece até a próxima quinta-feira (20) e reúne cerca de 1400 participantes, de 22 países das Américas, Europa, África e Oceania.

O objetivo do evento é fomentar o desenvolvimento e a integração regional entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, destacando as oportunidades e desafios que serão gerados pelo Corredor Bioceânico de Capricórnio, trajeto rodoviário de 3.250 km que vai conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por 8 territórios de 4 países (Regiões de Tarapacá e Antofagasta, no Chile; Províncias de Jujuy e Salta, na Argentina; Departamentos de Boquerón, Presidente Hayes e Alto Paraguay, no Paraguai e o Estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil), até chegar aos portos chilenos de Iquique, Antofagasta, Mejillones e Terminais Tocopilla.

O objetivo do evento é fomentar o desenvolvimento e a integração regional entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, destacando as oportunidades e desafios que serão gerados pelo Corredor Bioceânico de Capricórnio, trajeto rodoviário de 3.250 km que vai conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por 8 territórios de 4 países (Regiões de Tarapacá e Antofagasta, no Chile; Províncias de Jujuy e Salta, na Argentina; Departamentos de Boquerón, Presidente Hayes e Alto Paraguay, no Paraguai e o Estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil), até chegar aos portos chilenos de Iquique, Antofagasta, Mejillones e Terminais Tocopilla.

"Vamos discutir questões extremamente relevantes, como a infraestrutura. Cada um dos países tem um papel importante para que a gente tenha no prazo de dois anos a consolidação de toda a infraestrutura. Nós vamos discutir toda a situação das alfândegas, que é uma questão crucial para a competitividade da Rota. E mais importante, discutir o desenvolvimento econômico das regiões afetadas pelo Corredor Bioceânico", lembrou Verruck. 

De acordo com o titular da Semadesc, "a ideia é discutir mercado, discutir competitividade e desenvolvimento local. O Corredor Bioceânico é um grande projeto nacional que impacta não somente a Mato Grosso do Sul. Ele é importante para o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Nós estamos redesenhando a geopolítica internacional de ligação entre o Atlântico e o Pacífico e olhando para os mercados asiáticos", complementou em nota. 

Assine o Correio do Estado 

Cargos à disposição

Caso Vanessa: delegadas da Deam "atiram" contra imprensa e parte da sociedade

Sem responder ao relato de "atendimento frio" de Vanessa Ricarte horas antes de ser assassinada, delegadas de Campo Grande dobram aposta e atacam revelação dos áudios da vítima pela imprensa

18/02/2025 17h35

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande teve debandada

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande teve debandada Gerson Oliveira

Continue Lendo...

As delegadas responsáveis pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande (Deam), que funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira, entregaram os cargos ao governador Eduardo Riedel (PSDB), e saíram atirando contra a imprensa e parte da sociedade que questionou o trabalho delas no acolhimento às vítimas de violência nas ruas e nas redes sociais. 

“Expressamos nossa indignação diante dos ataques injustos e sensacionalistas dirigidos à nossa equipe, que se dedica há anos à proteção de defesa das vítimas de violência”, afirmam as delegadas no documento endereçado à Eduardo Riedel (PSDB), ao diretor-geral de Polícia Civil, Lupércio de Degerone, e ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira. 

Na carta em que toda a equipe da Deam ataca a imprensa, as delegadas saem em solidariedade da delegada titular, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, e das delegadas Ricelly Donha e Lucelia Constantino, que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte, 42, duas vezes, na noite de terça-feira (11) e na tarde de quarta-feria (12).

Apesar de elas falarem em renúncia no início da tarde, a entrega dos cargos não foi formalizada, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Uma debandada inviabilizaria o atendimento na Casa da Mulher Brasileiro, causaria apagão no sistema, e poderia provocar não apenas exoneração, mas demissão em massa. 

 

Delegadas "dobram" aposta contra questionamentos

No documento, elas dobram a aposta diante do conteúdo do áudio de Whats App em que Vanessa, horas antes de ser assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, queixa-se do tratamento “frio e prolixo” da Delegacia da Mulher.  

Ao manifestarem “total apoio” às três, o grupo de integrantes da Deam afirma que elas “sempre priorizaram o atendimento humanizado às vítimas”. 

Não foi o que Vanessa Ricarte disse a uma amiga horas antes de ser morta.

“Assim, sabe? Eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher mais vulnerável, pobrezinha, chegar lá toda vulnerável, sem ter uma rede apoio nenhuma. Essas que são mortas né? Essas que vão para a estatística de feminicídio”, disse Vanessa a uma amiga na quarta-feira, relatando o mau atendimento na Deam.

O áudio só veio a público na noite de sexta-feira (14), quando Vanessa já havia sido sepultada. Até então, a equipe da Deam insistia na argumentação de que a vítima recusou o abrigo oferecido. A revelação do áudio provocou uma catarse não apenas em Mato Grosso do Sul, mas em todo o Brasil. 

Nas redes sociais do Correio do Estado, e também de outros veículos de comunicação do Estado, são inúmeros os testemunhos de mau atendimento no local, e de revitimização das vítimas de agressões.

Um perfil da rede X, chamado “Delegada da Depressão”, o áudio de Vanessa desencadeou reclamações no atendimento nas delegacias da mulher em todo o Brasil. 

Apesar da catarse, as delegadas caíram atirando na imprensa, e não mencionaram ou responderam ao teor das queixas reveladas por Vanessa, que agora são objeto de sindicância (embora o poder público ainda não tenha publicado em documentos oficiais informações sobre a abertura do procedimento). 

“A exploração midiática de um caso tão cruel de feminicídio, movida pela busca por popularidade, desrespeita a memória da vítima e de seus familiares, além de desvalorizar o trabalho sério de policiais que atuam no diariamente para garantir justiça”, afirmam as delegadas, um grupo de 12 profissionais, algumas recém-aprovadas em concurso e em estágio probatório, como Ricelly, que assina o boletim de ocorrência em que Vanessa comunica as agressões. 

Elas chamam o trabalho da imprensa, que apenas divulgou os áudios de uma jornalista assassinada à sociedade, de “sensacionalismo”.

“O sensacionalismo não contribui para um debate responsável sobre a violência de gênero - pelo contrário - desinforma e desqualifica uma luta que deve ser da sociedade”, argumentam. 

O que diz a Sejusp?

Apesar de as delegadas terem ensaiado uma debandada da Casa da Mulher Brasileira no início da tarde, em reuniões, o grupo está sendo convencido a recuar. Ao fim do dia, a renúncia em massa pode não passar de um mise en scene da corporação para contar com o apoio de setores do governo, e já prepararem terreno para eventuais sindicâncias que serão abertas. 

Segundo a Sejusp, o atendimento na Deam continua normalmente, apesar da revolta anunciada pela manhã.

"A Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul informa que não foram formalizados novos pedidos de transferência de delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). A Sejusp esclarece que o atendimento permanece sendo realizado regularmente na Deam, com funcionamento 24 horas por dia e oferecimento de todos os serviços de atribuição da unidade. Em tempo, a apuração dos fatos que envolvem o atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio, será concluída em 30 dias".

 

 

Veja a íntegra do documento das delegadas:

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande teve debandada

 

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande teve debandada

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).