Ex-ministro de Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim disse na quinta (13) que a investigação de casos de corrupção, que envolvem políticos, empresários e aliados da presidente Dilma Rousseff, ajuda a promover uma visão positiva do Brasil no exterior.
"O bom funcionamento da Justiça dá uma boa imagem do Brasil. Ocorreram esses fatos desagradáveis e eles estão sendo apurados em total liberdade. As pessoas vão ser punidas, já estão sendo punidas", afirmou, durante visita a Buenos Aires.
Amorim fez críticas aos que pedem a saída de Dilma da presidência e afirmou que os manifestantes dos protestos do próximo domingo, 16, não devem defender o que chamou de golpe.
"Liberdade de manifestação, sim. Mas pedir que haja golpe... pode até pedir, mas é desconhecer riscos muito grandes. Essas coisas, a pessoa às vezes pensa que sabe como começa, mas não sabe como acaba."
A principal curiosidade da imprensa argentina em suas perguntas ao ex-ministro era saber se Dilma poderia sofrer um processo de impeachment, e se a defesa de sua destituição seria um 'golpe branco'.
'Tenho total confiança de que não vai ocorrer nenhum golpe branco', respondeu o ex-ministro.
'Há sempre setores muito pequenos que têm espírito golpista, gente que não tem boa memória ou que não viveu sem liberdade. Mas eles são poucos. O risco não são essas pessoas, mas outros que talvez de uma maneira oportunista lhe dão corda. Mas acredito que com diálogo vamos vencer isso', afirmou Amorim.
MERCOSUL
Em sua palestra, na Universidade Tres de Febrero, Amorim defendeu o Mercosul e criticou a proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros, de acabar com o bloco para acelerar acordos comerciais do Brasil com outros países.
Na intitulada Agenda Brasil, o parlamentar fez propostas no campo econômico para destravar a economia.
'O Mercosul é muito importante para a região, não é só um projeto econômico mas também político, de paz e cooperação. Seria uma pena para nós', afirmou.
'É uma ilusão acreditar que o Brasil sozinho terá mais força para negociar. Eu tive a experiência como negociador com a União Europeia e sei como é difícil, eles fazem muitas exigências. Estamos preocupados com a desindustrialização, mas para isso é preciso negociar com jeito e com força', disse.
Segundo ele, enquanto o comércio global cresceu cinco vezes desde que o Mercosul foi criado, as transações dentro do bloco aumentaram 12 vezes.
'Os que acreditam que o Mercosul seja um fracasso devem voltar aos livros', afirmou.