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PROPINAS

Janot diz que multa a delator de Cunha aumentou por omissão na delação

Inicialmentea multa para Camargo é de R$ 40 milhões; novo valor não foi divulgado

FOLHAPRESS

27/08/2015 - 00h00
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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quarta-feira (26), durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que houve um aumento da multa imposta no acordo de colaboração do lobista Julio Camargo porque ele omitiu as acusações de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A multa estipulada inicialmente para Camargo em seu termo de colaboração é de R$ 40 milhões. Janot não deu detalhes do novo valor.

O procurador não citou nominalmente Camargo, mas se referiu indiretamente a ele ao responder uma pergunta do senador Humberto Costa (PT-PE) sobre mudanças de versão em delações.

"Houve agravamento na pena de multa, foi elevada, e não teve nenhuma outra consequência porque nós nos convencemos de que ele estava realmente em estado de ameaça. Ele não falou porque tinha receio de sua própria vida", disse Janot.

Cunha acusa a PGR (Procuradoria-Geral da República) de ter pressionado Camargo a mudar seu depoimento para incriminá-lo.

Na justificativa que deu em sua delação, Camargo afirmou que omitiu Cunha porque tinha medo de represálias dele.

Em suas declarações, Janot explicou que não houve rescisão do acordo de colaboração, risco que Camargo corria por ter omitido os fatos, pois a PGR se convenceu de que ele realmente se sentia em risco. Isso porque, segundo Janot, Camargo fazia comentários dizendo "eu temo pela minha vida".

Janot não deixou claro se considerava que Camargo realmente corria risco de vida ao delatar Cunha ou se apenas consideraram que ele de fato se considerava sob ameaça.

O procurador-geral também afirmou que, se um advogado orientar o cliente a omitir fatos, torna-se participante de um crime. "Se ele orienta o cliente a fazer uma semi-delação ou omitir, falsear, a pessoa que faz isso comete o crime, perde os benefícios da delação, e tenho entendimento que o advogado que assim induziu é co-partícipe desse crime também", disse.

No comentário, porém, Janot não fez nenhuma citação direta à advogada Beatriz Catta Preta, que cuidou da delação de Julio Camargo. Ela própria, em entrevista ao "Jornal Nacional", justificou que ele não havia contado o que sabia por ter medo, e também disse se considerar ameaçada.

Janot disse que é "complicado" um advogado participar de várias delações premiadas de um mesmo caso e que cabe ao profissional decidir se não há incompatibilidade entre as defesas dos diferentes clientes.
 

ESTRAGOS

Número de feridos chega a 750 após passagem de tornado pelo Paraná

Rio Bonito do Iguaçu está praticamente destruída, diz prefeito

08/11/2025 21h00

Tornado destruiu diversos lares pela cidade paranaense

Tornado destruiu diversos lares pela cidade paranaense Foto: Ari Dias/AEN

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O governo do Paraná informou que, até o início da tarde deste sábado (8), 750 pessoas foram atendidas em unidades de Saúde do estado em decorrência da passagem de um tornado por cidades paranaenses. O fenômeno provocou a morte de seis pessoas.

O município mais atingido foi Rio Bonito do Iguaçu, que fica a cerca de 400 quilômetros de Curitiba. Dados da Defesa Civil paranaense estimam que até 90% da área urbana da cidade foram atingidos.

Segundo as informações oficiais, a maior parte dos feridos foi atendida em duas unidades hospitalares, uma unidade básica de saúde (UBS) e uma faculdade de Laranjeiras do Sul.

Casos mais graves estão sendo encaminhados para o Hospital Universitário de Cascavel e para o Hospital Regional de Guarapuava. Quatro pessoas precisaram passar por cirurgia.

Em Rio Bonito do Iguaçu, “as estruturas de saúde estão todas colapsadas”, disse o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto. Segundo o gestor, apenas um centro de saúde da cidade está aberto. “Um grande movimento das prefeituras do entorno somou uma força tarefa para manter funcionando”, acrescentou o secretário.

Tornado

O fenômeno climático atingiu a região Centro-Sul do Paraná na noite de sexta-feira e foi classificado como tornado de categoria F3, com ventos de até 250 quilômetros por hora, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

O governador do Paraná, Ratinho Jr., foi para a cidade de manhã cedo. Além dos esforços para o atendimento de desabrigados e feridos, ele anunciou uma parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para agilizar o levantamento dos estragos e antecipar os esforços de reconstrução, principalmente, de casas.

O número total de desabrigados ainda não foi calculado pelas autoridades. Até o início da manhã, entretanto, a Defesa Civil estimava 10 mil pessoas impactadas pelos ventos, com 28 desabrigados e 1 mil desalojados.

“Agora vamos realizar esse levantamento para que possamos ajudá-las de alguma forma, seja com linhas de crédito, seja com apoio para reconstrução ou para cobrir prejuízos em diversos setores. A cidade está praticamente destruída, o que torna impossível fazer um levantamento detalhado neste momento”, disse o prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Augusto Bovino.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o envio imediato de equipes da Defesa Civil Nacional especializadas no trabalho de acolhimento das vítimas e de reconstrução. A comitiva federal é liderada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que irá acompanhar os trabalhos no local. 

O Ministério da Saúde enviou uma equipe da Força Nacional do SUS ao município paranaense. A equipe é composta por cinco profissionais especializados, entre eles, um especialista em saúde mental em desastres, um médico sanitarista, um enfermeiro, um analista de recursos logísticos e um analista de incidentes e reconstrução assistencial. 

Os profissionais irão atuar na reativação dos serviços de saúde, no apoio à gestão local e na resposta assistencial e psicossocial imediata, garantindo a retomada segura e rápida do atendimento integral à população afetada.

A expectativa para os próximos dias é que uma massa de ar frio derrube as temperaturas no Paraná e em Santa Catarina. Em Rio Bonito do Iguaçu, epicentro do tornado, a temperatura deve oscilar entre 13 e 22 graus Celsius (°C) neste sábado (8), mas a medição mínima pode chegar a 11°C no domingo (9). 

ESTRAGOS

"Em 5 minutos eu não tinha mais nada" contam vítimas de Rio Bonito após passagem do tornado

Até a tarde deste sábado, 08, a Defesa Civil confirmou a morte de pelo menos seis pessoas, vitimadas pelo tornado de sexta-feira

08/11/2025 19h45

Tornado atingiu cidades do Paraná, principalmente Rio Bonito do Iguaçu

Tornado atingiu cidades do Paraná, principalmente Rio Bonito do Iguaçu Foto: Ari Dias/AEN

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A aposentada Luiza Velozo se preparava para ir à missa apesar da chuva forte que caía sobre Rio Bonito do Iguaçu (PR) na sexta-feira, 7. Mas em poucos minutos a chuva se tornou temporal, ventos de mais de 250 km/h atravessaram a cidade e a única coisa que sobrou da casa de Luiza foram ruínas. "Não deu tempo de nada. Deu cinco minutos e eu não tinha mais nada", lamenta.

A casa de Luiza e de seu marido, Jefferson, foi apenas uma no rastro da destruição do tornado desta sexta. Segundo a Defesa Civil, ao menos seis pessoas morreram, 773 ficaram feridas e cerca de quatro mil foram atingidas, direta ou indiretamente, pela ventania.

"Eu estava me preparando para ir para a igreja quando vi as telhas levantarem. Meu marido gritou 'corre', me empurrou e disse para eu entrar embaixo da cama. Na hora a casa desabou e eu ouvi meu marido gritando, perguntando se eu estava viva", lembra ela.

Luiza conta que um vizinho - completamente ensanguentado - os resgatou e então, sob a chuva torrencial, eles conseguiram resgatar outra vizinha, mais machucada, e a levaram para o hospital. Um terceiro vizinho não resistiu aos ferimentos.

'Meu marido me dizia para irmos embora'

A casa de Fabíola dos Santos, filha de Luiza, também foi atingida, mas não chegou a cair. "Foram só algumas telhas", conta ela. Mas, assim que os ventos pararam, ela saiu com os filhos e o marido para ver como a mãe estava.

"Eu cheguei e estava tudo desse jeito", conta ela, acenando para as ruínas que sobraram da casa. "Meu marido me dizia 'vamos embora', mas eu continuava gritando pela minha mãe."

Quando conseguiu parar, Fabíola foi procurar a família no posto de saúde. E as duas contam que a maior alegria possível, naquele momento de desespero, foi ver que estavam todos vivos e a salvo

Da casa, só sobraram as paredes do banheiro

A poucos metros da casa de Luiza morava o casal Gilmar e Lenir Salette Zanotto, com o filho, Eduardo Enrique. Os três estavam em casa quando os ventos começaram e correram para a porta para entender o que estava acontecendo.

"A gente começou a escutar muita chuva e um barulho que parecia um motor ligado, uma coisa muito forte. A gente foi até a porta de vidro, para ver o que era, então eu escutei minha mãe correr para o banheiro e vi que o vento estava arrancando o telhado de parte da cozinha", conta Eduardo.

O jovem conseguiu entrar no banheiro junto com a mãe, mas o pai ficou para trás e só conseguiu ficar embaixo de uma mesa. "Mas o vento jogou ele e a mesa para um canto da casa, naquela barulheira, e quando a gente viu, não havia mais nada."

Gilmar quebrou uma perna e teve um braço atravessado por um fragmento, mas já foi atendido no posto de saúde e está se recuperando. Lenir e Eduardo tiveram ferimentos leves. Da casa, as únicas coisas que restaram foram as paredes do banheiro e um punhado de eletrodomésticos.

"Passamos a noite na cidade vizinha, com familiares, e agora temos que ver como vai ser, como vamos seguir. Mas pelo menos estamos com vida", diz Eduardo.

Ao menos seis pessoas morreram

Até a tarde deste sábado, 08, a Defesa Civil confirmou a morte de pelo menos seis pessoas, vitimadas pelo tornado de sexta-feira:

Adriane Maria de Moura, 47 anos

Julia Kwapis, 14 anos

Claudino Paulino Risse, 57 anos

José Gieteski, 83 anos

José Neri Geremias, 53 anos

Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos

O governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias em razão das mortes dos moradores das cidades afetadas.

A Defesa Civil confirmou que 773 pessoas ficaram feridas, ao menos 19 perderam totalmente suas casas e ainda não há uma estimativa de pessoas desalojadas. Cerca de quatro mil foram atingidas pelos ventos na cidade.

Os governos estadual e federal estão agindo, junto à prefeitura local, para atender emergencialmente os moradores impactados e começar a reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu.

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