A 7ª Vara Criminal de Campo Grande pediu à 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-MS) que seja mantida a prisão de empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, presos no âmbito da operação Omertà. Na decisão, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira cita mensagens em que Name Filho anuncia a “maior matança da história de Mato Grosso do Sul”, atingindo “de picolezeiro a governador”.
O magistrado defendeu também a prisão do advogado Alexandre Franzoloso, que teve um mandado de prisão revogado. Cabe ao juiz substituto Waldir Marques, da 2ª Câmara Criminal, deliberar sobre as ponderações do magistrado de 1º grau.
Ao Correio do Estado, o advogado de Name e Name Filho, Renê Siufi, disse que não iria comentar por não estar ciente da decisão.
Nesta sexta-feira (4), a Corregedoria da Polícia Civil solicitou ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), órgão de investigação ligado ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), compartilhamento de provas da operação para o processo administrativo de quatro policiais civis presos na operação.
OPERAÇÃO
A operação Omertà foi deflagrada em 27 de setembro, pelo Gaeco e pela Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), e prendeu os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, além de outras 17 pessoas, entre funcionários da família, policiais civis e guardas municipais. Só não foram presos na ação policial o ex-guarda municipal guarda municipal José Moreira Freires e o auxiliar Juanil Miranda Lima – apontados como os executores dos assassinatos investigados pela força-tarefa e foragidos desde abril, quando as investigações começaram a avançar –, além do advogado Alexandre Fransolozo, cujo mandado de prisão temporária (suspenso pelo Tribunal de Justiça) nem chegou a ser cumprido.
Os três policiais civis da ativa foram afastados em 2 de outubro, tendo a arma recolhida, bem como a carteira funcional e demais pertences do patrimônio público destinado aos policiais, além da suspensão de senhas e login de acesso aos bancos de dados da instituição policial, suspensão de férias e de avaliação para fins de promoção. Quatro guardas municipais foram suspensos e também tiveram os armamentos confiscados.
Os assassinatos de pelo menos três pessoas estão relacionados com o grupo de extermínio sob investigação: do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho do ano passado; do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante de Direito Matheus Xavier, em abril deste ano.
Para dar o nome à operação, os policiais utilizaram um termo do dialeto napolitano, do idioma italiano. Omertá, conforme o Gaeco, é um termo que se fundamenta em um forte sentido de família e em um silêncio que impede a cooperação com autoridades policiais ou judiciárias. Trata-se de um código de honra muito usado nas máfias do sul da Itália.