Laudos concluídos recentemente apontam que a exmédica Neide Mota Machado cometeu suicídio, como já mostravam as investigações iniciais, e que para isso, utilizou duas substâncias. Neide foi encontrada morta no dia 29 de novembro do ano passado, dentro do CrossFox de sua propriedade, no Jardim Veraneio, em Campo Grande. O diretor do Instituto de Criminalística, da Coordenadoria de Perícias, Orivaldo José da Silva Júnior, explica que o laudo do local mostra que Neide se matou e que não houve a participação de outras pessoas. O documento revela, ainda, que a ex-médica usou o cinto de segurança para pressionar o braço esquerdo, por onde ela injetou, através de seringa, as substâncias que a levaram à morte. Conforme Orivaldo, já está comprovado que um dos dois líquidos utilizados por Neide é a lidocaína. O outro, os peritos ainda não conseguiram identificar. Sabe-se apenas que é uma molécula grande e que pode ter sido a principal substância que levou Neide à morte, já que a lidocaína é um anestésico. Ela teria utilizado 3ml do líquido já identificado No veículo dela foram encontrados dois potes de lidocaína. Havia também uma carta manuscrita, sendo que já está comprovado que foi mesmo Neide quem a escreveu. Desde abril de 2007, Neide é acusada de realizar abortos na Clínica de Planejamento Familiar, mantida por ela, na Capital. O local existiu por 20 anos e teria feito cerca de 10 mil abortos. Por conta da prática, ela já havia perdido o registro de médica e estava prestes a ir a júri popular por homicídio. Mesmo com a morte dela, está mantido o julgamento de outras acusadas de envolvimento na prática de abortos. São elas: as profissionais da área de enfermagem Libertina de Jesus Centurion, Maria Nelma de Souza, Rosângela de Almeida e a psicóloga Simone Aparecida Cantaguessi de Souza. O júri está marcado para o dia 24 deste mês. As mulheres que abortaram também responderam pelo crime na Justiça. A maioria conseguiu a suspensão condicional do processo. Outras ainda estão sob investigação policial. (NC)