Com uma edição extra no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), a Cidade Morena reconheceu ontem (28) o popular "grau" - também conhecido como 'wheeling' - como prática esportiva, mesmo que a modalidade entre a Confederação Brasileira e Federação de Motociclismo do Estado de Mato Grosso do Sul não tenham regulamentos publicados.
Vale lembrar que essa ideia nasceu do projeto, apresentado pelo vereador Betinho (Republicanos) e aprovado, como bem acompanha o Correio do Estado, pela Câmara Municipal de Campo Grande há menos de um mês.
Como bem esclarece o texto oficial, as modalidades reconhecidas na lei n. 7.335 - manobras e acrobacias conhecidas como “Grau”, “RL” (Rear Lift) ou “Bob’s” - só poderão ser praticadas nos locais apropriados e devidamente licenciados para exibição de shows e competições.
Além disso, a Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM) é citada no texto legal, responsável por estabelecer as regras e normas para segurança e proteção dos pilotos.
Entretanto, apesar de reservar uma aba específica junto ao seu portal para "wheeling", a Confederação que rege outras modalidades, como o motocross; velocross e até arrancada, não possui um regulamento específico para o "grau" publicada em site oficial.
Além disso, mesmo com abas reservadas para "classificação", "resultados" e "próximos eventos" não há qualquer registro ou publicação a respeito da modalidade junto ao portal da CBM.
Debaixo do "guarda-chuva" da CBM, existem também as respectivas Federações de Motociclismo, sendo que a FEMEMS em Mato Grosso do Sul também não apresenta junto às suas plataformas oficiais qualquer menção à modalidade.
Representada por Salvador Machado como presidente, a Federação de Motociclismo de MS foi procurada para comentar como aprovação do "grau" como prática esportiva é vista, bem como sobre o andamento do regulamento da modalidade, porém, até o momento não foi obtido retorno.
Como é possível notar, a exemplo de outras modalidades regulamentadas pela FEMEMS, práticas esportivas sobre duas rodas costumam ser dividas em categorias, essas, por sua vez, que variam conforme os tipos de motocicletas e respectivas cilindradas.
Dentro do do motocross e velocross, por exemplo, as categorias são conforme tempos de motor e cilindradas, com pilotos e pilotas classificados conforme idade e gênero, com classes a partir de 15 anos; para crianças de quatro a 10 e até para aquelas pessoas que já completaram meio século de vida.
Perigo sobre rodas
em junho deste ano, Nicholas Yann dos Santos de Jesus, de apenas 20 anos, morreu após se envolver em um acidente durante o Motor Sound Brasil, evento de som automotivo e manobras de moto, no Autódromo Internacional de Campo Grande.
Além de Nicholas, um casal que estava em outra motocicleta ficou ferido após também se envolver no mesmo acidente, mas ambos foram encaminhados à Santa Casa de Campo Grande, onde permaneceram em observação e foram liberados dias depois.
Segundo informações da Polícia Civil, o evento estava sendo realizado de forma ilegal. Posteriormente, a Prefeitura de Campo Grande informou que o local não tinha alvará para realizar este tipo de evento.
Há dez dias, quatro meses após o acidente, os mesmos organizadores deste evento voltaram e pediram, novamente, autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) para realizar evento similar ao que gerou a morte do jovem no mesmo local, o Autódromo.
Também em junho, um casal, identificados como Peterson Bueno Machado, de 23 anos, e Milena Honorato Cosmo Gomes, de 25 anos, fugiam da Polícia Militar quando bateram em um carro, no Jardim Aeroporto. Com o impacto, ambos foram arremessados por metros e a moça não resistiu.
Segundo informações policiais, o capacete dos dois soltaram-se durante a queda e as consequências foram maiores. Peterson teve fraturas na perna, no punho e cortes nos braços, e foi encaminhado para a Santa Casa de Campo Grande em quadro estável, acompanhado de escolta policial. Foi confirmado que o motoqueiro não tinha CNH.
Nas suas redes sociais, Peterson compartilhava fotos e vídeos exibindo "habilidades" com motos, muitas delas "dando grau", prática que é considerada infração de trânsito gravíssima, conforme previsto no artigo 244, inciso III, do Código de Trânsito Brasileiro.