bruno grubertt
daniella arruda
Campo Grande pode arrecadar até R$ 4,6 milhões (ou € 2 milhões) por ano com a venda de créditos de carbono após a implantação do novo aterro sanitário, de acordo com estimativas da prefeitura. O sistema de tratamento de lixo a ser instalado no aterro captará e queimará o gás metano (CH4), emitido na decomposição do lixo. O processo deve dispensar na atmosfera, em vez do metano, o monóxido de carbono (CO2), que é 21 vezes menos poluente que o CH4 e, por isso, gerará créditos de carbono comercializáveis com outros países.
Para que isso aconteça, a Capital deve viabilizar todos os processos para que o sistema esteja funcionando até o fim de 2011, quando o aterro sanitário deve ficar pronto. “São várias etapas para serem cumpridas. A primeira é que contratamos uma empresa de consultoria de São Paulo para ver se tínhamos condições de vender (créditos de carbono). Eles analisaram o lixão e o aterro sanitário e apontaram que se a gente tomasse tais e tais medidas, poderia entrar no mercado. A partir da implantação desse projeto, a ONU (Organização das Nações Unidas) chancela e aí podemos vender o crédito de carbono para o mercado internacional”, explicou o prefeito Nelsinho Trad, ontem de manhã, quando os representantes da empresa de consultoria apresentaram o projeto para implantar o sistema.
Foram investidos R$ 142 mil na consultoria, pagos à empresa Fama Air Technologies, que elaborará o projeto executivo da ferramenta de captação e queima de biogás. “Já estamos com o projeto pronto e desenhado. Isso significa que, a partir desse momento, ao terminar a concessão ou PPP (Parceria Público Privada), vamos inserir a obrigatoriedade de construção desse projeto”, disse o prefeito.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Marcos Cristaldo, ainda terão de ser investidos R$ 3,5 milhões na construção das estruturas necessárias à operação do sistema de biogás. “É um investimento de longo prazo. Isso significa que tudo que for pago será recuperado em créditos”, afirmou Cristaldo. Segundo ele, cada tonelada de gás metano captado equivale a 21 créditos de carbono. Cada crédito tem sido vendido nos mercados internacionais ao preço médio de € 20 (Euros). O valor gerado para a Capital será investido na manutenção do aterro, conforme informou.
A Prefeitura de São Paulo foi a primeira administração do Brasil e da América Latina a ofertar créditos de carbono no leilão organizado em setembro de 2007 pela Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F). Os mais de 800 créditos foram vendidos a um banco belgo-holandês por um valor total de € 13,1, ou R$ 34 milhões, na cotação daquele dia.
Energia
Além da venda dos créditos, a captação do biogás também pode possibilitar a geração de energia através de sua combustão. Isso, porém, só é viável quando representar redução de custos. “Os geradores térmicos ainda são caros, mas em dez anos podemos verificar a viabilidade de se produzir energia”, afirmou o secretário de meio ambiente de Campo Grande, estipulando o prazo de análise em 10 anos. Apesar disso, quando instalado, o sistema já estará pronto para gerar energia.