Silvia Tada
Ao inaugurar obras de urbanização dos córregos Cabaça e Segredo, em Campo Grande, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou críticas a seus antecessores. Segundo ele, a geração atual de gestores tem de “reparar 50 anos de desgovernos”, que permitiam ocupações ilegais de encostas de morros e margens de córregos, gerando problemas sociais de “monta”, inclusive com mortes. Também afirmou que garantiu mais dinheiro para Mato Grosso do Sul que os presidentes anteriores.
Lula chegou a Campo Grande no início da tarde, acompanhado dos ministros Márcio Fortes (Cidades), Paulo Sérgio Passos (Transportes) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Por volta das 16h, com uma hora de atraso, chegou à Vila Ieda, onde a cerimônia de inauguração aconteceu. Ovacionado pelo público, estimado em mil pessoas, o presidente inaugurou a obra do Córrego Cabaça. Foram assinados os convênios do Pró-Transportes e dada a ordem de início de obras do último trecho do anel viário da Capital.
“Há 50 anos, não havia esse número de favelas em cidades como São Paulo, onde vivem dois milhões de pessoas. Não se planejava o crescimento, não havia plano diretor para discutir corretamente os projetos. A geração atual está tentando consertar o que foi feito durante anos”, discursou o presidente. “Até eu chegar, era difícil conseguir R$ 1 para saneamento. A classe política tinha se acostumado a fazer ponte para colocar o nome de parente e isso não dá para fazer com manilha”.
Investimentos
Publicamente, Lula não anunciou novos investimentos para Campo Grande — há cerca de seis projetos prontos, que aguardam recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. “Daqui a pouco, o Nelson Trad (Filho) vai começar a me apresentar projetos para pegar mais dinheiro”, brincou. “Cada vez que ele vai lá, sai com um pacote de dinheiro e deixa um pacote de projetos”.
Em seu discurso, o prefeito Nelsinho Trad afirmou que Lula é “o maior presidente que o nosso País já viu”. “Todas as vezes que fui a Brasília, nunca deixei de ser atendido. Se o projeto é bom e a equipe aprova, vem dinheiro. Como a gente pode não reconhecer um governo que te estende a mão? Não tem como. Temos que elogiar, sim”.
Já o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, comparou os investimentos feitos entre os governos de Lula e Fernando Henrique Cardoso. “O governo anterior investiu em Mato Grosso do Sul de R$ 50 a 60 milhões por ano. A média do Governo Lula foi de R$ 250 milhões por ano, sendo que em 2010 devem ser aplicados R$ 530 milhões”, disse, ao comentar a conclusão do anel viário e as obras nas BRs 262, 267, 163, 463 e 060.
Mobilidade
Assinado na tarde de ontem, o convênio entre o Governo federal e o município garante a liberação de R$ 55 milhões para projetos de mobilidade urbana, com R$ 3 milhões de contrapartida. A estimativa da prefeitura é de que, após a aprovação dos projetos pela Caixa Econômica Federal e com a publicação dos editais de concorrência pública, em 50 dias será possível concluir os processos e iniciar as melhorias.
São seis projetos, no total: sinalização em boa parte da cidade, dez quilômetros de guard rail, semaforização (com a formação de central de controle), mil abrigos de ônibus, ciclovia entre os terminais Guaicurus e Morenão e pontes e passarelas sobre o Rio Anhanduí.