O aumento no número de casos de Covid-19 em Mato Grosso do Sul e, principalmente em Campo Grande, tem causado preocupação no prefeito Marcos Trad (PSD). Com cerca de 70% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados, prefeito pediu, nesta quarta-feira (24), colaboração da população no cumprimento dos decretos que visam a diminuição da contaminação pelo coronavírus, como uso de máscaras e o isolamento social, que vem sendo desrespeitados por muitos.
“O que levaria uma situação estável e equilibrada a trazer preocupação, a não ser a desobediência? Em tudo na vida a desobediência gera consequência, e aí não há como você plantar um pé de laranja e colher mamão”, disse o prefeito.
Trad comparou ainda a situação de Campo Grande com a de Dourados, município com maior número de casos e mortes por Covid-19 no Estado. Segundo o prefeito, Campo Grande tem 1.446 pessoas infectadas e oito mortes, enquanto Dourados tem 2.150 infectados e 14 óbitos.
“Por que essa comparação? Porque são duas maiores cidades do estado. Campo grande com quase 915 mil habitantes, Dourados 220 mil. Uma cidade que 915 mil, pela lógica dessa pandemia, ela deveria ter muito mais casos do que uma cidade menor ou uma cidade quase 5 vezes menor, mas é o inverso. Agora nada nos diz que Campo Grande amanhã não possa estar no lugar de Dourados e Dourados no amanhã pode estar no lugar de Campo Grande, porque a pandemia não acabou”, afirmou Trad.
Prefeito voltou a ressaltar a desobediência de grande parte da população, afirmando que além do desrespeito, muitos ironizam e zombam dos regramentos, e pediu respeito para que não sejam necessárias medidas mais duras.
“Eu não sou a favor do lockdown, acho que mais importante do que fechar tudo é a gente agir com respeito e com educação. Por mais que você entenda que a máscara não seja necessária, você tem que prevalecer o direito coletivo sobre o direito individual ,afinal de contas nós vivemos numa sociedade coletiva, você não vive sozinho dentro de campo grande”, disse.
O chefe do Executivo Municipal continuou exemplificando que Campo Grande tem 8 mortes desde o início da pandemia e que o desrespeito às medidas de biossegurança e isolamento podem colocar tudo a perder, não apenas por parte dos cidadãos, mas de empresários que não obedecem o toque de recolher, por exemplo.
Diariamente, diversos bares, lanchonetes e restaurantes são orientados a fechar as portas por estarem abertos além do horário permitido, o que motivou a prefeitura a estender o toque de recolher, passando de meia-noite para das 22h às 5h. Além disso, na segunda-feira, o Barolé, que promoveu evento de inauguração com grande aglomeração de pessoas, foi interditado pela Vigilância Sanitária.
“Não é só aquele comércio e bar que foi fechado não, são muitos iguais. Aquele foi a gota d'água, mas em todas as regiões, em todos os lugares, está tendo sim lanchonete, bar e restaurante desrespeitando os planos de biossegurança. Aí a gente vai fechar e começa todo mundo a lacrimejar, a chorar, a pedir nova chance. Acontece que depois que morre não tem uma nova chance para aqueles que morreram”, afirmou o prefeito, acrescentando que medidas mais duras serão tomadas a partir de sexta-feira.
Fiscalização será intensificada, com 100% das equipes da administração nas ruas verificando o cumprimento do toque de recolher. Quem estiver aberto além do horário permitido, de 22h, além de ser orientado a fechar, será notificado, e poderá ser multado e ter alvará de funcionamento cassado.
Por fim, Trad suplicou para que a população faça sua parte, enquanto a prefeitura faz a dela, caso contrário, não há como ter o achatamento da curva.
"Tudo que temos condições de fazer estamos fazendo: descontaminação, desinfecção, vigilância sanitária, horário de expediente intercalado entre o funcionalismo público, obrigatoriedade do uso das máscaras nas circulações e passeios públicos aberto ou fechado, obrigatoriedade do uso das máscaras no transporte coletivo, toque de recolher, barreiras sanitárias; tudo que é preventivo e de cautela nós estamos passando para Campo Grande. E nós aguardamos a sua colaboração, a sua parceria, não para dar dinheiro para ninguém, mas para salvar a sua própria vida. Se não querem contribuir, se não querem ajudar, se não querem ter comportamento em favor dos outros, não prejudica então, não incentiva", concluiu.