Maria Matheus
Os marqueteiros dos dois principais candidatos ao Governo do Estado entram em ação para esquentar a campanha eleitoral em Mato Grosso do Sul. Ontem, o publicitário paulistano Toni Cotrim chegou a Campo Grande para dar as diretrizes da campanha de José Orcírio Miranda dos Santos (PT). O jornalista e marqueteiro Chico Santa Rita desembarca na Capital esta semana, possivelmente quinta-feira. Ele pretende fechar os últimos detalhes da negociação com o governador André Puccinelli (PMDB), para assumir a coordenação de marketing.
Não será a primeira vez que os dois marqueteiros trabalham para candidatos rivais. Eles se enfrentaram no segundo turno das eleições presidenciais de 1989, quando Fernando Collor de Mello derrotou Luiz Inácio Lula da Silva. Chico Santa Rita dirigiu a campanha de Collor. Naquele ano, Cotrim participou da coordenação de comunicação da campanha de Lula, marcada pelo jingle “Lula Lá”.
Foi de Santa Rita a polêmica decisão de divulgar na propaganda de Collor, na última semana do horário eleitoral gratuito, o depoimento da ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, mãe de uma filha do petista. No vídeo, hoje disponível na internet, Miriam afirma que o então candidato terminou o namoro durante a gravidez e sugeriu aborto. Ela também dizia que o petista era racista e não gostava de negros. “O que acontece é que a vida de um homem público é pública. Se o homem público não quer que as coisas venham à tona, ele que não cometa coisas erradas”, defende Santa Rita.
Para o marqueteiro, resgatar fatos pessoais do passado do candidato adversário continua sendo uma fórmula que pode dar certo, desde que sejam verdadeiros. “É uma questão de oportunidade, de existir o fato real e de ele poder ser usado”, disse.
Experiência
Os marqueteiros dos dois principais candidatos ao Governo de Mato Grosso do Sul ostentam currículo de peso. Chico Santa Rita acumula mais de 30 anos de experiência em marketing político. Além de Collor, ajudou Orestes Quércia a se eleger governador de São Paulo, em 1986. Também foi responsável pelas estratégias de marketing do então candidato a presidente Ulysses Guimarães, no primeiro turno da eleição de 1989.
Fez, ainda, as campanhas em favor do presidencialismo no plebiscito sobre o sistema de governo em 1996 e pela liberação do comércio de armas e munições, no referendo de 2005.
Cotrim, por sua vez, além de trabalhar para Lula na disputa de 1989 e de 1998, coordenou a campanha de Luiza Erundina para a prefeitura de São Paulo, em 2004; Orestes Quércia para o Senado, em 2002, e para o governo de São Paulo, em 2006. Fez assessoria de comunicação para o presidente da Bolívia, Evo Morales, no referendo de 2008, quando os bolivianos decidiram mantê-lo no poder.
Dessa vez, o desafio de Cotrim será quebrar a hegemonia de Santa Rita em Mato Grosso do Sul, onde dirigiu sete campanhas, seis vitoriosas. Santa Rita traçou as estratégias que levaram Puccinelli à prefeitura em 1996, quando derrotou Orcírio por 411 votos. Também coordenou a campanha pela reeleição do peemedebista em 2000 e para o Governo em 2006. Santa Rita coordenou, ainda, duas campanhas de Nelsinho Trad (PMDB) para prefeito da Capital, uma de Braz Melo, para a prefeitura de Dourados (1996) e uma de Ricardo Bacha, derrotado por Orcírio no segundo turno, em 1998.
Cotrim deve permanecer no Estado até a eleição. Santa Rita prestará consultoria para a campanha de Puccinelli – deve vir a Mato Grosso do Sul duas a três vezes por mês. Ele também coordenará outra campanha, mas preferiu não informar o nome do candidato que o contratou. Além disso, terá de se preocupar com a sua própria eleição. Chico Santa Rita é candidato a deputado federal em São Paulo, pelo Partido Verde (PV).