Cidades

UTI LOTADA

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Médicos rejeitam linha de frente da Covid-19 e entram na mira da procuradoria

Ministério Público Federal quer profissionais de outras especialidades cobrindo plantão de intensivistas, que estão em falta

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Oncologistas, cirurgiões e até reumatologistas do Hospital Universitário de Dourados foram colocados na mira do Ministério Público Federal (MPF) pela direção da unidade. Os profissionais foram escalados para cobrir plantões em unidades de terapia intensiva (UTIs) exclusivas para pacientes com Covid-19 sem qualquer tipo de treinamento, segundo denúncias recebidas pelo Correio do Estado.

Por não terem noções dos parâmetros específicos que envolvem a lida com pacientes críticos, muitos se recusaram e acabaram como culpados pela inoperância de cinco leitos, que continuam parados pela falta de recursos humanos mesmo tendo recebido verbas do Ministério da Saúde.

O MPF chegou a pedir que o HU informe nome, CPF e matrícula de “todos os servidores e empregados públicos que eventualmente tenham dado causa ao descumprimento da recomendação” para ativação das unidades de atendimento.

No documento, ao qual o Correio do Estado teve acesso com exclusividade, o órgão de controle afirma que “documentos fornecidos pelo HU-UFGD contidos em processo administrativo indicam que diversos médicos vêm se recusando a integrar a escala médica da ala UTI Covid-19”, mas não especifica o motivo.

Contudo, em reunião com representantes do órgão de controle em junho, a direção se comprometeu a fornecer cursos de 15 dias antes de colocar profissionais de outras especialidades para atuarem nas alas intensivas.

Acionado, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) emitiu parecer favorável à categoria.

O ofício diz que o médico tem o direito de exercer a profissão em sua plenitude, “desde que se sinta apto e se responsabilize pelos atos praticados, segundo a lei e pareceres dos órgãos de classe”.  

Existe, ainda conforme o conselho, uma resolução recomendando que os médicos preferencialmente tenham título de especialista em medicina intensiva para atuar em UTI adulto, mas, diante do caráter específico da função, que “o médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e correção de seu trabalho”.

O CRM-MS disse estar solidário aos gestores que buscam alternativas para enfrentar a pandemia, mas acrescenta que “o bom senso deve imperar e a imposição ao médico que não se sente apto ao exercício de determinada função pode acarretar prejuízos irreparáveis”.

Segundo fontes ouvidas pela equipe de reportagem, mesmo diante do parecer do órgão que representa a categoria, os profissionais estão sendo coagidos a ocupar postos para os quais não são habilitados. Um profissional que pediu para não ser identificado disse que houve ameaças inclusive de acionar a Polícia Federal para prender quem se recusasse a fazer a escala ser cumprida.

Acionado pela equipe de reportagem, o HU não encaminhou retorno até o fechamento desta edição.

 

MÃO DE OBRA

Pela lei, cada médico intensivista só pode cuidar de até 10 leitos ao mesmo tempo. Cada conjunto desses recebe o nome de “ilha” no jargão técnico. Assim, como ninguém consegue trabalhar horas a fio, os profissionais especialistas se revezam nos turnos de plantões, já que um paciente crítico tem de ser monitorado 24 horas por dia.

Em abril, o Correio do Estado adiantou que não haveria médicos suficientes para dar conta de todos os novos leitos que foram abertos em decorrência da Covid-19.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), o Estado tem 103 intensivistas ativos, mais da metade (76) atua em Campo Grande. Dessa forma, seriam necessários profissionais de outros estados para cobrir a lacuna.

Sérgio Félix Pinto, presidente da Sociedade Sul-Mato-Grossense de Terapia Intensiva (Sosmati), disse à reportagem que havia notícias naquela época de que profissionais de outras especialidades, mas com algum conhecimento mínimo de medicina intensiva, seriam convocados para trabalhar nessas alas.

“Não é a situação ideal, mas estamos em um período beirando o caos. Por enquanto a situação está tranquila, mas sabemos da incerteza”, afirmou. Contudo, no caso de Dourados, os médicos que se recusaram a ir para a UTI não teriam essa noção.

Até o momento, todos os 10 leitos de UTI do hospital da UFGD estão lotados. Além dos cinco leitos já validados pelo governo federal, existem outros 10 inoperantes, que carecem de habilitação.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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