O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu nesta sexta-feira (23) discutir mudanças na reforma da Previdência. "Pode haver ajustes de cronograma e de negociação", disse ao responder pergunta da plateia durante evento na Amcham.
"Mas não adianta fazer uma reforma que cria necessidade de daqui a alguns anos se fazer outra", ressaltou.
Meirelles afirmou que o ponto crítico da negociação é a comissão especial e que a proposta revisada representa hoje um ganho fiscal de cerca de 75% da proposta original.
O ministro negou a possibilidade de redução da idade mínima para as mulheres para 60 anos.
No discurso feito por Meirelles durante o evento, a reforma da Previdência pareceu perder o protagonismo para a reforma trabalhista.
Falando muito sobre a importância da reforma trabalhista, ele disse que o texto vai passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e as perspectivas são positivas, independentemente dos resultados obtidos na Comissão de Assuntos Sociais, onde foi rejeitada.
A reforma trabalhista, disse, reduz custos e empodera o trabalhador ao estabelecer a primazia do negociado sobre o legislado.
Segundo Meirelles, com as reformas, o PIB potencial (a capacidade de a economia crescer sem pressionar a inflação) pode chegar a 3,5%. "O fato relevante é que as reformas continuam sendo discutidas."
CRISE POLÍTICA
Meirelles minimizou a "batalha política das manchetes" e lembrou que há todo um trabalho sendo feito, inclusive de mudanças microeconômicas.
Segundo ele, a situação vai ser resolvida e a crise política não deve permanecer por período muito prolongado. Há, afirmou, um rito judicial e um rito legislativo muito claros.
"O procurador tem que se pronunciar, o assunto vai ser votado pela Câmara dos Deputados, que aceita ou não." A expectativa do governo, afirmou, é que tenha votos suficientes e a Câmara não aceite o prosseguimento de eventual denúncia contra o presidente. Depois disso, a incerteza estará superada e os índices econômicos serão retomados.
DADOS ECONÔMICOS FAVORÁVEIS
Meirelles citou dados favoráveis da economia como a correlação positiva entre índices de confiança e o PIB da indústria da transformação e o volume constante de investimento direto no país. Além da queda da inflação e o aumento do poder de compra, descontada a inflação.
Segundo ele, a taxa de desemprego deve começar a cair do meio para o fim do terceiro trimestre do ano.
"Tudo mostra a capacidade de reação da economia brasileira", disse.
Ele voltou a dizer que a economia deve crescer a um ritmo de 2,7% no quarto trimestre contra igual período do ano passado, e 3,2% em relação ao terceiro trimestre imediatamente anterior.