Até a primeira quinzena de dezembro deste ano, Campo Grande registrou um aumento de 10,7% no volume de chuva em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com dados do Centro de Monitoramento de Tempo e Clima (Cemtec).
Porém, apesar de a média registrada ser superior, a chuva se deu de forma irregular e mal distribuída, o que resultou em um período considerável de estiagem ao longo do ano, como no intervalo de junho a setembro.
A pausa poderia ter sido utilizada em favor da infraestrutura da Capital, mas algumas obras essenciais para evitar enchentes não foram concluídas.
Alertas de enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra para a primeira semana de 2021, durante o verão, estão previstos nos modelos meteorológicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Com isso, a região da Via Parque, próximo ao shopping Campo Grande, deve ser novamente afetada por alagamentos. Em épocas chuvosas, os problemas sempre são os mesmos: queda de árvores, ruas transbordando e carros ilhados.
Desde 2018 a prefeitura da Capital tenta viabilizar uma obra para a construção de barragens nos córregos Prosa e Segredo, mas até agora a ideia não saiu do papel.
O secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, disse que essa é uma das obras mais esperadas.
Em outro projeto, a intenção é implantar uma bacia de retenção de águas pluviais que liga a Avenida Mato Grosso com a Rua Hiroshima, prevenindo assim os alagamentos causados na extensão.
“O projeto de engenharia da obra já foi finalizado e agora o andamento está no processo de licitação, que deve ser aberto em janeiro, mas a execução mesmo deve começar apenas em meados do fim do primeiro semestre do ano que vem.”, concluiu.
O risco de inundações é apontado pelo meteorologista Natálio Abrahão Filho e se concentra na região centro-sul de Mato Grosso do Sul, perímetro que engloba cidades como Ponta Porã, Maracaju e Rio Brilhante, mas também Campo Grande.
Nestes pontos, o calor e umidade vão favorecer a instabilidade de algumas áreas, podendo resultar em trovoadas, raios, rajadas de vento e chuva.
Ainda conforme o titular da Sisep, o prognóstico de verão trouxe preocupação, porque um anúncio de temporal nunca é bem-visto, mas afirmou que tudo que poderia ser feito pela cidade a prefeitura já executou, como é o caso de uma outra área que já gerou muita dor de cabeça.
“Na rotatória da Avenida Rachid Neder com a Ernesto Geisel, onde passa o Córrego Segredo, nós fizemos o desassoreamento de duas barragens próximas”, comenta.
Para conter os estragos da região, foi implantada uma bacia de retenção no Complexo José Tavares, localizado no Bairro Nova Lima. A bacia impede que a água pluvial se acumule no Córrego Segredo, fazendo-o transbordar.
A obra foi executada por uma parceria entre a Prefeitura de Campo Grande e o governo do Estado, por um valor estimado em R$ 18,1 milhões.
Também foi implantada outra bacia de contenção na Vila Nasser, com capacidade para reter até 10 mil metros cúbicos. A obra, que já foi entregue, previne os alagamentos no Bairro Popular.
TABELA DE RISCO
Um estudo elaborado por Natália Aude, 21 anos, acadêmica do curso de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), aponta o grau de risco de vários pontos da Capital em relação aos últimos estragos causados ou não pelas instabilidades climáticas.
De acordo com o levantamento, os córregos são classificados por uma faixa que varia de R2 para o risco médio até R4 para risco muito alto.
A nascente do Córrego Réveillon, uma subdivisão do Córrego Prosa, área onde está sendo prevista a próxima obra da Sisep, foi classificada como R2, ou seja, de risco médio, onde já foram apresentadas ocorrências significativas nos últimos 5 anos.
Já na região da Avenida Afonso Pena, próximo ao Shopping Campo Grande, a classificação muda para R3, risco alto, onde houve o registro de, pelo menos, uma ocorrência significativa nos últimos 5 anos e por se tratar de uma área urbanizada.
Mesma situação da área de risco muito alto, R4, da região da Avenida Rachid Neder, que recebe águas do Córrego Segredo e apresentou mais de uma ocorrência nos últimos 5 anos.
VERÃO 2021
O prognóstico para esse verão, feito pelo meteorologista Natálio Abrahão mostra que até o fim de janeiro os volumes de chuva não devem alcançar a média histórica para a estação em Mato Grosso do Sul.
Já em fevereiro, a estiagem desacelera e no extremo sul do Estado, na divisa com o Paraguai e no entorno da Serra do Amolar, pode ter volume de chuva alcançando a média padrão.
Com a estiagem, o profissional faz alerta às autoridades de Chapadão do Sul, Camapuã, Bandeirantes, Campo Grande, Sidrolândia, Maracaju, Ponta Porã, Bonito, Jardim, Porto Murtinho, Costa Rica e São Gabriel do Oeste, que podem ter problema na colheita da safra de verão.
Durando o mês de janeiro e parte de fevereiro, o índice de precipitação deve ficar abaixo dos 40% nas regiões sudoeste, centro e norte de Mato Grosso do Sul.
As únicas exceções são as regiões sudeste e oeste, onde as chuvas ainda têm chances de chegar a média anual esperada para a estação.
Também em fevereiro, os volumes ficam mais positivos na extensão que vai de Costa Rica e Chapadão do Sul até a região leste de Três Lagoas.
Em relação às temperaturas, em todo o Estado a média mínima fica em torno dos 22°C e 23°C, e a máxima, em 32°C.
Com algumas exceções, nas regiões leste, norte e oeste de Mato Grosso do Sul, o calor se intensifica, podendo ultrapassar a média máxima e chegando aos 36°C.
Já no extremo sul, as regiões sudeste, sul e sudoeste devem ter mínimas entre 19°C e 21°C e as máximas variando de 31°C a 33°C.
Especificamente em Campo Grande a média mínima fica entre os 19°C e 22°C e a máxima entre os 30°C e 32°C, acompanhando o ritmo de calor que permanece durante todo o verão.