Mesmo após a troca de aproximadamente 80 mil lâmpadas de vapor de sódio por luminárias de Led em sete regiões de Campo Grande, alguns lugares da cidade padecem com a falta de energia elétrica em vias públicas.
É o caso de parte da Avenida Manoel da Costa Lima e do Parque Olímpico Ayrton Senna.
Ao todo, foram empenhados R$ 5,4 milhões na implementação das novas lâmpadas. A expectativa é de que até o fim deste ano mais de 30 mil lâmpadas de vapor de sódio sejam substituídas por luminárias de Led.
Em tese, com a troca, a cidade conseguiria reduzir o consumo de energia elétrica e ampliar a cobertura de iluminação pública, uma vez que as lâmpadas de vapor de sódio possuem um prazo curto de funcionamento, que varia de 15 a 30 mil horas, sendo necessária a substituição após quatro anos.
Um período curto quando comparado com as luminárias de Led, que podem durar até 50 mil horas, ou o equivalente a 12 anos de vida útil.
De acordo o gerente de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Eilonei Souza, com a implementação das lâmpadas de Led e, consequentemente, com a contenção do valor gasto em energia, a secretaria pretende expandir os serviços em toda a Capital até 2024.
“Conseguimos reduzir em mais de 20% o consumo”, afirma o gerente. Entretanto, o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, revela que ainda é cedo para falar em economia, pois, apesar da redução, também houve aumentos.
Apesar da perspectiva otimista, o trabalho parece se multiplicar e está longe de ser concluído, uma vez que problemas técnicos e roubos dos fios de cobre, utilizados na iluminação pública, estão cada vez mais frequentes e impedem que as vias continuem iluminadas.
MANOEL DA COSTA LIMA
No trecho da Avenida Manoel da Costa Lima, no Bairro Vila Piratininga, próximo à Praça Dias Magalhães, comerciantes relataram a ausência de luz em seis postes em um raio de três quarteirões e acrescentaram que, até a semana passada, mais de dez estavam inoperantes.
Onesimo Andrade do Carmo, 53 anos, proprietário de sacolão de frutas da região, revelou que já entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para resolver a situação, mas que até o momento não foi atendido.
“Eu pedi para a prefeitura há mais de dez dias, eles falaram que viriam resolver e até hoje não vieram. Era para ser uns 15 postes, mas alguns voltaram e ficaram seis ainda sem luz. Há vários comerciantes que estão reclamando, é uma escuridão danada. Fica muito perigoso e isso prejudica o meu comércio”, disse.
Paulo Henrique Leguizamon Teixeira, 36 anos e funcionário da lanchonete Barbosa’s Burguer, ressaltou que aos sábados, dia de maior movimento no local, a unidade recebe luz por meio das barracas instaladas na feira, na Praça Dias Magalhães.
“Aqui na nossa região à noite está sendo bem difícil, por causa dessa escuridão. No fim de semana tem o pessoal da feira, as barracas iluminam bem aqui, é o que salva. Está complicado para a gente, está bem escuro. São uns seis postes sem luz aqui perto”, afirmou Teixeira.
Segundo ele, o problema afeta a segurança tanto do estabelecimento quanto dos transeuntes, e o cenário é propício a assaltos, o que preocupa pais de alunos que precisam pegar ônibus na região.
O gerente de Iluminação Pública da Sisep, Eilonei Souza, destacou que o serviço de manutenção e implantação da iluminação pública é contínuo e que inúmeros fatores podem contribuir com panes e falta de energia. O gestor ressaltou que a maior causa do problema são os furtos dos fios.
“Em avenidas, são os furtos, e nas ruas são os problemas nos equipamentos. Tem também a implantação de telefonia, televisores a cabo, batidas de carros, arborização entre outros”, frisou.
Eilonei ressaltou que a cidade está em constante crescimento e que alguns postes ainda estão sem rede de baixa tensão, motivo pelo qual deve ser prevista e planejada a expansão do sistema de iluminação pública.
De acordo com a farmacêutica Larissa Borges, que trabalha na Droga 10, localizada ainda no trecho sem iluminação na Avenida Manoel da Costa Lima, a unidade sofre com a escuridão no local.
“A gente está sofrendo agora com a falta de iluminação da rua. Isso, querendo ou não, atrapalha, porque as pessoas têm medo de passar, às vezes evitam passar onde não tem luz. A única luz que a gente tem é a da própria farmácia”, declarou.
A gerente explicou que o motivo da ausência de luz nos postes, segundo a prefeitura, decorre de uma queda de energia. “Eles falaram que é normal e que logo iria voltar. Faz mais de uma semana que está assim. Acho que é problema nos postes mesmo” concluiu.
MAIS CASOS
No Parque Olímpico Ayrton Senna o cenário se repete com ainda mais frequência. Esta foi a quarta vez que os moradores se depararam com a ausência de luz nas dependências do parque.
A dona de um pet shop localizado nas proximidades do parque, que não quis ser identificada, salientou que a segunda vez que aconteceu o problema foi no dia 11 de abril.
Na época, ela solicitou em um grupo no Instagram que divulgassem a situação. A comerciante registrou a terceira ocorrência poucos dias após a segunda tentativa, no dia 25 de abril.
“Essa falta de energia no parque já vem se repetindo inúmeras vezes desde abril. Já teve caso de gente tentando roubar os fios de cobre lá dentro. Isso é realmente frequente. Essa falta de energia no parque dificulta a caminhada na rua. A gente não se sente seguro. Às vezes, reduz o número de pessoas na rua e realmente fica perigoso circular depois que escurece”, pontuou.
Mãe e frequentadora do parque, Isabella da Silva Nolasco, 25 anos, disse que inúmeras mães reclamam da falta de luz na unidade esportiva e acrescenta que deixou de ir ao local depois das 17h.
“A situação está bem crítica, porque dá umas 17h e já está escuro, tive que trocar o horário. As crianças chegam da escola e querem ir ao parque brincar e não podem, porque está um breu. O máximo que fica iluminado é a quadra, mas lá não pode, porque é onde são feitas as atividades”, declarou.
Isabella destaca que esta não foi a primeira vez que ela precisou abandonar atividades esportistas no parque por ausência de luz. E revelou ainda que a diferença desta vez foi a iluminação na quadra.
O coordenador do parque, Hernani Tomás, relatou que o problema no local é consequência do roubo de fios, que é recorrente e foi a causa da morte de um homem de cerca de 40 anos, não identificado. A ocorrência aconteceu entre os dias 13 e 14 de abril de 2021, quando o homem tentava furtar os fios da caixa central de distribuição de energia do parque.
Além disso, Hernani ressalta que houve uma explosão, na terça-feira (28), na parte externa do parque, o que colaborou com a ausência de luz nos postes.
“Roubaram, um tempo atrás, fios de cabeamento do parque e, de uns tempos para cá, estão restabelecendo toda a iluminação da pista de caminhada e demais áreas. Foi restabelecida da parte interna, como cautela paliativa, para que o parque pudesse funcionar a parte polidesportiva, porque esse cabeamento não é barato”, frisou Hernani.
A Guarda Civil Metropolitana (GCM) afirmou que depois da instalação da base no parque, em 21 de setembro de 2021, não houve registro de furtos no local.
O coordenador confirmou que a energia no local foi reestabelecida completamente às 19h de ontem (30).
Após reportagem, o gerente de iluminação pública da Sisep, Eilonei Souza, reafirmou que foram reformados todos os transformadores subterrâneos no Parque Olímpico Ayrton Senna.
"Também foi substituído os cabos furtados e as lâmpadas queimadas. Além da religação das seis torres da pista de atletismo. Infelizmente sempre temos casos de furtos, mas de qualquer maneira, agora vai dificultar um pouco a ação dessas pessoas. O Parque ficou 30 dias sem energia porque tivemos que importar umas peças do estado de São Paulo", pontuou.
Sobre a avenida Manoel da Costa Lima, o gerente ressaltou que houve um curto-circuito em um dos postes. De acordo com Eilonei, o problema será resolvido ainda nesta sexta-feira (1º).
TROCAS DE LÂMPADAS
A troca de lâmpadas de vapor de sódio por de Led foi feita por meio de processo licitatório, em outubro de 2021.
Os contratos foram divididos, sendo o primeiro orçado em R$ 2,7 milhões, correspondente à zona norte – regiões Centro, Imbirussu, Prosa e Segredo. O segundo, avaliado também em R$ 2,7 milhões, era referente à revitalização das regiões do Anhanduizinho, Bandeira e Lagoa, zona sul da Capital. A empresa ganhadora foi a Construtora B&C Ltda.
A aquisição das 30 mil luminárias de Led ainda será licitada, mas Eilonei reforçou que a mão de obra já foi escolhida e será feita pelas empresas JLC Engenharia e BeC Engenharia.
SAIBA
Conforme estudo divulgado pela Sisep em 2017, a troca das lâmpadas de vapor de sódio por luminárias de Led pode reduzir o gasto público no setor em 42%. De R$ 28,86, o valor cai para R$ 16,53 por lâmpada. A manutenção também é reduzida em 65,97%, de R$ 14,05 para R$ 4,78.
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