Cidades

ONDA DE INDIGNAÇÃO

Moradores de 28 cidades do PR pedem salários menores para vereadores

Há cidade do Paraná em que a Câmara propôs espontaneamente a mudança

FOLHAPRESS

30/08/2015 - 23h00
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Numa das cidades, tudo começou com um padre. No município vizinho, os gritos indignados de uma comerciante inflamaram a população. Assim surgiram os protestos que levaram duas cidades do Paraná a baixarem os salários dos vereadores.

A partir dessas ações, grupos de pessoas se mobilizaram também em cidades paulistas próximas à divisa com o Paraná. Os movimentos são espontâneos. Sem vínculo entre si, geralmente começam nas redes sociais ou com um abaixo-assinado.

No Paraná, pelo menos 28 municípios já têm seus movimentos. Em São Paulo, há ações em Avaré, Ourinhos e Botucatu.

A pioneira é Santo Antônio da Platina (PR), cidade de 45 mil habitantes. Os políticos queriam dobrar seus salários para R$ 7.500. Uma comerciante bateu boca com eles, foi filmada e virou hit na internet.

Na sessão seguinte, centenas foram à Câmara, usando nariz de palhaço. Pressionados, os vereadores aprovaram novo projeto: o salário caiu para R$ 970.

"Os valores hoje são desproporcionais", defende o advogado Felipe Ambrósio, 25. Ele vive em Jacarezinho, cidade de 31 mil eleitores onde os nove vereadores recebiam R$ 6.200 e fazem uma sessão por semana.

Eles queriam ampliar as cadeiras da Câmara para 13. Houve protestos, mas um dos vereadores ironizou e disse que a crítica vinha de "gatos pingados". Surgiu aí uma marca registrada nos atos: os moradores adotaram a alcunha e "miaram" em frente à Câmara por duas sessões.

Resultado: conseguiram a redução dos salários em 30%, mas querem redução ainda maior.

Do lado dos vereadores, há reclamações. "Eu não acho justo. Tem que valorizar o trabalho do vereador", diz Jozé Isaías Gomes (PT). Para ele, o movimento deixou de ser pacífico. "Democracia é acompanhar a sessão com respeito, e não xingar vereador."

O presidente da Câmara de Jacarezinho deixou uma das sessões sob escolta policial. "O que fazemos é fruto de consciência política", responde Ambrósio.

"FENÔMENO FANTÁSTICO"

O sociólogo Rudá Ricci acha o fenômeno "fantástico". "Começa a se esboçar a noção de que a casa legislativa tem como dono o cidadão", afirma. "O político representa o povo. Se ele tem um salário de milhares de reais, há uma distorção; vira uma festa."

Em Mauá da Serra, foi um padre que afirmou, numa missa, que os representantes do Legislativo ganhavam muito. Vereadores pediram sua saída. Mas após pressão dos moradores, voltaram atrás e fixaram os salários em R$ 820 (o projeto ainda será votado).

Mesmo sem protestos, há cidade do Paraná em que a Câmara propôs espontaneamente a mudança ­é o caso de Cambira (R$ 970) e Ribeirão do Pinhal (R$ 900).

"Tem que tomar cuidado para não virar demagogia", diz o vereador Paulo Salamuni (PV), de Curitiba, onde há protesto marcado para diminuir em 90% os subsídios.

O cientista político Emerson Cervi, da UFPR, pondera que baixar excessivamente a remuneração pode criar uma Câmara "elitista", formada apenas por quem não depende do salário de vereador.

Para ele, reduzir o subsídio para melhorar a qualidade do Legislativo é "irreal". "É preciso cortar penduricalhos, rever o percentual dos repasses à Câmara."

Ricci, por sua vez, acredita que este "é um começo". "Depois passa-se às diárias, aos cargos comissionados, e ao salário do deputado, do senador e do presidente."

PROVA

ENEM 2025: exatas assombram treineiros no 2° dia de provas

O último dia do ENEM reservou Matemática e Ciências da Natureza para os estudantes

16/11/2025 15h53

Estudantes começaram a sair da prova a partir das 14h30 (horário de MS)

Estudantes começaram a sair da prova a partir das 14h30 (horário de MS) Foto: Marcelo Victor

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No segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), os treineiros saíram das salas com a sensação de ter sido difícil. A combinação de Matemática e Ciências da Natureza, tradicionalmente mais densa, pareceu ainda mais desafiadora neste ano. 

Para quem encara a prova apenas como experiência, como é o caso da Manoela Monteiro, de apenas 15 anos, o impacto foi ainda maior, afinal, ela ainda está no 1° ano do ensino médio e não possui a bagagem completa dos conteúdos.

"Foi um pouco complicada a prova, mas eu usei muito das fórmulas que normalmente uso, em Física, em Matemática, então foi muito mais prático para eu conseguir desenvolver bem as questões".

Estudantes começaram a sair da prova a partir das 14h30 (horário de MS)Manoela Monteiro teve sua primeira experiência com o ENEM / Foto: Marcelo Victor

Apesar de ter achado o exame "um pouco comprido", ela diz que conseguiu completar todas as questões. Acredita que nas próximas edições, com mais desenvolvimento, terá um desempenho ainda melhor. Além disso, acredita que foi melhor no primeiro dia.

"Eu acho que fui muito bem semana passada. Sou muito boa em humanas e linguagens, mas eu foquei muito também na redação".

Para Márcia Jaine, outra jovem de 15 anos que está no 1° ano do ensino médio, a experiência geral não foi boa. Questionada se pretende focar mais nas áreas de matemática e ciências da natureza para conseguir um boa nota no Enem nos próximos anos, a jovem foi sincera.

"Eu acho que não, acho que vou ficar fazendo linguagem mesmo e olha que eu nem gosto de português".

As questões de Matemática exigiram atenção redobrada, misturando raciocínio lógico com aplicações diretas no cotidiano, enquanto Ciências da Natureza trouxe longos enunciados que testaram tanto o conhecimento quanto a paciência dos estuantes.

Ainda assim, apesar da dificuldade, muitos aproveitaram o momento como um aprendizado valioso. O segundo dia do ENEM serviu como um alerta e também como motivação para continuar estudando, conhecendo melhor a prova e, quem sabe, voltar no ano seguinte mais preparados e confiantes.

Segundo dia

Os participantes doExame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 deram início, às 13h30 (horário de Brasília) deste domingo, 16 de novembro, à realização das provas de ciências da natureza e suas tecnologias e de matemática e suas tecnologias. 

Ao todo, serão cinco horas de aplicação regular, com encerramento às 18h30.Os participantes com solicitação de tempo adicional aprovada terão direito a 60 minutos extras em cada dia de aplicação das provas. No caso de solicitação aprovada para o recurso de videoprova em Língua Brasileira de Sinais (Libras), o acréscimo será de 120 minutos. 

A saída dos participantes foi autorizada a partir das 15h30, sem a prova. Já aqueles que quiserem levar consigo o caderno de questões poderão deixar o local de prova a partir das 18h, 30 minutos antes do final da aplicação regular. 

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CONFLITO

Indígena é morto durante confronto com pistoleiros no interior

Cerca de 20 homens armados cercaram a aldeia Pyelito Kue durante a madrugada

16/11/2025 14h06

De acordo com o Cimi, há ao menos outros três feridos, sendo dois adolescentes

De acordo com o Cimi, há ao menos outros três feridos, sendo dois adolescentes Reprodução / Redes Sociais

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Na madrugada deste domingo (16), Vicente Fernandes, de 36 anos, umas das lideranças indígenas do povo Kaiowá e Guarani, foi assassinado com um tiro na nuca, durante confronto contra um grupo de 20 pistoleiros à retomada de Pyelito Kue, na Terra Indígena Iguatemipeguá I, em Iguatemi (MS).

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, há ao menos outros três feridos, sendo dois adolescentes, com perfurações e marcas de tiros nos braços e no abdômen. 

O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania informou ao Cimi que a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) já está no local. Os Kaiowá e Guarani relataram que os agentes federais entraram pela fazenda, o que levanta suspeitas de que os pistoleiros tenham inviabilizado o acesso aos indígenas.

“Os pistoleiros tomaram a ponte e fizeram um cerco. Estamos cercados. Estão atirando. Seguiram atirando até aqui na aldeia, fora da retomada, nas nossas casas. Estamos cercados. Sem chance de defesa”, diz uma indígena Kaiowá e Guarani ouvida enquanto o ataque ocorria e não identificada por razão de segurança.

No começo do último mês de outubro, os Kaiowá e Guarani haviam retomado uma área da Fazenda Cachoeira, sobreposta à TI e contígua à aldeia de Pyelito Kue, que desde 2015 ocupa 100 hectares da Fazenda Cambará – também sobreposta à TI delimitada com 41,5 mil hectares, em 2013.

No início do mês, a aldeia de Pyelito Kue já havia sido alvo de ataque dos pistoleiros. De acordo com os indígenas, os ataques foram realizados pelos mesmos homens ligados as fazendas citadas.

Os ataques ocorreram menos de 24 horas depois da publicação da portaria que instala o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) interministerial para tratar, em um prazo de 180 dias, das demarcações no cone sul do Mato Grosso do Sul. 

Nota do Ministério dos Povos Indígenas 

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifesta profundo pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS), após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores. A equipe do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) do MPI, juntamente com a Funai, atua na situação, acionou os órgãos de Segurança Pública responsáveis e acompanha as ações dos órgãos do Governo Federal.

É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios. A morte de mais um indígena Guarani Kaiowá acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e visualiza a importância dos povos indígenas para a mitigação climática debatida na COP30, infelizmente evidenciando que não existe trégua na perseguição aos corpos dos defensores do clima.

O MPI se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarai Kaiowá.

Nota da Sejusp

A Sejusp esclarece que as Forças de Segurança do Estado deram apoio às forças federais no ocorrido neste domingo (16) no município de Iguatemi, que resultou na morte de um indígena e de um funcionário de uma propriedade rural na região. Outras duas pessoas estão hospitalizadas. Um indígena suspeito de ser o autor do crime, que também foi ferido, já foi detido e encaminhado pela Polícia Militar à policia federal. Por decisão judicial, a PM não fazia a segurança ostensiva na área.

 

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