O Vaticano acusou hoje o mordomo Paolo Gabriele, que é suspeito de vazar informações confidenciais sobre o papa Bento 16, de roubar um cheque de 100 mil (R$ 240 mil) e uma pepita de ouro que foram entregues de presente ao pontífice.
De acordo com o relatório final da investigação, Gabriele ainda teria subtraído uma edição da "Eneida" -obra clássica do grego Homero- de 1581. O mordomo foi detido em 23 de maio e cumpre prisão domiciliar no Vaticano pelas acusações de roubo e divulgação de informações confidenciais.
Mais cedo, o Tribunal de Estado do Vaticano informou que julgará Gabriele e o funcionário da Secretaria do Vaticano da área de tecnologia da informação, Claudio Sciarpelleti, 48, que será processado por colaboração e favorecimento no roubo.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, informou que a Igreja continuará as investigações para descobrir outros envolvidos no escândalo. A Santa Sé informou que os dois serão submetidos a júri popular, ainda sem data marcada.
O vazamento de informações deu origem a um livro e provocou um escândalo na Igreja Católica. Entre os papeis extraviados, estão mensagens e e-mails confidenciais, alguns dirigidos a Bento 16, que foram enviados para fora do Vaticano.
O mordomo pode ser condenado de um a seis anos de prisão, mas pode receber a absolvição por perdão do papa.
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A imagem do Vaticano foi fortemente afetada pelo vazamento de dezenas de documentos internos, entre eles diversas cartas particulares dirigidas ao papa e a seu secretário, o que provocou uma das maiores crises do papado de Bento 16, já que colocou em questão inclusive a sua liderança como guia da Igreja.
Segundo a imprensa italiana, Gabriele não agiu sozinho e a operação tem como objetivo desacreditar um setor do episcopado italiano com ambições de chegar ao trono de Pedro na próxima eleição de pontífice.
As informações foram incluídas em um livro, que foi publicado uma semana antes da prisão. A publicação contém um número sem precedentes de documentos confidenciais sobre numerosos debates internos do Vaticano, como a situação fiscal da Igreja ou os escândalos de pedofilia dentro do movimento dos Legionários de Cristo.
Estes documentos revelam as disputas e rancores que existem entre diversos cardeais e autoridades, que acusam uns aos outros e depois recorrem ao papa para dirimir os conflitos.