Motivados em resgatar bandeira nacional, milhares de pessoas se reuniram em defesa da democracia. O evento, iniciado às 17h, na Praça do Rádio Clube, na Avenida Afonso Pena, região central de Campo Grande, foi inflado pelos atos golpistas de invasão aos Três Poderes, na sede do Governo, ocorrido neste domingo (8).
“A bandeira do Brasil pertence ao brasileiro. Pertence a classe trabalhadora que hasteou ela, conseguimos conquistar ela com muita luta e muita garra. A gente usou ela na ditadura, período em que fomos tão reprimidos em 1964. Resistimos até 1985, promulgamos a Constituição em 1988, nos recuperamos de toda a perturbação passada com nossa bandeira, disse o estudante, Paulo Felipe (16).
Apoiador do presidente eleito, Fábio Trad (PSD), disse ao Correio do Estado que o momento é de ser incisivo e de tomar partido. “É um momento que todos têm de ter uma posição sobre ontem. Ou se condena, ou se está ao lado. Sair pela tangente é ser cúmplice de crime político”, destacou o deputado federal.
Cabe destacar que Fábio obteve expressiva votação, entretanto, não conseguiu se eleger e segue o mandato até o fim deste mês. “Estamos ao lado da eleição democrática e queremos que haja responsabilização civil, política e institucional, não só dos que estavam, mas dos que fomentam financeiramente e politicamente o facismo no Brasil. Iremos requerer a responsabilização de todos”, finalizou.
Naturais de Dois Irmãos de Buriti, os irmãos Arnold e Andiara Fernandes chegaram no domingo (8) à capital. Indígenas de etnia Terena, ambos residem na Aldeia Buriti, localizada no município do interior.
“Essa luta é muito importante para o nosso povo, estamos reafirmando a defesa da democracia”, destacou Arnold, de 16 anos. “O momento é importante para proteger terras florestas e acabar com a mineração em terras indígenas”, frisou a irmã, Andiara Fernandes.
Para Aline Matos* a bandeira do país foi elitizada nos últimos anos, entretanto, segundo ela, este é o momento de retomada do símbolo nacional por parte de todos.
“A bandeira é nosso simbolo nacional, e nao pode ser de terrorismo e cerceamento que representa todos e nao só um grupo elitizado e que está tudo bem. Estamos aqui em protesto à barbárie de ontem e que as pessoas sejam punidas”.
A concentração do manifestantes durou de cerca de 1h e, depois, eles percorreram a 14 de julho, voltando para a Praça do Rádio em seguida. Organizadore estimam que três mil pessoas estavam presentes.
* a manifestante citada não quis ser identificada