O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu inquérito civil para apurar a falta dos medicamentos que compõem o chamado “kit entubação” em Campo Grande.
Foram intimados a prestar esclarecimentos José Mauro de Castro Filho e Geraldo Resende, secretários municipal e de estado de Saúde, respectivamente. A 76ª Promotoria de Justiça também intimou as diretorias da Santa Casa de Misericórdia e do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS).
O inquérito civil deriva um procedimento intitulado notícia de fato, que se originou de um comunicado da Sociedade de Anestesiologia, Reanimação e Dor do Estado (Saems).
O MP marcou para amanhã, quarta-feira (2), reunião entre as duas secretarias, os diretores dos hospitais e outras pessoas interessadas para discutir o assunto.
Desde o início do mês de agosto, a falta dos medicamentos já preocupava hospitais da Capital, como noticiou o Correio do Estado na época.
No fim do mês, a Santa Casa suspendeu as cirurgias e restringiu do atendimento no pronto-socorro aos casos de urgência e emergência quando o kit entubação passou a estar em falta.
O hospital enfrenta dificuldades em manter os estoques adequados de materiais e medicamentos, “estando esses em níveis críticos”, informou por meio de nota.
O consumo dos estoques aumentou nos últimos meses, desde que a instituição passou a atuar como hospital retaguarda para pacientes com suspeita ou diagnosticados com a Covid-19.
No caso do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a diretora-geral, Rosana Leite, informou que a entrega desses medicamentos tem sido feita quase que semanalmente, porque a empresa com a qual o contrato foi fechado não consegue entregar todos os remédios de uma vez só.
“Nós percebemos que o paciente de Covid-19 utiliza muito mais essa medicação por ser mais difícil de fazer a entubação. Pacientes que não são de Covid-19 usam menos. E eles também ficam mais tempo internados em leitos de UTI. A média de pacientes graves de casos que não são Covid-19 é de 7 a 10 dias, mas os de Covid são de 10 a 15 dias”, explicou.
Além da rede pública, os hospitais particulares também enfrentaram o mesmo problema. No El Kadri, que atende tanto pacientes pelo Sistema Único de Saúde quanto por convênio, os estoques conseguiram se regularizar recentemente.