A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou o incremento de mais 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com a finalidade de atender de pacientes com dengue ou com o novo coronavírus. Com isso, vai para 124 o número de leitos destinado para o tratamento das duas doenças.
De acordo com o titular da SES, Geraldo Resende, os leitos são para os Hospitais Regionais de Ponta Porã e de Nova Andradina. O primeiro gerido por uma Organização Social e o segundo pela prefeitura do município. “Vamos disponibilizar leitos para a dengue e se tiver coronavírus, se chegar forte, também ter retaguarda. Mas é principalmente para a dengue neste momento”, declarou o secretário.
“Queremos habilitar outros dez leitos em Nova Andradina e a mesma quantidade em Ponta Porã, todos de UTI, para poder receber recursos do Ministério da Saúde e fortalecer a microrregião. Ainda tem situações a serem resolvidas para estas duas ampliações no interior”, completou Resende.
Na quinta-feira a secretaria já havia concedido uma entrevista coletiva para informar as medidas de prevenção que seriam tomadas em relação ao Covid-19, devido a estimativa de que, nos próximos 20 dias, há previsão de aumento considerável no número de pessoas infectadas no Estado. A esta manhã, nenhum caso foi confirmado em Mato Grosso do Sul.
No evento, as secretarias de Saúde Estadual e de Campo Grande firmaram parceria para a ativação de 104 novos leitos em Campo Grande, como forma de ação preventiva de enfrentamento ao vírus do novo coronavírus e também da dengue.
Resende afirmou que o Estado decidiu se antecipar a chegada do vírus. “Estamos tomando medidas preventivas visando o atendimento ágil e eficiente à população”, declarou, durante a coletiva.
Entre as medidas divulgadas na quinta-feira está a reativação e custeio, pelo Estado e município, de 70 leitos no Hospital do Pênfigo, sendo 60 de enfermaria e 10 de UTI. Estes leitos serão usados para internação clínica de casos de dengue e para casos de coronavírus que venham a necessitar de isolamento. No Hospital Regional serão ativados mais 34 leitos, sendo 25 semi-intensivo e nove de UTI.
A parceria prevê que o Governo do Estado realoque, de forma emergencial, servidores de saúde para atendimento no Regional, enquanto a Prefeitura fornecerá recursos humanos para possibilitar o funcionamento dos leitos.
Ainda segundo Resende, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) garantiu o aporte de recursos para a locação de equipamentos destinados à implantação dos leitos e para a contratação de pessoal.
Apesar de Mato Grosso do Sul ainda não ter nenhum caso confirmado de novo coronavírus, o Estado vive uma epidemia de dengue. Segundo o último boletim epidemiológico divulgado na quarta-feira, 18 pessoas já morrem no Estado por conta desta doença e 29.793 pessoas foram notificadas com dengue.
Em todo o Brasil, no caso do novo coronavírus, já foram confirmados 77 casos, sendo a maioria em São Paulo e Rio de Janeiro.
UNIDADE DO TRAUMA
Além desses 20 leitos de UTI no interior, o Ministério da Saúde publicou nesta sexta-feira (13), no Diário Oficial da União, a habilitação de 10 leitos de UTI adulto na Santa Casa de Campo Grande. Eles funcionarão na Unidade do Trauma, mas ainda não se sabe se também serão destinados para a dengue e o Covid-19.
“Com habilitação dos dez leitos de UTI no Hospital do Trauma, que saiu hoje, é uma conquista e vai injetar mais de R$ 2 milhões (R$ 2.628.000,00). Só faltava esses dez leitos”, declarou o secretário.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do hospital para saber se a unidade destinará esses leitos para as epidemias, mas até o fechamento desta matéria ainda não havia resposta.
ESCASSEZ DE ENFERMEIROS
Em meio a epidemia de dengue e por conta da possível chegada do coronavírus no Estado, o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren-MS) emitiu uma nota demonstrando sua preocupação pela, segundo o órgão, escassez de profissionais da enfermagem nos principais hospitais de Mato Grosso do Sul.
“Manifestamos nossa preocupação com provável falta de profissionais da Enfermagem no estado para assistir pacientes infectados pela doença. É evidente o deficit de enfermeiros e técnicos de enfermagem nos dois principais hospitais da rede pública de Saúde: o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, oficializado referência no tratamento do Covid-19, e o Hospital da Vida de Dourados”, diz trecho da publicação.
Segundo o Conselho, os hospitais foram notificados oficialmente pela entidade sobre a falta de profissionais e uma ação civil pública também foi ajuizada. “Somente no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o déficit calculado por nós é de 454 enfermeiros e técnicos de enfermagem. No Hospital da Vida, atualmente faltam 24 enfermeiros – número menor, porém não menos preocupante, considerando a demanda existente. Ressaltamos que os cálculos realizados são feitos por profissionais capacitados e têm embasamento científico”, declarou o Coren-MS.